
Gabriel Scota ainda não sabia qual profissão iria seguir quando foi aprovado no curso de Eletrônica no Colégio Técnico Industrial - Prof. Isaac Portal Roldán (CTI - Unesp), em 2012, na unidade de Bauru. Sem saber, o jovem havia dado seu primeiro passo para uma carreira como programador. Devido a proximidade com a área estudada no CTI, optou pela graduação em Engenharia Elétrica no mesmo câmpus, mas foi através de um projeto de extensão que percebeu a sua vocação para a Programação. Hoje, o egresso está inserido no mercado de trabalho e atua na mesma área em que desenvolveu seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC).
“Estava no 9º ano quando decidi que tentaria entrar no CTI, por ser uma escola pública a questão financeira também pesou nesta decisão. Além disso, tinha uma prima que já cursava o colégio, então sempre ouvia falar muito bem. Após ser aprovado percebi que era uma instituição exigente com uma rotina de bastante dedicação. Afinal, o aluno cursa o Ensino Médio junto com o Ensino Técnico, são vários conteúdos ao mesmo tempo. Isso me fez aprender a ter disciplina”, conta Gabriel.
O unespiano conta que ainda estava no colégio quando teve seu primeiro contato com a Programação, ele aprendeu “Linguagem C++”. Outro contato no CTI foi através de uma disciplina ministrada no Laboratório de Automação Industrial, que simulava uma estação de fábrica em que um braço robô tinha que colocar peças no lugar correto. Os estudantes precisavam fazer todos os elementos funcionarem e utilizavam a Programação para isso.
Ao concluir o CTI, Gabriel estava em dúvida sobre qual seria o próximo passo em sua formação.
“Optei pelo curso de Engenharia Elétrica por já ter facilidade com eletrônica. No começo, algumas matérias como Lógica de Eletrônica Digital eu já tinha visto no CTI. Então considero que o colégio auxilia quem entra na faculdade, porque você adquire bases sólidas”, afirma.
Transição de Carreira
A mudança de chave que fez Gabriel perceber que não se tornaria um engenheiro eletricista, mas sim um engenheiro de software, foi quando ingressou no projeto de extensão “Canarinho Aerodesign” em 2020.
O egresso conta que escolheu entrar no projeto porque na pandemia estava desmotivado com a necessidade de fazer a graduação à distância. Assim, o Canarinho foi uma forma de tentar se motivar durante o período.
O projeto de extensão consiste em desenvolver um avião de controle remoto, para disputar competições universitárias com outros aeromodelos, como a competição “SAE Aerodesign”. Os estudantes desenvolvem o projeto aeronáutico, constroem o modelo e fazem testes.
No curso de Engenharia Elétrica, o egresso também teve contato com Programação em algumas disciplinas, mas o projeto de extensão lhe motivou a cursar a disciplina optativa “Visão Computacional", que atua com análise de imagens através da Programação.
“As competições variam, mas basicamente a gente tem que fazer o avião voar e detectar um QR Code no chão de 1m por 1m, a equipe precisa dar seu jeito de captar esse código e decodificar ele. No momento em que o aeromodelo pousa, temos que dar para a banca um cartão de memória com a mensagem que o QR Code armezana”, explica Gabriel.
A competição de 2020 acabou sofrendo adaptações devido à pandemia, mas mesmo com esses empecilhos, a equipe da Unesp de Bauru conseguiu um lugar no pódio do campeonato brasileiro, conquistando o 3º lugar.
“O Canarinho me fez querer continuar na Programação. Assim, ao escolher o meu TCC já sabia sobre qual área ele seria. Procurei um professor que me auxiliou e juntos fizemos um projeto sobre manutenção preditiva de transformadores, que consiste em monitorar o equipamento através de análise de imagem térmica e detectar problemas antes deles acontecerem”, afirma.
O egresso explica que devido aos transformadores de energia ficarem em postes na rua, estão sujeitos a chuva, poeira, vento e outros fatores que causam a degradação de peças. Isso leva a descargas irregulares de energia que podem gerar curtos-circuitos e causar incêndios. O seu TCC consistiu em fazer simulações para degradar peças e poder monitorá-las com uma câmera térmica.
“Devido a todas essas experiências, consegui ter uma bagagem em Programação suficiente para conseguir um emprego na área, apesar de ser formado em Engenharia Elétrica”, ressalta.
Após trabalhar por três anos como programador em uma companhia, hoje, Gabriel atua em uma empresa com serviços similares ao seu TCC, pois desenvolve sensores de manutenção preditiva. Ele explica que a companhia utiliza a Programação para supervisionar ativos e poder detectar problemas de funcionamento antes deles ocorrerem.
Mercado de trabalho
Gabriel conta que durante a pandemia ocorreu um aumento de cursos rápidos e vagas na área da programação. Entretanto, após o período, o mercado teve algumas ondas de demissões.
“De maneira geral, ainda é um setor que tem muitas oportunidades e perspectivas de crescimento profissional. Para quem tem interesse, recomendo estudar e buscar formas de aplicar na prática, como projetos de extensão, pois é uma área com bastante vagas disponíveis”, aconselha o egresso.