Egresso comenta sobre a contribuição do Núcleo Negro para Pesquisa e Extensão Universitária em sua formação | Alumni Unesp
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Publicado em:
14/03/2023
14/03/2023
Tempo de leitura: 6 min

Egresso comenta sobre a contribuição do Núcleo Negro para Pesquisa e Extensão Universitária em sua formação
O NUPE beneficiou, de diversas formas, a experiência de Matheus Vinícios na Unesp



Esconde-esconde, jogar bola e pular corda, essa foi a infância de Matheus Vinícios Teixeira nas ruas da Vila Constança em Jaçanã, um distrito da capital paulista. Quando criança, ele também se interessava por acompanhar jogos de futebol na televisão, portanto no momento em que decidiu prestar vestibular, a sua escolha de curso não poderia ser outra: Educação Física na Unesp. No câmpus de Bauru, o egresso descobriu o Núcleo Negro para Pesquisa e Extensão Universitária (NUPE), um grupo formado por discentes e docentes que foram fundamentais para sua formação.


Hoje, Matheus é graduado em Licenciatura em Educação Física, ele afirma que o NUPE o auxiliou a ampliar seus conhecimentos e experiências na área de ensino. “Acredito que participar do núcleo tenha sido fundamental para a minha formação como professor e, principalmente, como cidadão negro”, explica o unespiano. 


O contato com o NUPE ocorreu a partir do momento em que o egresso começou a entender de maneira mais ampla sobre o que era ser uma pessoa negra na sociedade brasileira. Assim, ele passou a pesquisar o tema e encontrou o núcleo da Unesp, logo entrou em contato com a Profa. Dra. Andresa Ugaya, que é uma das supervisoras do NUPE e também é docente do curso de Educação Física.


Essa experiência ocorreu simultaneamente a algumas dificuldades que o egresso estava enfrentando na universidade: “Eu estava tendo alguns conflitos com a graduação, era como se eu sentisse que não pertencia àquele espaço. Não via sentido em estar ali”, declara Matheus. Felizmente, o contato com o núcleo o auxiliou a entender melhor a situação que estava passando e o apoio da professora o ajudou a permanecer estudando. 


O unespiano conta: “Após algumas conversas com a Profa. Andresa Ugaya e também por eu ter começado a participar de discussões sobre as temáticas relacionadas às pautas raciais (principalmente na história da educação brasileira), passei a compreender a origem desses conflitos e a importância do trabalho que o NUPE realiza. Passei a entender a minha responsabilidade enquanto estudante cotista com os outros estudantes, docentes, servidores que virão ou vieram antes de mim, com quem lutou e luta para que seja possível que pessoas negras pertençam àquele espaço”.


Experiências na Universidade: desde atuação em escolas até times de futebol


Dessa forma, o NUPE fez com que o egresso se reconectasse consigo mesmo, com seu curso e seus estudos, mas a contribuição do núcleo não parou por aí. A Profa. Dra. Ugaya orientou Matheus em seu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) e ele fez um projeto como aluno bolsista, tendo a sua primeira oportunidade de conhecer de perto a atuação como professor. 


“Recebi o convite para ser aluno bolsista do Projeto de Núcleo de Ensino ‘Quilombagem na escola: A cultura negra na Educação Física e na Arte’. O projeto aconteceu em uma escola estadual da periferia de Bauru e tinha como objetivo discutir a cultura negra com estudantes do Ensino Médio e professores da escola, dentro de uma perspectiva cultural de movimentos e manifestações artísticas”. 



Matheus atuando em sala de aula. Foto: arquivo pessoal do egresso.


O unespiano comenta que foi uma experiência desafiadora: “O primeiro desafio se dava por causa do horário em que ocorria o projeto, que era o contra-turno. Ou seja, tínhamos que convencer os estudantes a voltarem para escola após o horário de aula. E, ainda mais delicado é que os participantes também tinham outras responsabilidades além de estudar, como trabalhar, cuidar da família enquanto os responsáveis trabalhavam e até mesmo realizavam outros cursos”. 


Matheus utilizava temas como “Música” para captar a atenção dos alunos e explicar mais sobre a participação de pessoas negras na história e na cultura. Além disso, também trazia atividades de origem africanas para as aulas de Educação Física.


“Em parceria com a escola estadual, ministramos algumas aulas sobre jogos africanos durante as aulas de Educação Física para as turmas do período da tarde. Também foi realizada uma entrevista com o corpo docente da escola para compreender como as leis 10.639/03 e 11.645/08 (leis da obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena na escola) repercutiam e o resultado indicou a importância de se divulgar e realizar mais cursos voltados para a temática. Todas essas experiências se tornaram trabalhos apresentados em congressos e foram publicadas em um livro”. 


Além dessas experiências voltadas para área de ensino escolar, Matheus também teve a oportunidade de acompanhar o trabalho de um fisiologista e de um preparador físico em um time de futebol sub-20 da primeira divisão nacional. Essa experiência ocorreu com a orientação e supervisão do Prof. Dr. Julio Wilson dos Santos. 


Sobre esse período, o unespiano relembra: “Foi uma experiência fantástica, acompanhar de perto um esporte que tem tanto apelo midiático e, do ponto de vista pessoal, por ser um esporte que acompanho desde criança como torcedor e espectador, assim pude ter o contato enquanto pesquisador, o que me trouxe uma satisfação ainda maior”. 


Como recém formado, Matheus está buscando se estabelecer no mercado de trabalho, o egresso comenta que a pandemia prejudicou o cenário econômico e profissional, mas que ele se sente otimista e preparado após as experiências profissionais, pessoais e acadêmicas proporcionadas pelo NUPE e pela Unesp. 


“Acredito que a Universidade contribuiu muito para minha formação. Do ponto de vista profissional, durante a graduação tive a oportunidade de participar de diversos projetos de extensão, principalmente em uma área tão vasta quanto a Educação Física. Também pude ter um respaldo maior no primeiro contato com o mundo profissional, como ao ministrar aulas para turmas de ensino fundamental com uma professora me auxiliando. Além disso, com o cenário de instabilidade, estar apto a atuar em mais de uma área é de muito valor”. 


Ele também conta que ter conhecido uma cidade nova, com pessoas de diferentes lugares do país e do mundo foi uma experiência de crescimento e aprendizado que ele levará por toda a sua vida: “Me fez enxergar além da bolha em que vivia, ver que há diferentes pontos de vista sobre tudo. Além de, claro, ter que aprender a me virar e sair da minha zona de conforto, que era a cidade em que nasci e cresci, para morar em outra cidade. Coloco a experiência no NUPE com grande contribuição para ambas as dimensões [profissionais e pessoais], pois tive a oportunidade de ouvir histórias e experiências que transcendem essas dimensões, além de ver na prática como é organizar eventos acadêmicos e toda experiência profissional citada anteriormente”. 


O egresso conclui afirmando que, para ele, a importância de haver coletivos de integração como o NUPE é de uma importância fundamental para formação dos discentes, ele também cita a importância dos movimentos estudantis no câmpus, que são voltados para todos os alunos. Para conhecer mais a atuação do NUPE dentro da universidade, siga a página do Instagram do núcleo.





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