Egresso avança em pesquisas sobre decomposição sustentável de plástico e isopor | Alumni Unesp
Notícias fresquinhas para você ficar atualizado.
Publicado em:
01/07/2025
01/07/2025
Tempo de leitura: 5 min

Egresso avança em pesquisas sobre decomposição sustentável de plástico e isopor
Pesquisadores da Unesp têm estudado sobre larvas e lagartas capazes de degradar materiais



O plástico e o isopor demoram cerca de quatro séculos para se decompor, de acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mas com a ajuda da “traça-da-cera” e da “larva-da-farinha”, esse tempo pode ser reduzido para cerca de um mês - dependendo do objeto e da quantidade de insetos. A degradação desses materiais é estudada pelo grupo de pesquisa em Bioengenharia e Biomateriais da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Araraquara (FCFAR - Unesp), sob a coordenação do egresso e professor Rondinelli Herculano. Recentemente, a equipe também concluiu que a “lagarta da espiga do milho” pode ser uma nova aliada.


O grupo de pesquisa, pertencente ao Departamento de Bioprocessos e Biotecnologia, descobriu que a lagarta que é considerada uma peste nas plantações de milho pode ter uma utilização diferente. “A ciência é colaborativa, em contato com pesquisadores do câmpus da Unesp em Jaboticabal tivemos essa indicação que a ‘lagarta da espiga do milho’ talvez pudesse colaborar para nossos estudos sobre a decomposição do plástico. Os resultados têm se mostrado promissores”, aponta Rondinelli.


O cientista se formou em Física pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) no câmpus de Rio Claro em 2002. Ele afirma que o encontro da teoria com a prática foi a sua motivação para cursar o mestrado e o doutorado em “Física Aplicada à Medicina e Biologia” na USP, finalizados em 2005 e 2009, respectivamente.


Assim, sua área de interesse é a pesquisa aplicada, como ao exemplo dos estudos sobre a “traça-da-cera” - a primeira espécie a ser analisada pelo grupo. Ela leva esse nome porque se alimenta das colméias das abelhas. A descoberta de que ela era capaz de comer plástico foi feita por pesquisadores na Inglaterra e ao se deparar com essa novidade os pesquisadores da Unesp buscaram saber mais sobre o assunto.


“A traça é capaz de degradar plástico e isopor e sabemos que a ‘larva-da-farinha’ também ingere esses materiais. Coloquei essas larvas em contato com isopor e elas consumiram 50% da massa do objeto em 30 dias. Nosso grupo também descobriu que mesmo na presença de alimento, como farinha de trigo, as larvas continuavam a comer o isopor”, ressalta Rondinelli.


Uma problemática da pesquisa é que esses insetos só comem os materiais enquanto estão em seu estado larval ou, no caso da lagarta, antes de se tornar uma mariposa. “Em nossos estudos, estamos avaliando quais são as enzimas e as bactérias que têm no intestino delas, porque são essas substâncias que degradam o plástico”, aponta o cientista.


A pesquisa ainda tem caminhos para percorrer, Rondinelli conta que não é possível simplesmente jogar esses insetos em um aterro sanitário, pois ainda não se sabe como se comportam em espaços abertos com outros tipos de lixo e matérias orgânicas. Além disso, há questões a serem avaliadas, como desequilíbrio ambiental. Assim, o grupo estuda possibilidades de realizar mais experimentos em ambientes controlados e em escalas maiores.


Popularização de pesquisas pela mídia


O egresso ressalta que mídias como a Rede Globo, a Record e o SBT já procuraram o grupo para divulgar diversas novidades em suas pesquisas. Ele enxerga essa aproximação como uma forma de democratizar a ciência e mostrar os resultados para fora dos muros das universidades. No dia 1º de junho, o pesquisador teve uma surpresa ao compartilhar sua entrevista com a Record em seu perfil no Instagram, o vídeo teve um alcance de mais de 600 mil visualizações. 


O tema desta entrevista é a pesquisa do Rondinelli sobre o uso de bioplásticos para conservar morangos. Essa fruta possui uma vida curta pós-colheita e cerca de 50% dos frutos podem ser perdidos antes de chegar nas mãos do consumidor.


As pesquisas mostraram que a produção de um bioplástico à base de celulose bacteriana, pectina e óleo de coco podem conservar os morangos por 8 dias a mais que o normal, sem refrigeração. A mudança de armazenamento pode baratear os valores nas prateleiras do mercado.


Equipe do grupo de pesquisa em Bioengenharia e Biomateriais em entrevista para a televisão. Foto: arquivo pessoal do egresso


Outras invenções


Pesquisas aplicadas sempre chamaram a atenção do egresso, que passou 15 anos de sua carreira estudando a aplicação da Física na área da Saúde. Em sua pós-graduação na USP, ele estudou sobre como o látex, extraído das seringueiras, tinha propriedades cicatrizantes para úlceras de pressão. 


Após sua contratação como docente na Unesp, ele continuou esses estudos e conseguiu encontrar aplicações para tratar úlceras diabéticas e feridas no céu da boca. Assim como adesivos para tratar feridas nos mamilos de mães que estão em fase de amamentação, além de criar curativos com Aloe Vera para minimizar os sintomas da psoríase - doença inflamatória crônica de pele.


“A produção científica é colaborativa, a ciência aplicada existe devido a estudos anteriores de ciência básica. Todos esses processos podem dar devolutivas significativas para sociedade, para isso as universidades públicas precisam de investimento contínuo em nossos grupos de pesquisa, laboratórios e equipamentos”, ressalta o egresso.


Rondinelli destaca que há um diálogo entre seu grupo de pesquisa e a Agência Unesp de Inovação (AUIN) para avaliar as melhores formas de licenciar os produtos em desenvolvimento, com foco de inseri-los no mercado através de parcerias.


“A minha graduação na Unesp me forneceu o conhecimento científico e teórico, além de um senso crítico e a percepção de que é sempre necessário sair da zona de conforto. O curso de Física é capaz de abrir caminhos para migrar em várias áreas, o que é bem interessante. Como docente tive experiências diversas, uma vez que primeiro fui contratado por Assis, uma unidade mais humanística que me auxiliou a compreender problemas sociais. Depois fui transferido para Araraquara que é um centro de excelência em Saúde e Química, que me auxiliou no desenvolvimento de produtos e soluções”, conclui o cientista.






Últimas notícias

Inscrições abertas para educadores do Ensino Médio em curso de Mecânica Quântica A formação gratuita é ofertada pelo ICTP-SAIFR da Unesp para professores da rede pública
Egresso avança em pesquisas sobre decomposição sustentável de plástico e isopor Pesquisadores da Unesp têm estudado sobre larvas e lagartas capazes de degradar materiais
Egresso destaca a Atlética como uma escola de habilidades profissionais Ex-aluno realizou TCC sobre as capacidades práticas desenvolvidas pela gestão esportiva