
Quando Lawrence Ikeda se matriculou no curso de Biologia com habilitação em Gerenciamento Costeiro, em 2003, ele não imaginava que construiria sua carreira na televisão. “Sempre fui apaixonado por pesca e pela biodiversidade aquática”, conta o egresso que, hoje, é apresentador do Biopesca, onde ensina sobre biodiversidade e consciência ambiental, com foco na pesca esportiva. O programa é transmitido pelo canal por assinatura Fish TV e, também, pode ser assistido online.
Desde criança, Lawrence é “fascinado por tudo que envolve a Biologia”, o egresso começou duas faculdades antes de entrar para a Unesp, iniciou uma graduação em Medicina e, depois, em Engenharia Agronômica na USP. Em 2002, surgiu um outro caminho, que dialogava mais com seus interesses: “Ainda cursando Agronomia descobri que a Unesp tinha iniciado os cursos de Biologia Marinha e Gerenciamento Costeiro, em São Vicente, litoral de São Paulo. Como sempre fui apaixonado por pesca e pela biodiversidade aquática e resolvi prestar mais um vestibular”.
Assim, o egresso foi aprovado para a segunda turma do curso recém criado pela universidade. Ainda estava na graduação, em 2006, quando passou a colaborar com matérias em revistas especializadas sobre pesca esportiva. Após 5 anos, recebeu o convite para participar da Fish TV e apresentar um programa que tivesse um forte vínculo com a Biologia, mas apresentasse as informações de forma didática e simples. O biólogo afirma: “Algo que sempre me chamava atenção, durante a graduação, era a divulgação científica e eu também pensava em como poderia retribuir à sociedade o conhecimento que adquiri durante essa formação”.
O biólogo explica que o principal objetivo do Biopesca é transmitir conhecimento e curiosidades científicas através de uma linguagem didática e acessível. Lawrence conta: “Além de ensinar boas práticas para o pescador amador e esportivo, procuro levar ao canal a importância das ações de conscientização e preservação recursos socioculturais e naturais, como a valorização e respeito às comunidades tradicionais e povos indígenas. O conteúdo também tem a finalidade de aproximar as pessoas da natureza. Assim, a partir desse contato, elas se tornam parte do meio e entendem a necessidade de se preservar o meio ambiente”.

Pesca Esportiva utilizando as técnicas corretas que visam a sobrevivência do peixe ao ser devolvido para o ambiente. Foto: divulgação.
O começo do trabalho na televisão envolveu bastante dedicação, pois é uma área muito distinta de sua formação em biológicas. Lawrence teve que passar por uma série de estudos e cursos para conseguir elaborar roteiros, editar, apresentar e desenvolver sua carreira neste meio.
Hoje, além do Biopesca, o unespiano já produziu dois documentários sobre meio ambiente e comunicação científica, o “Brasiliensis - As ameaças ao dourado na Bacia do rio Uruguai” e “Costa das Algas”, que foi feito em colaboração com a egressa e bióloga Ana Carolina Mazzuco. A história por trás desse documentário foi contada na matéria Egressos se unem para fazer documentário sobre a Área de Preservação Costa das Algas.
Pesca, Ciência e Unesp
Lawrence explica que há um problema de regulamentação e controle da pesca no Brasil. O pescado é a única fonte de proteína animal que ainda é extraída dos ambientes naturais em pequena, média e grande escala, em proporções industriais.
“Essas atividades extrativas sem manejo, sem controle e sem utilizar estudos científicos que avaliem a saúde (quantitativa e qualitativa) dos estoques pesqueiros, tornam-se extremamente perigosas não somente para o futuro dos peixes, mas para todos os ecossistemas aquáticos e interdependentes, o que acaba colocando a humanidade em risco”, alerta o biólogo.
A Pesca Sustentável atua de forma contrária, pois visa a manutenção do equilíbrio ambiental e utiliza pesquisas científicas, que apontam para a forma menos prejudicial de realizar a atividade. Além disso, também leva em conta a dignidade das populações que praticam a pesca de subsistência, visando minimizar a pobreza e a fome.
Lawrence explica que a Pesca Esportiva considera as mesmas diretrizes, a diferença é que o peixe não é consumido e é devolvido para natureza. A ciência se torna uma aliada, pois mostra a forma correta, com técnicas responsáveis que garantem a sobrevivência dos peixes após serem pescados e devolvidos para o ambiente.
“Atualmente, o pescador esportivo brasileiro já reconhece a importância de pescar e soltar. O próximo passo é educar e abastecer esse praticante com técnicas responsáveis baseadas em estudos científicos. Felizmente, existem grupos de pesquisadores que atuam no desenvolvimento de equipamentos e técnicas que auxiliam o pescador esportivo a soltar os peixes capturados. Como é o caso do Projeto Robalo da Unesp Registro (@prorobalo)”.

Lawrence Ikeda e prof. dr. Domingos Garrone Neto, que coordena o Projeto Robalo da Unesp. Foto: divulgação.
Lawrence até hoje mantém seu vínculo com o Projeto Robalo da Unesp, que busca entender o comportamento migratório dos peixes e estuda sobre a saúde dos animais que são devolvidos para água durante a pesca esportiva. O projeto une cientistas e pescadores em prol da conservação dos peixes migradores da bacia do Rio Ribeira e do Complexo Estuarino-Lagunar de Iguape, Cananéia, Ilha Comprida e Paranaguá.
Para o biólogo, a Ciência é uma aliada da pesca e da conservação dos ambientes e populações marinhas. Seu primeiro contato com esses conhecimentos foi na universidade. “A minha passagem pela Unesp foi fundamental para minha formação acadêmica, profissional e pessoal. Na universidade, tive a oportunidade adquirir conhecimentos e trocar experiências multidisciplinares com docentes e colegas incríveis, que fazem toda diferença no meu cotidiano .A Unesp, até hoje, me estimula todos os dias para contribuir para um mundo melhor”, finaliza o egresso.
Acompanhe as aventuras de Lawrence na pesca esportiva por meio de seu perfil no Instagram , onde ele compartilha seu dia-a-dia e curiosidades científicas.