Fisioterapeuta egresso da Unesp chega a prestar serviço a domicílio em meio à crise da Covid-19 em Manaus | Alumni Unesp
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Publicado em:
12/02/2021
12/02/2021
Tempo de leitura: 5 min

Fisioterapeuta egresso da Unesp chega a prestar serviço a domicílio em meio à crise da Covid-19 em Manaus
O estado sofreu aumento do número de casos devido à nova mutação do Coronavírus


Foto: Sergio Lima


No dia 10 de janeiro de 2021, o Ministério da Saúde do Japão informou às autoridades brasileiras sobre uma nova variante do Coronavírus, a mutação foi detectada em japoneses que visitaram a Amazônia. Desde então, o estado sofreu um aumento no número de casos da doença, hoje, o Amazonas está na “Fase Roxa”, a classificação máxima de risco de transmissão da Covid-19. Devido a esse cenário, contatamos o fisioterapeuta Fábio Oliveira Maciel, morador de Manaus, que é mestre e doutor pelo Programa de Pós Graduação (PPG) em Cirurgia e Medicina Translacional da FMB (Faculdade de Medicina de Botucatu da Unesp) e também dá aulas na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), para nos informar sobre como está sendo o colapso da saúde no estado. Ele informa que devido a lotação dos hospitais, muitos clientes o chamam para prestar serviços de terapia pulmonar à domicílio.


O fisioterapeuta conta que acabou contraindo a doença durante a “segunda onda” de Covid-19 no estado, que foi causada pela nova mutação do Coronavírus, a “variante P1”. Fábio, estava com a imunidade baixa, devido a uma doença anterior, dessa forma precisou receber oxigênio, mas, felizmente, conseguiu se curar e já está saudável novamente. Sua esposa, Suzane Maciel é enfermeira e teve sua escala triplicada no hospital em que trabalha, ela o alertou no início de janeiro “a situação está muito séria”, pois além do aumento dos casos, o estado também sofreu com a falta de cilindros de oxigênio.


Ao centro, o fisioterapeuta e egresso da FMB, Fábio Oliveira Maciel. Foto: Arquivo pessoal de Fábio.


Fábio explica que por causa dos hospitais não estarem sendo capazes de atender a todos, algumas pessoas contaminadas estão alugando aparelhos de ventilação mecânica não-invasiva para se tratar em casa. Ele tem atuado à domicílio, auxiliando pacientes com fisioterapia pulmonar, para expandir o pulmão. Segundo ele, agora, em fevereiro, houve melhorias na reposição de oxigênio nos hospitais, devido ao apoio de doações e do exército, mas é uma situação que o governo do estado precisa manter uma vigilância constante para que não ocorra novamente casos de asfixia. 


Mesmo com a reposição do oxigênio, a nova variante P1 ainda é uma ameaça. O fisioterapeuta lamenta: "é impressionante como todo dia vemos amigos, conhecidos e colegas que morreram. Todos os dias… parece que a morte virou uma coisa comum”.


Por que a variante P1 é mais perigosa do que o Coronavírus original?

 

Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde, o Amazonas teve mais mortes no primeiro mês de 2021 do que nos últimos 7 meses de 2020. O médico, docente da FMB e também egresso da Unesp, Alexandre Naime Barbosa, explica que a nova mutação ocorreu através da Lei da Seleção Natural de Darwin (organismos mais fortes sobrevivem e se multiplicam, isso também ocorre no "mundo dos vírus”). 


O médico informa que a variação causou duas novas “qualidades” ao Coronavírus. A proteína spike, responsável pela entrada do vírus nas células humanas, sofreu mutação, assim o contágio ocorre com mais facilmente, aumentando em até 70% a facilidade da transmissão.


Já a outra característica causada por essa mutação, é que o vírus consegue escapar da resposta do sistema imunológico do organismo, como consequência uma pessoa que já pegou a doença pode se infectar novamente. 


Problemas na rede hospitalar amazonense


“As consequências da mutação é uma das explicações do porquê que a região amazônica está sofrendo com esse grande número de casos, mas temos que levar em consideração as outras variantes. Além disso, a rede hospitalar e a infraestrutura que foi montada foi e ainda é ineficaz, faltam leitos, faltam vagas de UTI, em janeiro faltou oxigênio, que é um item básico e primordial para tratar a Covid-19. Por isso, estão sofrendo tanto”, afirma o médico.


Fábio acompanhou tudo de perto e contou como ocorreu a estruturação da rede hospitalar: “no primeiro pico o Amazonas montou dois hospitais de campanha. Entretanto, quando as taxas de contágio caíram a níveis quase normais, foi cometido o equívoco de desmontar essa estrutura e retirar os leitos. Assim, quando chegou a segunda onda da doença, o estado estava despreparado, a demanda aumentou muito e faltou oxigênio. Outro problema é a falta de estrutura e de aparelhos de ventilação mecânica”.


Segundo o fisioterapeuta, muitas vezes os pacientes não tomam a medicação de forma adequada: “chego na casa das pessoas e elas ainda estão com febre, oriento elas com base nos protocolos médicos. Às vezes, as pessoas passam no pronto-socorro e pegam os medicamentos da primeira fase da doença (5 dias) e há pessoas que já saram da Covid nesse momento, mas há quem não melhore e sem apoio durante a segunda fase, eles só voltam no médico quando já estão entrando na fase inflamatória, acabam sendo entubados”.


O fisioterapeuta conta que para driblar os hospitais lotados, quem tem condições contrata enfermeiros, fisioterapeutas e médicos para atender à domicílio.


Quarentena em Manaus


Fábio afirma que a quarentena está decretada, apenas serviços essenciais podem funcionar abertamente, outros comércios estão conseguindo sobreviver com base no delivery. A partir das 19h há um “toque de recolher”, não se pode sair na rua e o comércio só pode funcionar por entregas. O fisioterapeuta faz um alerta de que uma das maiores causas da transmissão é o transporte público, por mais que se use a máscara.


Para que esse cenário melhore é preciso diminuir a circulação do vírus, seja pela vacinação ou pelo distanciamento social. O fisioterapeuta explica que quando a taxa de contágio começar a cair significará que o estado está melhorando. Ele também informa que a vacinação está acontecendo, começando pelos grupos prioritários e profissionais da linha de frente, “a vacina é uma grande saída”, afirma. 

 


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