
Ariel Nathan M. Coelho é graduado em Ciências Biológicas com ênfase em Biotecnologia e Produção pela Unesp, câmpus de Assis. O egresso conta que desde criança sempre foi apaixonado pela natureza, assim a sua graduação em Biologia uniu a sua paixão com a sua profissão. Hoje, ele está realizando o sonho de auxiliar o meio ambiente, pois trabalha com bioinsumos: uma alternativa sustentável aos agrotóxicos.
“A Biotecnologia é o futuro” afirma o ex-aluno. Essa área consiste em utilizar materiais biológicos, como fungos, bactérias e plantas, por exemplo, para obter processos ou produtos que tenham serventia para sociedade, como remédios. No caso de Ariel, ele trabalha com produção de bactérias, ou seja, bioinsumos que são utilizados na agricultura, contribuindo para fertilidade do solo, controlando pragas, substituindo os pesticidas tradicionais.
O egresso conta que os agrotóxicos contaminam e empobrecem o solo, além de serem responsáveis por intoxicações e doenças. Infelizmente, no Brasil ainda não temos uma utilização em larga escala de bioinsumos. A empresa em que Ariel trabalha, a Solubio, é uma das poucas que atua neste ramo na América Latina.
A equipe do Alumni entrevistou Ariel para que ele pudesse explicar mais sobre a utilização da Biotecnologia, além comentou sobre sua formação e sobre as contribuições da Unesp em sua vida:
O que é Biotecnologia? De que formas ela pode ajudar na sustentabilidade?
A Biotecnologia é a aplicação de tecnologias desenvolvidas a partir de sistemas biológicos. Ela está presente na Agricultura, na Medicina, nas indústrias alimentícias e farmacêuticas. Também é possível aplicar, de forma comprovada, na produção de insumos biológicos, como vacinas e medicamentos, sendo usada até para melhoria genética de plantas, entre tantos outros benefícios, que resultam, consequentemente, no aumento da qualidade e expectativa de vida humana.
Ou seja, além do fornecimento de técnicas inovadoras que incentivam práticas sustentáveis, a Biotecnologia promove o avanço científico no país. Além disso, sua utilização causa uma forte redução de custos em produções industriais
Como funciona o seu trabalho e por que ele auxilia o meio ambiente?
Atualmente, atuo na área de Biotecnologia Agrícola com produção de bioinsumos. Por definição, estes são bioprodutos desenvolvidos a partir de organismos vivos (como bactérias e fungos, por exemplo) destinados a diversas aplicações, como aumento da fertilidade do solo, disponibilidade de nutrientes para as plantações, controle biológico de pragas e doenças e, primordialmente, a não utilização de agrotóxicos nas culturas.
Os bioinsumos são o presente e o futuro da agricultura sustentável, fornecendo as bases para uma alimentação e nutrição seguras para a população, bem como mostrando a beleza e funcionalidade da sinergia presente na natureza através da ação conjunta entre os microrganismos e as plantas. Por isso, minha missão enquanto biólogo é fazer parte dos movimentos que auxiliam na construção de modelos agrícolas viáveis, executáveis e sustentáveis e, como ser humano, de deixar para as futuras gerações os exemplos de como realizar estas transformações.
Sobre os agrotóxicos usados no Brasil, de que formas eles podem prejudicar a população ou o meio ambiente?
É uma triste realidade ver que o Brasil está entre os países líderes mundiais na utilização de agrotóxicos. Os agrotóxicos representam um modelo de agricultura focado nas fontes de receita do agronegócio, isto é, no lucro de grandes empresas. Este descaso acerca da preocupação pelo meio ambiente e pela vida humana se materializa nas contaminações e empobrecimento do solo, mutações genéticas, intoxicações alimentares, doenças dermatológicas e até alguns tipos de cânceres, que estão fortemente relacionados com o aumento da utilização desses produtos.
Os impactos socioambientais a longo prazo são imprevisíveis, o que deixa explícita a urgência por alternativas sustentáveis que beneficiem de forma consciente a expansão agrícola no nosso país. A substituição dos agentes químicos pelos agentes biológicos é, sem dúvida, o caminho para as respostas que procuramos.
A Unesp contribuiu para sua formação profissional e pessoal?
A Unesp representa para mim não só um meio de ter adquirido um título ou um diploma, mas a abertura do meu caminho profissional e pessoal. Todo o aprendizado que obtive com meus professores e professoras em sala de aula, as experiências de pesquisa e estágio e as relações que construí durante este período são responsáveis por uma parte gigantesca do que sou hoje.
Ser unespiano é vestir a camisa, é alimentar todos os dias a paixão pela conquista de ocupar um espaço tão importante na educação brasileira. Eu tenho muito orgulho de fazer parte dessa história. Levo e sempre levarei Unesp comigo para onde quer que eu vá!
O que o levou a escolher o curso de Ciência Biológicas da Unesp?
Quando pequeno, me encantava muito com a natureza, os animais, as plantas e o céu. Essa paixão me acompanhou durante a infância toda e quando passei da adolescência comecei a pensar em quais as possibilidades de alinhá-la com a minha futura profissão. Não digo que escolhi a Biologia, ela que me escolheu. A universidade pública era uma realidade muito distante para mim, sobre a qual fui ter conhecimento e contato por volta dos 18 anos. A partir daí, me dediquei a ocupar este espaço e foi quando descobri a Unesp e, nela, a oportunidade de construir uma carreira fazendo o que amo e estando em uma instituição gigante, de qualidade, que forma os melhores profissionais do mercado e abraça a pesquisa em Ciência e a educação no país. A Unesp também me escolheu.
Qual foi sua motivação para optar pela ênfase em Biotecnologia e Produção?
No curso de bacharelado em Ciências Biológicas do campus de Assis tínhamos a opção de escolher a ênfase em Meio Ambiente e Diversidade ou Biotecnologia e Produção. Nos dois primeiros anos da graduação, já me interessei muito pela Biotecnologia, principalmente por conta de professores e professoras que atuam na área e têm projetos incríveis. Optei por ela porque era uma novidade que me instigava e me despertava a curiosidade. Depois que comecei a cursar as matérias, minha mente expandiu e me mostrou toda a relevância ambiental, social e econômica, bem como as inúmeras possibilidades de aplicação dentro e fora da universidade.