Lucas Toledo é graduado em Administração Pública pelo câmpus de Araraquara. Para quem chegou confuso com relação ao curso de ensino superior que faria, Toledo saiu da UNESP com mais do que esperava aprender na universidade. Nesta entrevista, o mineiro que agora mora em São Paulo, conta um pouco sobre a sua trajetória na UNESP e o que levou desta experiência para a vida.

ALUMNI: Como você foi parar na UNESP?
Lucas: Eu sempre fui muito perdido em relação ao curso que eu gostaria de fazer. Eu terminei o ensino médio em 2009 e até 2012 eu prestei vestibular para vários cursos — jornalismo, arquitetura, matemática, geografia, economia, relações públicas, psicologia. Fiz cursinho em São Paulo, e lá uma das áreas de conhecimento que eu me interessei foi as da ciências sociais aplicadas.
Mas eu nunca quis ir para o interior, e quando eu passei na Unesp, em 2012, fiquei com o pé atrás… Até que uma prima me falou“cara, vai sem medo”. Ela tinha feito UNESP Marília, conheceu namorado na UNESP, ele fazia Ilha, e eles me contaram que, enquanto eu estivesse lá, eu teria certeza de que você não ia querer sair mais. E foi muito isso.
Eu nunca tinha imaginado como seria a faculdade. As pessoas foram muito acolhedoras, fiz muitos amigos e o fato de a faculdade ser interiorana faz com que você encontre pessoas de todos os lugares, e todo mundo ali tá longe de casa, sabe, e acaba criando uma família nova.
Falando um pouco da faculdade, o que você fez durante a graduação?
Logo que eu entrei, eu comecei a frequentar o Centro Acadêmico de Administração Pública (CAAP). E isso me marcou muito; eu entrei em março e em abril já estava participando das reuniões.
No final do meu primeiro ano, a Gabi, que era presidente na época, me convidou para ser o vice-presidente dela. Eu estava no segundo ano da faculdade, e a gente tinha uma gestão meio compartilhada, nossa função era representar a entidade, o corpo discente. E ao longo do ano uma das diretorias que ficou vaga foi a diretoria de projetos. Junto com a vice-presidência eu assumi a diretoria de projetos, mesmo sem saber o que essa diretoria fazia.
No ano seguinte, em vez de ficar na presidência, como era o esperado, eu fui o Diretor de Projetos; e entrei na área entendendo o que ela fazia, conhecendo os projetos que tinham sido engavetados...
Conta mais sobre isso, como foi essa experiência?
Um dos projetos que a gente fez ressurgir foi o "CAAP Solidário". A ideia inicial era adotar uma entidade de Araraquara na qual a gente pudesse, de alguma forma, fazer uma ação que aproximasse o corpo discente dos araraquarenses. Naquele ano, a gente escolheu um orfanato da cidade; passamos uma semana vendendo geladinho lá no campus, que é consideravelmente quente, e arrecadando produtos de limpeza, que foi uma solicitação do orfanato.
A gente chegou no final da ação e falou assim “agora a gente chega lá entrega o que arrecadou em dinheiro e mais os materiais de limpeza e pronto?”. Daí pensamos em fazer uma festinha, chamar alguns alunos e ter algum tipo de integração com o orfanato. Não foi exatamente como eu tinha imaginado, mas essa foi uma ideia que a gente conseguiu vender, que os projetos do centro acadêmico tivessem a ver com Araraquara.
Qual é a lembrança mais marcante que você tem da UNESP?
Eu não consigo falar um ponto marcante porque tudo foi muito vivo, ainda é muito vivo. Vai desde uma ida ao Inter, a minha formatura, a minha colação de grau, o meu primeiro dia de aula… Lá no câmpus de Araraquara tem um espelho d’água que é onde todo mundo tira as fotos da formatura.
Todo mundo que estudou lá já ouviu que quando você entra no espelho d’água significa que tá acabando. Então esse dia ainda é muito vivo na minha memória. Mas eu tenho muitas memórias e coisas boas da UNESP, isso me faz muito bem.
No ano passado você escreveu um texto sobre a sua experiência na UNESP, e esse texto bombou nas redes. O que te motivou a escrevê-lo?
Olha, explicar como o texto surgiu é até engraçado. Primeiro, que eu não esperava que as pessoas fossem compartilhar esse texto da forma que compartilharam. O Facebook mostra o número de visualizações da postagem para quem escreveu e hoje bateu 4 mil leituras. Isso para mim é algo fora do comum.

Naquele dia fazia pouco mais de um ano que eu tinha saído de Araraquara, então eu estava meio saudoso, com vontade de estar lá ainda. E no feed de notícias apareceu uma foto do campus da UNESP Ourinhos. Eu olhei para aquela imagem, uma foto relativamente simples, consigo até descrever o campus sem nunca ter pisado em Ourinhos: é uma foto de um segundo pavimento, que dá para um descampado e era um pôr do sol. Não havia nada de mais. Mas eu fiquei olhando e pensando “que beleza de foto!”. Foi aí que comecei a refletir — será que a UNESP é mais bonita para mim do que para os outros?
Eu fiz alguns relatos no texto que são reais: eu estava no parque olímpico, no Rio de Janeiro, com uma camiseta escrito "UNESP Araraquara" e passou um menino com o abadá de Guaratinguetá e ele olhou para mim, eu olhei para ele e a gente se abraçou. Minha prima me perguntou “quem é essa pessoa?” e eu falei “não faço ideia”. A gente só se abraçou e seguiu.
Quando eu entrei na UNESP, eu fiz minha matrícula e comprei o kit que o Centro Acadêmico vendia [para os ingressantes], com caneca, camiseta. Eu moro próximo ao Muzambinho e fui passar o carnaval lá; e aí levei minha caneca. Passa um pouquinho, um pessoal me encontrou e me pergunta “cara, você também é da UNESP?”. Naquele momento eu não era um unespiano de fato, eu não sabia o que significava essa sinergia que rola; e eles me abraçaram, fizeram a maior festa comigo e eu não estava entendendo nada.
Isso já aconteceu muito comigo e foi daí que foi surgindo o texto, foi numa reflexão muito pessoal do que eu senti na UNESP, do que ela me proporcionou e de como isso vai se tornando uma verdadeira paixão, sabe.
E como você acha que a UNESP te ajudou a ser quem você é hoje?
O maior peso que a UNESP tem em mim é em como ela impactou a minha forma de enxergar o mundo. Eu penso muito em propósito de vida, e defino o meu como “promover novas experiências para uma sociedade mais integrada com compaixão e coletividade”; foi a UNESP que me ajudou a pensar desta forma, como uma verdadeira mentora. Se hoje eu penso isso é porque eu tive essa experiência e eu vi que isso era capaz de mudar o mundo.
Tem também questões como as cotas, por exemplo. Antes da UNESP eu tinha uma visão estreita, mas dentro da universidade mudei minha opinião através da vivência.
A UNESP é isso, um jeito mais amistoso de ver um mundo.
Eu brinco que quando a gente encontra um unespiano em qualquer lugar, parece que a gente se sente amigo. E em algum momento a gente vai querer conversar, trocar uma ideia, seja se essa pessoa é formada há 10 anos, ou é de outro campus e nem faça ideia de quem você seja, enfim. Acho que essa relação mais humana que a gente passa a ter é uma vantagem da UNESP.