Conheça o grupo de unespianos criou portal de notícias Alma Preta: Jornalismo Preto e Livre | Alumni Unesp
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Publicado em:
30/08/2020
30/08/2020
Tempo de leitura: 4 min

Conheça o grupo de unespianos criou portal de notícias Alma Preta: Jornalismo Preto e Livre
Saiba mais sobre a história da criação do site e quem são seus fundadores


Da esquerda para a direita: Vinícius de Araújo, Vinícius Martins, Pedro Borges e Solon Neto. Arquivo pessoal de Solon Neto


O portal de notícias Alma Preta: Jornalismo Preto e Livre existe há 5 anos. Ao longo desse período, o site denunciou o racismo presente na política e na cultura brasileira, evidenciou o que acontece de positivo nas periferias e destacou a relevância da cultura, conhecimento e diversidade presentes no continente africano. O início dessa trajetória ocorreu dentro da Unesp, em Bauru, com três estudantes da graduação e um recém formado, que acreditaram no sonho de criar um projeto coletivo e independente.


Em 2015, Pedro Borges estava no seu penúltimo ano do curso de Jornalismo e tinha o desejo de criar uma mídia coletiva, de fazer algo em conjunto. Ele, então, fez uma proposta para Solon Neto, recém formado em Jornalismo, e para Vinícius Martins, também estudante de Jornalismo. Ambos abraçaram a ideia, pois concordavam que na mídia tradicional não havia representatividade e não se realizava uma boa cobertura sobre o racismo no Brasil. Solon morava com Vinícius Martins e Vinícius de Araújo, que estava no segundo ano de Design e também manifestou interesse no projeto, assim foi convidado pelos colegas a participar da criação do site, onde trabalha até hoje.


Outro aspecto que influenciou a criação do Alma Preta foram as discussões semanais do coletivo negro da Unesp, o Kimpa. Solon, Martins e Pedro também estavam presentes na criação desse coletivo em 2016. Pedro conta que o Kimpa foi fundamental para sua formação política e identidade. 


Solon nos conta que a energia e foco de Pedro foram fundamentais para o grande avanço do Alma Preta, que inicialmente seria apenas “um simples blog, a gente era muito criativo e tínhamos muitas ideias, mas ele teve muita ambição e isso empurrou o projeto para frente, com certeza”. 


Atualmente, Pedro é editor chefe do portal, este ano ele será palestrante do Congresso 2020 da Abraji: o maior encontro de Jornalismo da América Latina que ocorrerá em setembro. Também este ano, Pedro foi convidado para entrevistar o Emicida no programa Roda-Viva que ocorreu em julho. 




Pedro Borges e Adriana Couto no Programa Roda Viva em julho. Foto: arquivo pessoal de Pedro Borges


Pedro e Solon conversaram com a equipe do Alumni para nos contar mais sobre como foi criar o portal do zero e sobre como a Unesp os influenciou a vida pessoal e profissional deles. Confira a entrevista: 

 

Alumni: Qual a principal motivação que levou vocês a criar o projeto?

Solon: Nossa principal motivação foi a falta de discussão sobre racismo na imprensa brasileira, a gente sabe que existe uma imprensa negra no Brasil desde o século XIX. Na verdade, ela é quase tão velha com a imprensa comum, mas teve em sua história alguns intervalos temporais de existência. Então, para a gente era importante garantir esse espaço, principalmente, em um momento em que o assassinato de jovens negros estava no seu pico, era importante apresentar essa denúncia. Com certeza, a gente foi influenciado por esse momento, porque a discussão estava explodindo, a gente fez parte de um movimento, parte de uma história. Esse movimento estava crescendo entre os estudantes brasileiros, na época, na Unesp cada campus estava criando seu próprio coletivo negro.


Alumni: Quantos membros existem na equipe e como é a rotina para manter o site funcionando e com notícias atuais?

Pedro: Atualmente a equipe tem 13 pessoas, a rotina é muito pesada, o que gera um cansaço, são muitas matérias, muitas demandas para uma equipe pequena. Com todos esses anos trabalhando no portal, a gente amadureceu, aprendemos e, hoje, a gente tem uma dinâmica mais profissional. Posso dizer que, ao longo desses cinco anos, eu joguei toda a minha energia no Alma Preta, então eu consigo identificar nossas fases e transformações, hoje está mais tranquilo, no começo quando a gente era obrigado a ser multitarefas eu me desgastava muito mais, mas ainda assim é uma carga horária de trabalho intensa.


Como a Unesp agregou na formação profissional e pessoal de vocês?

Solon: Quanto a minha formação eu só tenho a agradecer, sem ela não teria conhecido o Pedro, não teria tido a orientação do professor Juarez Xavier que foi fundamental. Ele também orientou o Vinicius Martins que abriu o portal com a gente. Foi o ambiente em que eu me percebi negro pela primeira vez, é a base de todo o conhecimento que eu tenho.


A Unesp foi simplesmente fundamental, não só para a fundação do Alma Preta, mas também para minha formação enquanto ser humano, as bases do cidadão que eu sou hoje. Não só em relação ao discussão sobre o racismo, mas sobre o Brasil, sobre o Jornalismo, foram reflexões essenciais. Foi lá que eu fiz mestrado, então a Unesp foi fundamental para minha evolução enquanto jornalista, cidadão, enquanto homem negro e espero que ela seja protegida e continue existindo. 


Pedro: A Unesp agregou mais do que só a formação em sala de aula, o ambiente universitário unespiano tem uma provocação muito importante. Ela provoca a pessoa a beber de outras fontes, a participar de encontros e conhecer pessoas interessantes. Acredito que o ambiente universitário é muito importante, me recordo de ter boas aulas, alguns bons professores que se empenhavam na aula e me marcaram. Destaco em especial o professor Juarez Xavier, esse sim, foi muito importante para a minha formação, não só na minha, mas para todos os meninos do grupo. Porque o Juarez, além de ser um excelente professor, se preocupava em apresentar uma boa aula, uma boa provocação para os alunos e foi fundamental para nos formar enquanto jornalistas negros, enquanto pessoas negras. O espaço da Unesp foi muito importante por conta desse contexto e por conta do contato com o Juarez também. 





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