
Flavia Maria Bastos já tinha contato com programas de automação para bibliotecas quando ainda era estagiária, em 1995, na Coordenadoria Geral de Bibliotecas da Unesp (CGB). Na época, ela estudava Biblioteconomia e Documentação no câmpus de Marília, onde também cursou o mestrado e o doutorado em Ciência da Informação, concluindo as formações em 2005 e 2013, respectivamente. A unespiana entrou pelas portas da CGB como estagiária e, hoje, continua trabalhando no mesmo local, mas como coordenadora geral - cargo que ocupa desde 2011.
“Imagina naquele tempo, no meio da década de 90, quando começaram a chegar os computadores. Como estagiária, estava encarregada de aguardar esses ‘PCs’ chegarem no prédio da CGB, porque eu ia justamente pegar cada ficha de livro e transformá-las em registros legíveis por máquina. Então, fiz essa mudança usando os programas de software da época, para que os estudantes não procurassem mais os livros nos fichários, mas sim em um sistema automatizado”, lembra a egressa.
Após sua formatura, em 1996, ela foi contratada pela CGB como servidora técnica administrativa. Flavia explica que a automação de bibliotecas envolve construir uma base de dados, com os conteúdos legíveis por máquina, e também uma base de dados na web, para que os alunos possam fazer a busca pelos títulos usando o sistema online. Além da etapa de “circulação”, que consiste no empréstimo dos livros de forma automática, entre outras ações.
A profissional ressalta que o seu trabalho fez com que ela conhecesse todas as 33 bibliotecas da Unesp, distribuídas nas 24 unidades, para implantar as ações. Flavia destaca que a sua experiência em seus estágios e pesquisas foi fundamental para sua atuação no cargo. “A minha prática e a minha pesquisa teórica sempre andaram juntas”, conta.
A biblioteconomista afirma que existiram momentos decisivos em sua graduação, que foram essenciais para sua trajetória. “Sempre fiz muitos estágios, passei períodos de férias organizando bibliotecas públicas de outras cidades, através de projetos da Unesp. Durante o estágio na CGB, por exemplo, a universidade pagou meu primeiro curso de Informática”, ressalta.
Após essa experiência, Flavia conseguiu uma bolsa de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). Esse contato com a pesquisa a auxiliou a ingressar na pós-graduação posteriormente. Ao se formar, passou no concurso para servidora técnica administrativa na CGB e ingressou em um grupo dedicado a implementar tecnologia nas bibliotecas.
Políticas de Permanência Estudantil
Flavia conta que se formou em escola pública e as políticas de permanência da Unesp foram fundamentais para ela, uma vez que era paulistana da capital e teve que se mudar para Marília devido à graduação. Durante o ensino médio, ela também realizou magistério (curso técnico profissionalizante para formação de professores) e, em seu terceiro ano do colegial, fez um cursinho pré-vestibular aos sábados e domingos.
“Como vim de uma família simples, sabia que eu teria que me esforçar ao máximo para entrar em uma universidade pública. No último ano do colegial, prestei o vestibular como se fosse um treino, mas acabei sendo aprovada de primeira”, lembra.
Após conquistar a aprovação, Flavia foi realizar a matrícula junto com sua mãe e elas foram informadas sobre a possibilidade de moradia estudantil gratuita - uma das ações de permanência da Unesp. “Além disso, também tive uma bolsa que me ajudou bastante. Desde 1992, pude ter acesso a todas essas oportunidades para permanecer na universidade. Isso foi muito importante, sempre digo que foi a partir da Unesp que a minha vida se transformou completamente”, afirma a unespiana.