
Em 2016, Pedro Borges se tornou jornalista pela Unesp, câmpus de Bauru. Desde então, tem conquistado seu espaço no Jornalismo Independente, na mídia e na cultura brasileira. Novembro foi um mês importante na vida de Pedro, que acaba de ganhar o prêmio Jabuti, na categoria “Artes” e, além disso, começou a trabalhar na equipe do Profissão Repórter.
Para ele, o papel do Jornalismo é ser um agente transformador da realidade. Os direitos humanos e a luta pelos direitos das populações negras são as principais motivações do jornalista. Seu texto “E a população negra?” que compõe o livro premiado “AI-5 50 Anos - Ainda Não Terminou de Acabar”, destaca esses valores, pois ressalta a perseguição e luta do movimento negro durante a ditadura militar (1964-1985).
O prêmio Jabuti existe desde 1958 e é considerado a maior premiação literária brasileira. O livro premiado foi criado para guiar uma exposição no Instituto Tomie Ohtake. Pedro, que já havia participado de debates no Instituto, foi chamado para compor o livro e construir um artigo que guiaria a exposição.
Capa do livro vencedor do prêmio Jabuti na categoria "Artes".
Sobre seu artigo, ele explica: “eu trouxe a questão da resistência do povo negro durante o período da ditadura. Abordei que essa resistência persiste e também escrevi sobre as violências contra a população negra, que não ficaram restritas à ditadura militar e têm um início bem anterior a esse período. Além disso, ressuscitei alguns desses nomes nossos de resistência, que são muito apagados, porque há uma ideia de que a resistência à ditadura foi feita, exclusivamente, pela população branca”.
A Comissão da Verdade revelou que durante o período da ditadura, 41 líderanças do movimento negro brasileiro foram assassinadas. Houve, também, uma perseguição às pessoas ligadas à luta atirracista.
Segundo o portal Alma Preta, fundado por Pedro e colegas da Unesp, alguns militares se infiltraram dentro do Movimento Negro Unificado (MNU), criado em 1978. A repressão também assassinou pessoas importantes da política brasileira como Carlos Marighella, Helenira Rezende de Souza, Osvaldo Orlando da Costa, conhecido como “Osvaldão”.
Para saber mais sobre a criação do Alma Preta, criado por alunos da Unesp, confira nossa matéria.
Profissão Repórter: sonho que virou realidade
No dia 25 de novembro deste ano, Pedro começou uma nova aventura profissional, sonho de muitos jornalistas: foi chamado como repórter no programa Profissão Repórter.
“Para mim é uma honra ser chamado para o Profissão Repórter, é uma referência, um sonho nosso enquanto jornalista. Sonhava com isso enquanto ainda estava na Unesp, é um programa que a gente admira muito e fico contente de ter essa possibilidade. O contato com a equipe foi legal porque eles são muito acolhedores. O Caco Barcellos também foi muito acolhedor. Estou como repórter, então vou para rua, apurar reportagens, cobrir, acompanhar. Não posso ainda contar detalhes sobre as pautas que a gente vai fazer, mas são assuntos muito ligadas ao meu trabalho, relacionadas aos direitos humanos e, principalmente, relacionados à população negra”.

Pedro Borges na redação do programa Profissão Repórter.
Ele conta que na infância seu sonho era ser jogador de futebol, mas com o passar dos anos surgiu o desejo de ser jornalista e cobrir notícias sobre esporte. Entretanto, ele ressalta que desde novo sempre teve uma “pegada política e social, por conta da educação dada em casa e nos lugares que frequentei. Por isso, sempre tive uma admiração enorme pelo programa. Na faculdade, li a obra Rota 66, do Caco Barcellos, e me empolguei com a possibilidade de fazer grandes investigações e denunciar a violência de Estado contra a juventude negra. Hoje, fico muito feliz de saber que vou poder aprender com ele”.
Mesmo com as novas responsabilidades do Profissão Repórter, ele continuará como editor-chefe do Alma Preta. Para acompanhar o trabalho do jornalista, basta assistir ao Profissão Repórter nas noites de quarta-feira na Rede Globo, ou pelo site do programa, e, também, conferir o portal Alma Preta.