Pedagoga utiliza a Educação para enfrentar a violência sexual contra menores | Alumni Unesp
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Publicado em:
13/03/2021
13/03/2021
Tempo de leitura: 6 min

Pedagoga utiliza a Educação para enfrentar a violência sexual contra menores
Na luta contra o assédio sexual infantil a informação é uma arma



Hoje, Caroline Arcari é pedagoga, roteirista, escritora, CEO da editora Caqui e mestre em Educação Sexual pela Unesp. A jornada profissional dela é extensa e reconhecida, já recebeu prêmios do Ministério da Saúde, da Secretaria de de Direitos Humanos de Brasília e do Itaú-Unicef, todas essas premiações ocorreram devido à defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes. O pontapé inicial nesta jornada foi a escrita do livro Pipo e Fifi, que foi criado antes mesmo da Caroline entrar no mestrado e começar a se especializar ainda mais no universo pedagógico da prevenção à violência sexual.


Segundo os últimos dados divulgados pelo Governo Federal em 2020, ocorreram 17 mil denúncias de violência sexual contra crianças e adolescentes. Dados do IPEA ainda afirmam que apenas 10% desses crimes chegam ao conhecimento da polícia. O problema é grave e ocorre, muitas vezes, de forma velada. Devido a esses dados alarmantes que o trabalho da Caroline se torna tão necessário. A pedagoga utiliza a informação como uma aliada na prevenção de situações de abuso e esse conhecimento é passado de forma pedagógica, lúdica e correspondente à faixa etária da criança.


“Na editora Caqui, nossas obras são mais do que produções artísticas, elas também têm muita técnica e fundamentação teórica. Estamos sempre alinhados com a legislação brasileira sobre a proteção aos direitos das crianças e adolescentes e, também, conectados com as mais recentes produções acadêmicas sobre o tema. Os livros têm como objetivo

levar informação ao público infantojuvenil”, afirma a educadora.


Caroline apresentando o livro "Pipo e Fifi" no programa Encontro com Fátima Bernades da Rede Globo. Imagem: Editora Caqui.


O Livro Pipo e Fifi já tem mais de 10 anos e foi criado sob o lema de que “informação protege”. Essa obra ensina de forma lúdica sobre quais são os toques “do sim” e os toques “do não”, assim explicando mais sobre as partes do corpo em que a criança pode ser tocada. Além disso, apresenta a ideia de que o corpo é da criança e ela pode escolher não ser tocada, mesmo que seja um simples abraço, a criança tem o direito de negar o toque sobre o seu corpo caso não o queira. O programa “Como Será” da rede Globo mostrou como contar a história do Pipo e da Fifi em uma sala de aula.


Caroline conta que já atuava como escritora antes do mestrado e que nunca havia planejado ter um título de mestre, acabou ingressando devido ao interesse em Educação Sexual, área de ensino ofertada pela Unesp em Araraquara. O livro Pipo e Fifi foi escrito antes dessa experiência, ela conta que a obra tem como base a sua experiência prática como educadora, motivada, também, por uma inspiração artística. Sua experiência na Unesp foi relevante para o sua atuação: “foi no mestrado que fui entender como fundamentar, a partir de teorias, o meu trabalho. Ele acabou me trazendo todo o aparato teórico necessário. Hoje, o livro já está na oitava edição, a gente mudou um pouco o texto e algumas ilustrações, justamente para se adequar às pesquisas atuais. Por isso afirmo, que a edição de 2020 é a melhor”. 


Caroline afirma que a Educação Sexual tem impactos positivos para o desenvolvimento infantil e juvenil. “Muitas pesquisas mostram que crianças e adolescentes com acesso à Educação Sexual têm maior probabilidade de reconhecer a violência sexual, caso ela ocorra, e de conhecer as ferramentas para pedir ajuda. Esse conhecimento também é capaz de adiar o início da vida sexual e promover atitudes mais responsáveis e saudáveis quando ela começar, é possível que comece com o uso de preservativos, por exemplo, e escolhas mais responsáveis nesse âmbito”. 


Perigos na internet


“Estamos vivendo uma grande revolução em relação ao acesso ao conhecimento promovido pelas novas tecnologias. Gosto de dizer que a web é como uma grande praça, onde as crianças podem se divertir, mas também tem seus perigos. Então, a gente precisa da mediação dos adultos e precisamos lutar para que essa praça seja um lugar seguro, para que as crianças realmente possam ter lazer”, afirma a educadora.


Ela afirma, que nessa “praça” as crianças precisam de orientação, para que elas possam “brincar” com segurança. A mediação do adulto, também, precisa limitar a quantidade de tempo que os filhos ficarão olhando para a tela do computador, para garantir um acesso saudável.


A educadora reafirma que fazer da internet um local seguro não é responsabilidade só das famílias, mas de todos nós. “A gente precisa pensar que a sociedade, o estado, a família, todos e todas precisam estar atentos para criar esse meio seguro com uma legislação codificada e políticas públicas. Para que possamos responsabilizar as pessoas que cometem crimes na internet. As políticas públicas são muito necessárias para que o acesso das crianças a internet seja prazeroso, seguro e traga impactos positivos no desenvolvimento delas”.


Jornada como educadora


Caroline conta que a vontade de ser professora vem da infância. “Sempre admirei muito as professoras que me ensinaram na escola, acabei desenvolvendo essa essa vontade desde muito pequenininha, colocava todas as minhas bonecas e meus bichinhos em uma sala de aula, gostava de brincar de professora. Fiz o magistério, sou daquela época que ainda tinha o ensino profissionalizante. Depois, entrei para a Pedagogia, estar em sala de aula e trabalhar com crianças sempre foi uma grande vontade. É engraçado que hoje não estou em sala de aula, mas estou ocupando espaços como pedagoga que nunca imaginei. Atualmente, sou roteirista de TV em programas educativos, trabalho com peças de teatro, sou consultora da Unicef e também já trabalhei com o Comitê Olímpico do Brasil”. 


Ela também conta que a criação da editora Caqui veio junto com a publicação do livro Pipo e Fifi, porque ela nunca quis ceder os direitos autorais a uma editora. Dessa forma, pode ter liberdade para autorizar peças de teatro do Pipo e da Fifi e fazer doações de cópias do livro para instituições relevantes. 


Além da prevenção ao assédio sexual, a Caqui tem como objetivo “abraçar toda essa pluralidade de infância que existe no Brasil e a nossa diversidade social”. Caroline conta que para a editora são importantes as temáticas antirracistas e livros que apresentam representatividade para crianças negras. Assim como estimular a construção de masculinidades mais saudáveis e positivas..


“Hoje, a gente fala que a editora publica livros com temáticas de impacto social. Me sinto honrada por conviver com pessoas da equipe que são incríveis, priorizamos o contrato com mulheres, tanto que a maior parte da nossa equipe é formada por elas e, também, de grupos minoritários”


Dessa forma, a jornada educadora da Caroline influencia de forma positiva a sociedade, traz uma mensagem de inclusão e, também, traz informações que previnem crimes sexuais contra as crianças e adolescentes. Para conhecer a editora Caqui, seus livros e a equipe que trabalha junto com a Caroline para fazer tudo isso funcionar, clique aqui.





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