Há dez meses, Lorenzo Santiago se mudou para Caracas, na Venezuela, para trabalhar na cobertura de notícias para o “Brasil de Fato”. O egresso é o único correspondente de um veículo brasileiro no país e cobre Política, Economia, Cultura e outros acontecimentos. O jornalista se formou na Unesp, câmpus de Bauru, em 2018, e atua com reportagens sobre temas internacionais desde 2021.
A experiência do egresso em uma editoria internacional começou no jornal “Poder 360”, onde Lorenzo trabalhou como editor especializado no tema.“Estava nesse cargo quando recebi a proposta do “Brasil de Fato” (BDF) para ser correspondente na Venezuela. Eu aceitei porque a correspondência é uma atividade cada vez mais rara no Jornalismo. Hoje, sou o único repórter brasileiro aqui”, explica.
O jornalista conta que a atuação como correspondente é imersiva e dinâmica. “É possível explorar muitos assuntos. O dia a dia varia de acordo com que o país está vivendo. Nos últimos meses, a cobertura focou bastante nas eleições venezuelanas. Também fiz pautas sobre as Relações Exteriores com o Brasil, que está conturbada. Além da movimentação social, quando acontecem protestos, preciso ir para a rua cobrir. Não tem muita rotina, um dia estou de terno no Palácio de Miraflores e no outro em uma comuna popular ”, afirma.
As comunas populares são um modelo próprio de organização política do país. Estas se localizam nos bairros urbanos e nas comunidades rurais, são autogeridas e têm um papel administrativo, como informa reportagem do egresso no BDF.
“O trabalho nas comunas é uma particularidade da Venezuela. É um país em que se discute política 24h por dia. Hoje, há uma clara discussão entre o projeto socialista e a oposição, que é um projeto à direita e, nesse momento, mais ligada à extrema direita. Sinto que aqui existem discussões profundas sobre temas políticos”, conta.
Outra pauta presente na cobertura jornalística da Venezuela é a economia, como ressalta Lorenzo. O país passou por uma hiperinflação, com pico de 1.698.844,2%, referente ao ano de 2018. “É uma questão bastante discutida aqui e gera uma preocupação costante nas pessoas”, explica.
Entre as experiências marcantes, ele ressalta entrevistas com o ex-vice -presidente Elias Jaua, com o ministro de Ecossocialismo Llorca Vega, com o ministro das Comunas Angel Prado e com a ativista Leila Khaled.
Experiência na Unesp
O egresso conta que escolheu a Unesp por ser uma universidade pública de referência em São Paulo. Ele afirma que a reflexão teórica e o pensamento crítico que encontrou na faculdade foram diferenciais para sua atividade prática da profissão.
A experiência profissional de Lorenzo começou dentro da própria universidade, como estagiário da Rádio Unesp. “Quando estava no estágio, eu ajudava o editor-chefe, o Pedro Norberto, a fechar as notícias do dia, já tinha uma responsabilidade profissional mesmo”, lembra.
Ainda na graduação o egresso criou junto com colegas um portal de mídia independente - o Jornal Dois. O jornalista conta que o foco era cobrir temas que não eram explorados pela mídia local. “A gente conseguia fazer grandes reportagens que exploravam contradições e denunciavam uma série de violações de direitos humanos”, ressalta.
Após a graduação, ele foi contratado em uma rádio na cidade de Ibitinga, em paralelo atuou como comentarista esportivo na Rádio 87, que era comunitária. As experiências universitárias e como recém-formado deram bases para que o egresso ingressasse e atuasse profissionalmente como jornalista.