Augusto Madureira é natural de São Paulo, mas visitava com frequência seu tio, que era dono de um laticínio. Ao ver o dia a dia e o manejo com os bovinos, percebeu seu fascínio por animais de grande porte. Esse interesse motivou a sua escolha pela graduação em Zootecnia e pelo mestrado em Ciência Animal, ambos na Unesp em Botucatu. Esse tema também foi abordado em seu doutorado que foi cursado na Universidade da Colúmbia Britânica (CA). Hoje, ele é professor assistente na Universidade de Michigan (EUA).

“A escolha pela Unesp me proporcionou uma base sólida e conhecimentos necessários para trabalhar com aquilo que sempre me interessou. Durante a graduação, participei de projetos de pesquisa e aprendi com professores que estavam na linha de frente das inovações no campo da Ciência Animal. Isso me abriu os olhos para as possibilidades que a pesquisa oferecia para melhorar o manejo e a produção em fazendas”, conta.

O zootecnista afirma que sua decisão pelo mestrado foi motivada por desejar aprofundar seus conhecimentos e aprender mais sobre as áreas de reprodução, manejo e bem-estar animal.  

“Meu foco de pesquisa foi a reprodução bovina. Exploramos como colares de atividade, que monitoram o comportamento físico dos animais, podem ser uma ferramenta poderosa para detectar o cio. Uma descoberta interessante foi que essa tecnologia teve um impacto positivo na fertilidade e nas taxas de perda gestacional”, explica. 

O egresso destaca que o papel fundamental de seus orientadores durante o projeto, o prof. dr. José Luiz Moraes Vasconcelos (Unesp) e o prof. dr. Ronaldo Cerri (Universidade da Colúmbia Britânica - UBC), que também é ex-aluno da Unesp. 

O pesquisador conta que o contato com a UBC e os professores durante o mestrado mostraram como a pesquisa pode impactar diretamente a indústria. Isso aprofundou o interesse dele por questões complexas sobre fertilidade dos animais e uso de tecnologias. 

Dessa forma, optou por cursar um doutorado, pois percebeu que ainda havia muito a explorar na área. Ele também destaca que a tecnologia pode melhorar a vida dos animais e a eficiência dos rebanhos. 

Assim, Augusto partiu para o Canadá e ingressou na UBC. Lá, ele conta que encontrou um recursos de ponta e um ambiente acadêmico que promovia a inovação no campo da Ciência Animal.

Processo seletivo para a Universidade da Colúmbia Britânica

O egresso compartilhou sua experiência para ingressar na universidade estrangeira. Ele conta que é necessário identificar um orientador que compartilhe dos mesmos interesses de pesquisa.

“Para se candidatar, é essencial ter um histórico acadêmico sólido, especialmente em áreas relacionadas ao seu campo de estudo. Na UBC, o comitê de admissões avalia tanto o desempenho acadêmico anterior quanto às experiências práticas e de pesquisa.

No meu caso, o mestrado na Unesp e as publicações que já havia feito fortaleceram minha candidatura”, relembra. 

Ter certo domínio da língua em que a universidade se localiza também é necessário. Augusto se preparou e fez simulados antes de realizar o exame de proficiência “TOEFL”. Ele ressalta que é preciso saber quais são as pontuações mínimas e os testes que a faculdade pleiteada aceita. 

“As cartas de recomendação são essenciais. Elas devem vir de pessoas que conhecem bem seu trabalho acadêmico e sua capacidade de pesquisa. No meu caso, pedi recomendações a professores com quem trabalhei durante o mestrado”, relembra.

O egresso destaca que a UBC, por exemplo, oferece várias opções de bolsas de estudo. Interessados precisam verificar os prazos e as condições para os auxílios disponíveis. 

“Muitas vezes, o próprio orientador pode ter projetos financiados que cobrem os custos do doutorando. É importante pesquisar todas as opções de financiamento, incluindo bolsas de estudo, assistências de pesquisa ou ensino, e fundos específicos para estudantes internacionais”. 

Atuação como pesquisador e professor em Michigan

O egresso destaca que a sua experiência de pesquisa - desenvolvida na Unesp e na UBC -  tinham como foco resolver problemas práticos enfrentados pelos produtores. Essa abordagem o preparou para atuar como um profissional que entende a teoria e sabe aplicá-la para melhorar a eficiência em empresas do setor agrícola e fazendas de produtores rurais. 

Conseguir transitar entre a prática e a teoria, contribuiu para sua atuação como consultor e pesquisador. “Atualmente, sou professor assistente no Departamento de Ciência Animal da Michigan State University (MSU), uma das instituições de referência no campo das Ciências Agrárias nos EUA”, conta.

Ele também afirma que sua linha de pesquisa atual é ligada à produção e reprodução bovina e ao uso de tecnologias de monitoramento para melhorar a eficiência, saúde e o bem-estar no manejo dos rebanhos. 

“Recentemente, tenho coordenado estudos que envolvem o uso de tecnologias de precisão, uso de dados para tomar decisões na área. Também realizamos integração da análise de dados em larga escala. Assim, trabalhamos com modelos preditivos e inteligência artificial para identificar padrões que possam antecipar problemas reprodutivos nos rebanhos. Essas pesquisas podem trazer impactos diretos tanto para produtores quanto para a indústria como um todo”, explica. 

O professor explica que a extensão também faz parte de sua rotina em Michigan. Augusto atua em projetos que compartilham o conhecimento gerado na universidade. “Participo ativamente de treinamentos e workshops voltados para pecuaristas, técnicos e consultores. Essa conexão direta com o setor produtivo me permite ver de perto as necessidades dos produtores e adaptar minhas pesquisas para que tenham um impacto real”, conta. 

Em sala de aula, ele afirma que considera importante incentivar a capacidade crítica dos alunos em suas disciplinas sobre tecnologias de precisão na pecuária. Além de preparar os estudantes para desafios práticos da produção animal e manejo de rebanhos, ele também ensina sobre o importante papel da sustentabilidade e do bem-estar animal. 

Relação com a Unesp

“ A Unesp desempenhou um papel fundamental na minha formação profissional e pessoal. Estudar na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Botucatu foi uma experiência transformadora que moldou as bases da minha carreira. A universidade me proporcionou um ambiente acadêmico rico e oportunidades que foram essenciais para o desenvolvimento das minhas habilidades como profissional na área de Zootecnia e, posteriormente, em Ciência Animal. A universidade me deu ferramentas para pensar criticamente, trabalhar com inovação e aplicar o conhecimento de maneira prática e responsável para o avanço da pecuária”, conclui Augusto.