Luis Felipe Sandrini entrou na Unesp em 2001. De lá pra cá muita coisa mudou em sua vida. Hoje, ele é assistente de finanças e administração do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU, e passou por histórias e experiências na universidade que construíram quem ele é. Só na universidade, Felipe colecionou uma série de situações que, somadas à experiência profissional, o fizeram crescer e chegar ao posto que ocupa hoje. 

Universidade em outra época

O ano era 2001 e Felipe estava entrando no curso de Economia da Unesp Araraquara. Com a mudança de cidade e de ares, uma república foi o lugar ideal para o estudante começar a encarar a nova realidade de estudos e de formação acadêmica. Morando com mais de 10 pessoas, a troca de conhecimento e o convívio intenso trouxeram para os estudantes em um geral uma outra visão de mundo.   

“O fato de eu ter morado em república me desenvolveu muito. Foi uma república grande que unia vários grupos. O engraçado é que naquela época não tinha tanto a tecnologia forte, então a vivência era muito diferente, nesse sentido, de forma muito positiva” relembra Luis Felipe. 

O curso de economia da Unesp também traz lembranças positivas para o egresso. Com uma carga teórica muito forte e o estímulo à reflexão crítica, Felipe conta que a formação da Unesp fez muita diferença em sua atuação como profissional: “O curso de economia trouxe uma perspectiva histórica da economia brasileira, do pensamento econômico. E essa carga teórica foi muito importante como base de reflexão e análise, para outras coisas que a gente pode extrapolar com esse conhecimento dentro do nosso ambiente de trabalho”. 

Com o ciclo de expansão da Unesp por todo o interior de São Paulo nos anos 2000, pessoas de diferentes realidades foram entrando na universidade e enriquecendo esse espaço como ambiente de discussão política e troca de saberes. Esse universo que reúne gente de todos os cantos do interior paulista com bagagens distintas faz com que o aprendizado durante os 5 anos de graduação ultrapassem as questões teóricas e técnicas da profissão.

“A convivência com pessoas de diferentes perspectivas e realidades acaba enriquecendo a sua experiência. É uma ideia que você abre e cria pra gente um momento de reflexão, uma quebra de ideias pré concebidas e de paradigmas também. Foi um momento de transformação e crescimento pessoal” destaca o egresso. 

Mas a universidade pode oferecer um campo muito maior para estudar e conhecer outras culturas e saberes. No último ano da graduação, Felipe conheceu o programa de convênio da Unesp com outras universidades do mundo e teve a ideia de concluir as disciplinas do curso em outro país.

Durante o 4º ano da faculdade o egresso viajou para Roma e fez as equivalências das disciplinas que faltavam. Quando voltou para o Brasil só faltava terminar o TCC. A viagem no último ano inspirou Felipe a continuar estudando inglês depois de se formar. Viajou, fez um trainee em uma das 4 maiores companhias de consultoria e auditoria do mundo, foi efetivado, rodou por empresas até que chegou à ONU em 2017.

Trabalho pela erradicação da fome no mundo

Depois de ficar 7 anos na mesma empresa, Sandrini decidiu prestar um concurso seletivo para trabalhar no Centro de Excelência contra a Fome, do PMA. Foi aprovado e decidiu topar o desafio de ir morar em Brasília trabalhando na maior agência de ajuda humanitária do mundo.   

O PMA atende mais de 86 milhões de beneficiários em 83 países com o objetivo de erradicar a fome no mundo. Aqui no Brasil o trabalho do escritório é um trabalho de apoio técnico no âmbito de uma cooperação Sul-Sul, entre países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. O centro traz as experiências de políticas públicas exitosas no Brasil de combate a fome e compartilha isso com esses países no âmbito dessa cooperação Sul Sul, principalmente com países da África.

Entrar em uma agência de atuação humanitária global, para o egresso, “foi o fruto dessa bagagem adicionado a um direcionamento de carreira, muito vinculado ao propósito que eu queria encontrar no trabalho. Era algo que eu já estava procurando e foi o único processo seletivo que eu participei fora de São Paulo” explica Luis Felipe

O principal objetivo que o PMA segue é o número 2 da ONU, de erradicar a fome. É o que guia os trabalhos do PMA. Por atuar na gestão de recursos do Programa Mundial de Alimentos, Felipe tem muita responsabilidade nos aspectos financeiros da agência. A gestão econômica volta a atenção para a utilização eficiente dos recursos, para que na ponta o trabalho seja feito da melhor forma. Toda essa parte financeira do escritório em si, do planejamento, da parte de dia a dia é feito no centro. 

Mesmo depois de tanto tempo e passagens por tantos lugares diferentes, Luis ainda sente saudades dos tempos de Unesp: “Foi um período de bastante importância para o meu crescimento pessoal. Eu participei de muitas coisas na faculdade, participei do Eneco (encontro nacional de economia) no Rio de Janeiro, e teve um período que eu tive possibilidade de desenvolver alguns desejos individuais. Tive amigos de diversos cursos, a troca de informação foi muito bacana. A gente tem bastante contato com o pessoal da faculdade ainda, nos encontramos em casamentos, encontros, aniversários. Temos grupo no whatsapp, então foi um resultado, algo que eu trouxe da Unesp que me deixou muito feliz, que com certeza me trouxeram muito do que eu sou hoje” relembra Felipe.