Egressa de Relações Internacionais explica o acordo entre Brasil e China de realizar transações comerciais em suas próprias moedas | Alumni Unesp
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Publicado em:
30/05/2023
30/05/2023
Tempo de leitura: 6 min

Egressa de Relações Internacionais explica o acordo entre Brasil e China de realizar transações comerciais em suas próprias moedas
A Analista Internacional também compartilha sua experiência de ter sido assistente de pesquisa em uma universidade chinesa



Laura Torres é graduada em Relações Internacionais pela Unesp (2017), no câmpus de Marília. Durante a faculdade, aprendeu Mandarim no Instituto Confúcio da Unesp, essa experiência a auxiliou a participar da Escola de Verão do BRICS (Brasil, Rússia, Índia e África do Sul), organizada pela Universidade Fudan em Xangai (China). Ao voltar para o Brasil, já estava determinada a cursar mestrado e foi aprovada em Políticas Públicas Internacionais em 2018, na mesma universidade que havia conhecido e, assim, se tornou assistente de pesquisa no Centro de Estudos sobre o BRICS. Em entrevista com a equipe Alumni, a egressa explicou sobre o novo acordo monetário sino-brasileiro.


Em abril deste ano (2023), o presidente da república, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em visita à Xangai reafirmou o acordo monetário entre o Brasil e a China, buscando realizar transações comerciais sem utilizar a moeda norte-americana: o dólar. Durante seu discurso, o presidente declarou: “Toda noite me pergunto por que todos os países estão obrigados a fazer o seu comércio lastreado no dólar. Por que não podemos fazer nosso comércio lastreado na nossa moeda?”. 


A comercialização direta entre o real e o renminbi (nome oficial da moeda chinesa) é apenas um entre os 15 acordos bilaterais que foram assinados durante a visita do presidente ao país. Esses envolvem o setor privado brasileiro e empresas e instituições chinesas, segundo a Secretaria de Comunicação Social do governo. 


A pesquisadora Laura afirma que essa ideia não é uma novidade: “Desde a criação do Banco dos BRICS (Novo Banco do Desenvolvimento - NDB) e durante a anterior presidência do Mr. K. V. Kamath no NDB, o Brasil já estava inserido nas discussões dessa estratégia financeira”. 


A egressa explica que essa mudança faz parte dos valores institucionais do NDB: “O acordo bilateral também está alinhado com a estratégia e visão do NDB de migrar o financiamento do banco do dólar para moedas locais. A principal vantagem dessa transição é que blinda os projetos de eventuais variações no dólar, que podem depreciar as condições de financiamento ou acordos comerciais”. 


Outro benefício ressaltado por ela é o aprofundamento das relações econômicas e comerciais entre os dois países. “Além disso, concretizar esse passo representa um avanço do Sul global sobre as abordagens tradicionais do sistema financeiro internacional e, definitivamente, representa o amadurecimento e a confiança entre as relações sino-brasileiras”, conta a unespiana. 


Experiência e adaptação na Universidade de Fudan em Xangai


Quando participou do processo seletivo de mestrado para a universidade chinesa, foi aprovada com a bolsa integral Chinese Scholarship Council. A sua pesquisa incluía a participação no Centro de Estudos sobre o BRICS. Onde ela aprofundou seus conhecimentos sobre as relações brasileiras com os demais países do grupo econômico.


“O trabalho diário, por ser nativa em português, era seguir as notícias das Relações Internacionais entre o Brasil e os BRICS. Também apoiei em outros temas de pesquisa, que eram de interesse do governo chinês, como entender as condições de infraestrutura na América Latina, para identificar oportunidades de investimento; analisar as condições nessa mesma região que levam a crises e instabilidades sociais. O trabalho era muito variado, às vezes estava escrevendo sobre como explorar oportunidades em projetos para indústria 4.0, e no dia seguinte estava pesquisando sobre relações entre escolas de educação superior no setor privado e como melhorar a cooperação acadêmica entre os BRICS”. 


Laura Torres com suas colegas do Centro de Estudos sobre o BRICS. Imagem: arquivo pessoal da egressa.


Laura conta que a Fudan é a universidade que mais recebe acadêmicos do exterior na China. Como ela também auxiliava a organizar eventos, teve contato com apresentações de teóricos renomados das Relações Internacionais, presidentes e vice-presidentes de bancos de desenvolvimento. 


Ter tido contato com a língua no Instituto Confúcio da Unesp facilitou a adaptação da ex-aluna no país. “Na China sempre que começa um período letivo, existem processos de adaptação para os novos alunos. Sempre organizam conversas de introdução, tours pela cidade e o pessoal técnico da universidade sempre esteve muito atento para ajudar com toda a burocracia do visto, de registrar a residência em Shanghai, da faculdade, etc.”


Além de Xangai, a egressa também conheceu cidades da região e outras províncias. “Como o Brasil, o país também tem dimensões continentais, a cultura, os sotaques, os pratos típicos variam muito de uma região para a outra. Ao contrário do conhecimento popular, eles não usualmente comem escorpião, apenas em locais específicos. A culinária chinesa é muito complexa, diferente mesmo com todos os seus processos, de verdade é uma delícia”, relembra.


Pandemia e mudança de rumos: nova vida no México


A pandemia acabou transformando a vida de Laura, ao concluir o mestrado em 2020, ela planejava ficar mais dois anos na China. Entretanto, com o início da pandemia, o governo chinês fechou as fronteiras.


“Não era algo planejado, mas aconteceu que fiquei ‘presa’ no México. O namorado (com quem vim passar férias aqui) se tornou marido, e com ele decidi explorar as oportunidades no país, já que não era viável a mobilidade internacional”.


Dessa forma, ela teve que aprender espanhol e, em 2021, começou a trabalhar na Secretaria de Saúde do estado da Baja Califórnia. Hoje ela é chefe do Departamento de Evidência e Gestão de Riscos da Comissão Estatal para Proteção contra Riscos Sanitários (COEPRIS BC).


A egressa explica que: “A COEPRIS é a agência homóloga da ANVISA aqui no México. Atualmente trabalho com projetos alinhados com os objetivos do desenvolvimento sustentável: saúde e bem-estar, água limpa e saneamento. Sou participante em mesas de proteção ao meio ambiente dos municípios e do Estado de Baja California; e também atuo em mesas bilaterais com o governo da Califórnia. Trabalho com farmacovigilância, revisão da qualidade dos serviços médicos, qualidade do ar, boas práticas na manipulação de alimentos e pesquisas aplicadas relacionadas a riscos sanitários.”


Em sua carreira global como analista internacional, Laura pretende se manter trabalhando com políticas públicas e desenvolvimento sustentável, porque é uma área que a motiva. Ela também comenta que as atividades extensionistas e da graduação da Unesp a auxiliaram a ter experiência em pesquisas, atividade que faz parte de seu emprego atual e a acompanhou em sua trajetória até aqui.


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