Egresso cria primeiro portal de revistas científicas em Angola | Alumni Unesp
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Publicado em:
21/03/2022
21/03/2022
Tempo de leitura: 7 min

Egresso cria primeiro portal de revistas científicas em Angola
Felizardo Costa é angolano e cursou o mestrado e o doutorado na Unesp em Assis



Ao longo dos anos a Unesp tem formado estudantes nacionais e internacionais, como é o caso de Felizardo Costa. O egresso partiu de Angola e veio para o câmpus da Unesp em Assis, onde cursou mestrado e doutorado em Psicologia. Esse intercâmbio foi motivado pelo desejo de se tornar um cientista. Após o retorno ao seu país de origem, em 2016, o unespiano criou o primeiro portal de revistas científicas de Angola: o Portal Pensador.


Essa iniciativa resolveu um problema do país, pois não havia como utilizar autores angolanos em uma pesquisa acadêmica, devido a falta de publicação de artigos. Felizardo explica “sempre que fôssemos estudar um assunto, por mais simples que fosse, recorríamos a autores estrangeiros, mesmo quando se tratavam de assuntos relacionados a nossa cultura local. Ou seja, nos era incutida a ideia de que não existiam pesquisadores angolanos a produzirem ciência”.


“Então posso dizer que a minha principal motivação foi uma certa rebeldia, ou a minha recusa em aceitar que não existiam autores angolanos que nos pudessem servir de referência”, conta o egresso.


O Portal Pensador já publicou 110 artigos científicos originais, com 235 autores e co-autores angolanos e estrangeiros. O site estimula a formação de novos leitores, autores, pesquisadores, avaliadores e editores científicos. Também são oferecidas formações para os usuários, a fim de que eles compreendam seu papel na cadeia de produção científica e  qualificarem seus trabalhos. 


Além disso, é prestado auxílio às universidades angolanas, para que elas criem suas próprias revistas científicas.O unespiano ressalta que o portal permite o aumento da visibilidade da produção científica nacional angolana.


Hoje, Felizardo mora em Dande-Caxito, no estado de Bengo (AO) e é diretor geral adjunto de Assuntos Científicos e Pós-graduação da Escola Superior Pedagógica do Bengo, onde também é docente do Departamento de Ciências da Educação. Além de exercer o cargo de co-fundador e editor chefe da Revista Angolana de Extensão universitária, que foi o primeiro periódico do site, agora já são 5 revistas acadêmicas em funcionamento.


O contato com outros egressos do câmpus também rendeu frutos positivos: “As redes de trabalho na Unesp têm sido muito úteis para a criação de uma base de avaliadores e colaboradores qualificados. Em muitos processos temos contado com ex-alunos da Unesp, essas redes de colaboração têm atraído novos autores e editores adjuntos para as revistas do Portal”. 


7 anos de Unesp: contribuições, intercâmbios e vivências 


Ele afirma que os 7 anos que passou na Unesp contribuíram para que ele realizasse o sonho de criar o portal. “Ao ter contacto com a Plataforma SEER e ao observar a forma como era usada pelas universidades brasileiras, compreendi que o Online Journal System (OJS) podia ser também o nosso caminho”. 


Quando veio para o Brasil, Felizardo estudou sobre publicação científica em paralelo com seus estudos sobre Psicologia. Ele participou de dois projetos sobre criação de periódicos, um deles levou a criação da revista científica discente da Pós-graduação em Psicologia do Campus de Assis (Revista Parrésia), que existe ainda hoje. 


“Eu tenho que reconhecer que estava numa situação privilegiada, porque estudava em uma universidade que oferecia condições que nunca tinha tido antes. Falo da qualidade do acervo da biblioteca, do próprio tamanho do campus, da existência de um refeitório dentro do campus. A liberdade que os estudantes tinham para criar coletivos de discussão, a diversidade de atividades culturais e artísticas dentro da própria universidade e a diversidade de grupos de estudo, laboratórios e eventos científicos-académicos, inclusive organizados pelos próprios alunos”

 

O doutorado, segundo ele, foi fundamental para  alcançar sua maturidade como pesquisador. Felizardo também ressalta a orientação científica que recebeu do prof. dr. José Sterza. Assim como, o projeto de extensão “Incubadora de Cooperativas Populares” que marcou sua formação. A experiência foi feita sob coordenação da profa. dra. Ana Maria de Carvalho e do prof. dr. Carlos Ladeia. 


“Nunca tinha ouvido falar de incubadoras universitárias e menos ainda de incubadoras populares. Para mim, o principal aprendizado neste caso foi com a compreensão de que as políticas públicas seguem uma ética e que a nossa atuação profissional está sujeita à opções éticas e políticas, que refletem na escolha dos grupos com que queremos trabalhar, qual população ou clientela queremos assistir, quais metodologia de trabalho escolhemos seguir, etc. Todas essas predileções têm efeitos concretos na vida das pessoas”


Sobre o câmpus, ele relembra como era importante o incentivo à cultura, oficinas de dança, capoeira, línguas, músicas, encontros sobre cinema e atuação das Atléticas. 


A trajetória de Angola para o Brasil

 

Sua primeira formação foi em Psicologia pelo Instituto Superior de Ciências da Educação da Huíla (instituição pública angolana) em 2008. Como desejava seguir o caminho acadêmico, Felizardo passou a procurar um programa de mestrado.

 

“Um amigo e colega do ensino médio, Ivo D´ha, estudava no Brasil cursando Engenharia eléctrica no campus de Guaratinguetá. Ele falou-me da Unesp e da qualidade de ensino da instituição. Comecei a estudar os rankings internacionais e vi que a Unesp estava muito bem qualificada. Também tinha a vantagem de que, diferente de Portugal, as universidades públicas brasileiras já eram gratuitas”. 

 

Assim, em 2008, ele foi para Assis como aluno especial e prestou o mestrado para o ano seguinte. Conseguiu a aprovação em sua primeira tentativa e, no Brasil, ele também deu início a sua carreira como escritor e, hoje, já publicou dois livros.

 

Culturalmente, ele afirma que os dois países possuem diferenças: “As relações entre as pessoas são muito diferentes, algumas situações causavam-me um grande estranhamento, como o fato de que era normal abraçar alguém que você acabou de conhecer e o tratamento pelos nomes, mesmo na relação entre professores e alunos. Essas eram algumas situações que me causavam estranheza, mas que com o tempo fui aprendendo a lidar”

 

Dessa forma, ao refletir sobre toda essa experiência de ter morado em outro país e frequentado a universidade, Felizardo conclui: “Posso dizer, para terminar, que sem a experiência que obtive na Unesp, não teria sido possível a criação do Portal Pensador e muito menos teria condições de ajudar no surgimento de novos periódicos, autores e editores”. 



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