Quando Daniel Caiche entrou na graduação em Engenharia Florestal pela Unesp, câmpus de Botucatu, não sabia que direcionaria sua carreira para a área de Arborização Urbana, pois, na época, seu desejo era atuar em indústrias. Durante o curso, ele acabou tendo contato com disciplinas optativas sobre Arborização e não saiu mais da área, realizou pós-graduações, ingressou na Secretaria de Meio Ambiente de São Carlos (SP) e contribuiu com o primeira política regulatória da Arborização Urbana nacional: o Projeto de Lei (PL) 4309/2021, que está tramitando na Câmara dos Deputados.
O engenheiro conta que a Arborização Urbana é uma ferramenta que tem a capacidade de mudar a vida das pessoas para melhor. A presença de mais áreas verdes nas cidades contribui para redução do estresse da população, o que está relacionado à questões de saúde, como a pressão cardíaca, por exemplo. Além disso, há o problema das mudanças climáticas, a presença de árvores auxilia a manter uma temperatura regular. Daniel ressalta que 85% dos brasileiros moram em regiões urbanas, o que torna esse assunto tão necessário.
Após sua formatura, o engenheiro foi aprovado em um concurso para Secretaria do Meio Ambiente de São Carlos, em 2010, onde ele passou a se interessar mais pelo tema: “Percebi que tem um potencial muito grande para melhorar nossas vidas na cidade”. Durante a sua atuação no cargo, ele continuou estudando, fez mestrado e doutorado na UFSCAR (Universidade Federal de São Carlos) e, hoje, está cursando pós-doutorado em Cidades Globais na USP (Universidade de São Paulo).
Durante a sua pesquisa no doutorado, o engenheiro percebeu a falta de uma política nacional de Arborização Urbana. Um capítulo de sua tese foi destinado a esse tema, que foi apresentado no Fórum Latino-americano da ONU (Organização das Nações Unidades) em Bogotá (COL).
Essa apresentação fez com que fosse criado um grupo de pesquisadores brasileiros, de diversos locais e formações distintas, que elaboraram um texto para criar uma nova lei: o marco regulatório da Arborização Urbana. O grupo conseguiu apoio de um deputado, Rodrigo Agostinho, e o documento se tornou a PL - 4309/2021 que está tramitando na Câmara dos Deputados, com possibilidade de ser aprovado até o final deste ano.
“Fico muito orgulhoso de ter contribuído para a PL, a partir da minha tese de doutorado e de ter coordenado esse grupo de especialistas, juntos conseguimos entregar o produto final”, declara o egresso.
Daniel conta que ficou 12 anos na Secretaria de Meio Ambiente de São Carlos, durante sua atuação, ele coordenou um trabalho para submeter a candidatura da cidade em um programa internacional de arborização urbana da FAO (Organização de Alimentação e Agricultura da ONU). Ele explica que a cidade precisava atender alguns critérios da organização, após a candidatura e a avaliação, São Carlos recebeu o reconhecimento da ONU em gestão ambiental e arborização, sendo uma entre os 3 municípios brasileiros que conseguiram se destacar.
Contribuições da Unesp e novas expectativas
Em 2022, Daniel abriu seu próprio escritório de Consultoria Ambiental, onde ele elabora projetos de Arborização Urbana para prefeituras e empresas. Ele conta que com a consultoria acaba revendo colegas da Unesp que também estão atuando na área e eles atuam em vários trabalhos colaborativos.
A opção por começar a prestar consultoria está ligada com os aprendizados do seu pós-doutorado: “A minha atuação se relaciona com o programa que estou fazendo em Cidade Globais, em que buscamos encontrar soluções sustentáveis para os problemas urbanos atuais”.
Ele afirma que leva um aprendizado da Unesp para sua vida profissional: “Apesar do mercado ser competitivo, ele também pode ser colaborativo e juntos podemos ir mais longe. Quando todos conseguem trabalhar juntos, enxergam o bem de dividir e cooperar, a gente consegue bons resultados”.
Sobre sua vida na graduação, Daniel conta que aproveitou bastante, fez muitos amigos de diversos lugares do Brasil, o que ampliou a sua visão de mundo. Ele sempre morou em repúblicas e frequentou esses espaços, onde também aprendeu mais sobre a vida coletiva. A partir dessa perspectiva, o egresso desenvolveu sua atuação, buscando um mundo mais ecológico e mais colaborativo.