
Desde sua graduação, Clarissa Okino sonhava em aplicar o seu conhecimento e criar novos produtos. Formada em Engenharia Agronômica pela USP, em 2008, ela percebeu na Unesp uma oportunidade de especialização, durante seu mestrado e doutorado em Ciência Biológicas, entre 2012 e 2017, ela pesquisou sobre bioinsumos, que são alternativas mais sustentáveis perante aos agrotóxicos e fertilizantes químicos. A virada de chave para colocar a teoria em prática foi seu pós-doutorado em Engenharia Química pela Unesp, que a auxiliou a criar a Ikove Agro em 2022.
A Ikove Agro é uma “Spin-off” da Unesp, porque foi fruto da pesquisa de doutorado de Clarissa e da co-fundadora Débora Prado, também egressa da universidade. A empresa atua como uma laboratório de desenvolvimento de biofertilizantes, bioestimulantes e biodefensivos. A produção é feita em escala piloto e depois os produtos podem ser fabricados à nível industrial por outras companhias.
Além disso, a Ikove Agro trabalha com pesquisas junto a instituições de ensino superior, como a Ufscar, e possui uma patente com a Unesp de propriedade intelectual. Clarissa explica que um projeto de pesquisa para desenvolvimento de um novo produto pode ser feito em conjunto com outros pesquisadores, o que contribui para o avanço da Ciência e Inovação.
Bioinsumos unem ecologia, saúde e economia
A pesquisadora destaca que os bioinsumos são uma opção segura para o meio ambiente e para a saúde humana e ainda podem baratear processos agrícolas e solucionar problemas específicos do Brasil.
“Nosso país é um grande produtor, mas importa a maior parte de seus fertilizantes e defensivos químicos de outros países. Os produtos biológicos estão mudam esse cenário e por serem produzidos aqui são adaptados ao nosso clima. Por isso, os bioinsumos entregam resultado e geram economia para os produtores”, ressalta Clarissa.
A agrônoma explica que o funcionamento dos bioinsumos se baseiam na interação entre as plantações e os micro-organismos, assim a Bioquímica é uma aliada para entender esses processos. “Se uma planta está sendo atacada por um agente orgânico, ela vai ter uma resposta química a isso. Então, as pesquisas se debruçam para entender qual micro-organismo que tem esse potencial de combater o que está prejudicando esse vegetal”, explica
O mesmo raciocínio se aplica para fertilização, são buscados micro-organismos que possam contribuir para determinada plantação e agir como biofertilizantes. A pesquisadora conta que no Brasil, os bioinsumos já participam em grande escala das produções agrícolas, o que torna o mercado promissor.
Relação com a Unesp
“A minha pós-graduação em Bioquímica me auxiliou, porque me credencia a desenvolver produtos biológicos para agricultura”, conta. A egressa afirma que após a sua formatura, começou a trabalhar em um laboratório de pesquisa e percebeu que não gostaria de ser uma profissional generalista e queria se especializar.
“No mestrado conheci a Profa. Dra. Luciana Fleuri que atua com Bioquímica, ela me orientou de uma maneira que consegui conciliar a Agronomia com a área dela. Outro ponto positivo da Unesp foi me auxiliar a desenvolver uma análise crítica sobre a minha pesquisa e pensar da aplicação dela não só para aquele momento, mas também para depois da formação”, ressalta Clarissa.