![](https://alumni.unesp.br/images/268437481/WhatsAppImage2025-02-06at15.56.31_1738895806696.jpeg)
Entre dez mil livros inscritos, a obra "Ossos Maxilares na Saúde e nas Doenças" ficou entre as cinco finalistas do prêmio Jabuti Acadêmico de 2024. O autor Prof. Dr. Alberto Consolaro é formado pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba (Foa) da Unesp. O dentista também cursou mestrado na Unicamp e doutorado na USP, onde ele trabalha como professor da pós-graduação nos Programas de Odontopediatria e de Periodontia, no câmpus de Ribeirão Preto.
A modalidade acadêmica do Prêmio Jabuti foi inaugurada no ano passado, com 39 categorias. A premiação existe desde 1959 e tem apoio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
A editora responsável pela publicação - DentalPress - foi quem inscreveu a obra na competição. Alberto não sabia que estava concorrendo e descobriu quando foi aprovado na lista de dez semifinalistas, em julho de 2024, através de uma mensagem de parabéns escrita pela designer do livro. “Eu estava no meio da rua dentro do carro, precisei estacionar. De início, achei que era brincadeira”, lembra.
O egresso já escreveu 17 livros e tem cerca de 1500 artigos publicados ao longo de suas 4 décadas como professor. Ele acredita que o sucesso na competição ocorreu porque ele mantém a didática e a oralidade na sua escrita. Além de dialogar com diversos profissionais, como dentistas, fisioterapeutas, enfermeiros e médicos. “Busco escrever até para quem não é da área conseguir entender e achar interessante”, destaca.
A motivação para escrever o "Ossos Maxilares na Saúde e nas Doenças" surgiu de um problema que ele enfrentava ao prestar consultoria para dentistas clínicos. “Notei que muitos profissionais não tinham conhecimento suficiente sobre o sistema bucal. Os ossos são responsáveis por grande parte das doenças que vemos na Odontologia. O livro tem o intuito de explicar para os clínicos como é o osso na saúde, para depois eles conseguirem entender como são os ossos na doença”, afirma.
Pesquisa envolveu tratamento gratuito de 333 crianças
Ao longo de sua carreira, Alberto desenvolveu e participou de diversos projetos de estudo relevantes e com contribuições para a área da Odontologia, como ao exemplo da pesquisa “Influência de Fatores Ambientais no Desenvolvimento de Fissuras Labiais e/ou Palatinas e a Importância da Gravidez Planejada para a Saúde do Recém-Nascido”.
O egresso e sua esposa Profa. Dra. Ingrid Consolaro, que também é dentista e pesquisadora, orientaram a doutoranda Giovana Gonçalves Martins, no Programa de Pós-Graduação em Odontopediatria da USP. O objetivo do estudo era entender as causas das fissuras labiopalatinas.
Para participar do estudo, 333 crianças de São Luís (MA) com as fissuras foram atendidas e tratadas, em um esforço conjunto do Governo do Estado, através do Hospital Infantil Juvêncio Mattos, da ONG “Smile Train” e da Associação Céu da Boca, além de doações privadas
Alberto explica que muitas mães e pais têm os genes das fissuras e os transmitem para seus filhos, mas a doença não se manifesta. Assim, o estudo procurou compreender quais fatores externos poderiam influenciar o surgimento das aberturas nos lábios e palatos.
O dentista explica que as fissuras labiopalatinas são desenvolvidas na gravidez, no período em que a cabeça do embrião está sendo formada, durante o segundo e o terceiro mês. Nesse período, algumas mães ainda não sabem que estão grávidas, assim fazem uso de bebidas alcoólicas, cigarros, medicamentos e passam por estresses.
Os cientistas descobriram que os genes das fissuras são influenciados e se manifestam principalmente quando interagem com algum fator externo, o que se chama “hereditariedade multifatorial”, como explica Alberto.
“Uma gravidez planejada, com pré-natal completo e suplementação com ácido fólico são fatores de proteção para o surgimento de fissuras labiais e/ou palatinas”, afirma o pesquisador.
Uma das conclusões da tese foi a importância de disseminar essas informações para evitar e prevenir o surgimento dessa doença. No final, os pesquisadores desenvolveram uma cartilha informativa para ser entregue às gestantes.
Relação com a Unesp e vida acadêmica
O sonho de ser professor surgiu na infância, que foi vivida em Araçatuba. Em 1974, Alberto ingressou na Faculdade de Odontologia da cidade, uma instituição pública que foi englobada como câmpus da Unesp em 1976, antes de ele concluir a graduação.
O egresso se dedicava para manter boas notas e, logo no final do primeiro ano, foi chamado para ser professor e substituir outros docentes durante férias ou devido a outros fatores.
Assim, o estudante confirmou aquilo que sabia desde pequeno - que a sua vocação era realmente a docência. “Até hoje eu dou aula e, se deixar, eu dava aula todos os dias. Esse contato com o ser humano, especialmente com os jovens, é muito empolgante. Eu gosto de ajudar o outro a progredir, poder ver essa evolução é algo que me dá muita alegria”, declara.