Egressa, que trabalha com Tecnologia, dá dicas para quem deseja imigrar para o Chile | Alumni Unesp
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Publicado em:
21/01/2022
21/01/2022
Tempo de leitura: 8 min

Egressa, que trabalha com Tecnologia, dá dicas para quem deseja imigrar para o Chile
A formação interdisciplinar da Unesp apresentou a área da Tecnologia à engenheira Naara Weishaupt



Naara Weishaupt é formada em Engenharia de Alimentos pela Unesp (2006), câmpus de São José do Rio Preto. Durante a graduação, a unespiana teve contato com a área de Tecnologia ao ganhar uma bolsa de projeto para atuar em um dos laboratórios do Departamento de Ciências da Computação. Essa experiência lhe motivou a direcionar sua carreira para a área de Sistemas da Informação. Hoje, ela trabalha como diretora de Inteligência Artificial Dados na consultoria Deloitte em Santiago. Em entrevista com o portal, a unespiana separou algumas dicas para quem deseja emigrar para o Chile.


Naara está morando em Santiago há 4 anos e começou essa jornada ao ser convidada pela empresa em que trabalhava a mudar de unidade e país. A engenheira começou a atuar na empresa Everis consultoria em 2015, e conta que quando foi contratada não imaginava que sairia do Brasil - a proposta de mudança surgiu no final de 2017. Depois de algumas mudanças na carreira, atualmente, ela trabalha em uma equipe multi país (Chile e Canadá), focada em Inteligência Artificial e Análise de Dados.


Em sua carreira profissional, a egressa sempre esteve próxima da área de Tecnologia, e começou direcionando esses conhecimentos para o setor alimentício e depois para o setor financeiro. Atualmente, ela utiliza sua experiência para auxiliar empresas a tomarem decisões através de dados, desde o direcionamento de campanhas de marketing para segmentos específicos de cliente até optimização de processos da indústria financeira.


“Meu trabalho é uma evolução do que aprendi na Unesp. Hoje, atuo com governo de dados, gestão da informação e geração de insights analíticos para tomada de decisão. Os objetivos das companhias para qual atuo são buscar eficiência, otimização e poder tomar melhores decisões através de dados, de formas mais rápidas e baseadas em informações confiáveis”.


Naara se considera uma “engenheira híbrida” e afirma que a Unesp lhe proporcionou uma oportunidade interdisciplinar, pois trabalha com TI, mas sua formação em Engenharia e conhecimentos em matemática são fortes aliados em sua profissão.


“Quando ingressei em Engenharia de Alimentos, não tinha noção que minha paixão por TI era tão forte a ponto de me fazer mudar. Então sou muito grata por essa oportunidade na graduação, lembro de todos os meus professores. Na época fui presidente do Centro Acadêmico da Engenharia, ajudei a organizar congressos de Iniciação Científica, participei de outros, foi uma experiência muito produtiva que me ajudou a chegar onde estou hoje”.


A equipe do Alumni entrevistou Naara e ela selecionou algumas dicas para quem deseja imigrar para o Chile, falou sobre pontos positivos do país e, também, comentou sobre sua profissão:


Quais são suas principais dicas para estudantes ou egressos que desejam morar no Chile? 


Em 2019, o Chile passou por importantes mudanças sociais e políticas que afetaram o processo de imigração, logo depois de uma série de movimento sociais que impactou todo o país. A população estava descontente com as formas de gestão dos últimos governos, como a manutenção de privilégios para poucos grupos, que estava revertendo em pouco resultados para a maior parte dos chilenos. Esse contexto e a entrada de muitos imigrantes nos últimos 5 anos acabou fazendo com que o país se tornasse um pouco mais rigoroso com as imigrações.


Antes era possível imigrar para o Chile somente com o visto Mercosul, que podia ser solicitado diretamente aqui. Depois da revolução e da pandemia, o governo implantou uma nova lei de migrações em 2020, determinando que os vistos de trabalho somente possam ser solicitados antes de se ingressar ao país. Consequentemente, a vinda de estrangeiros para trabalhar sem a autorização de um empregador antes de chegar aqui não está mais ocorrendo. Atualmente, não é viável vir para o Chile e buscar trabalho depois.


Uma possibilidade para estudantes são os convênios entre universidades brasileiras e chilenas, no qual é possível ser um estudante brasileiro e buscar estágio aqui. Também há as graduações ou pós-graduações sanduíches. Em caso de estudantes da Unesp, eu sugeriria entrar em contato com a parte de intercâmbio de seu câmpus e se informar sobre convênios com as universidades chilenas. A Universidade do Chile e a PUC são instituições de alto nível de ensino.


Já para egressos que têm vontade de trabalhar aqui, acredito que o melhor caminho seja buscar companhias que tenham posicionamento multinacional. Isso não vale só pro Chile, mas para qualquer país que se deseje imigrar, por exemplo, se você tem interesse de ir para Europa, busque trabalhar em uma companhia com presença forte por lá.


As áreas de Tecnologia, Industrial, Gestão Energética, Produção de Energia são muito fortes no Chile.


Quais os pontos positivos em morar no Chile?


Como a população é menor, as cidades também são bem menores, inclusive as capitais. Há uma oferta de produtos e serviços em uma escala menor que no Brasil, mas mais internacionalizado. Consigo ter acesso a produtos e serviços de outros mercados, principalmente do mercado americano. Aqui é um lugar bastante globalizado, há muitos estrangeiros: sul americanos, europeus, asiáticos, etc.


A economia também está mais estável do que no Brasil e a moeda aqui é mais valorizada. Seria muito difícil eu ganhar o mesmo salário que ganho aqui no Brasil e por esse motivo aqui é muito melhor para eu construir patrimônio para meu futuro. Os gastos aqui também são altos, mas as compensações são altas, por exemplo em segurança, saúde e qualidade de vida.


O mercado de trabalho é aquecido, se demanda muitos técnicos e especialistas; por ser um país menor, o Chile não tem velocidade para produzir tanta mão de obra qualificada nas universidades e centros de ensino. Isso ocorre, principalmente, em áreas como Tecnologia e Marketing. Profissionais especializados têm boas oportunidades através da comprovação de experiências obtidas em mercados mais desenvolvidos como o brasileiro.


Também o acesso e proximidade com a natureza, que está muito integrada com as cidades chilenas, bem diferente do que se encontra em São Paulo. Para mim, as áreas verdes, acesso a atividades de montanhismo, neve e esqui reforçam a lista de qualidades que tornam Chile um bom lugar para morar.


Lazer no Chile. Foto: arquivo pessoal de Naara.


A segurança também é um diferencial, apesar de não ser o lugar mais seguro do mundo, não é nada comparado com violência nas grandes cidades brasileiras. O povo chileno também é um pouco mais fechado e de poucas palavras, mas os estrangeiros que estão por aqui tentam trazer um clima mais parecido com o brasileiro: caloroso, de amizade e de muita conversa.


Santiago é um bom lugar para se desenvolver em um momento intermediário da carreira, o que fez muito sentido para mim. O mercado brasileiro, por ser muito maior que o chileno, permite que você aprenda bastante e muito rápido. Já no Chile, pude me aprofundar mais na minha carreira, porque é um lugar tranquilo e onde o mercado é um pouco mais lento. Tudo que aprendi no Brasil antes de vir é considerado um super conhecimento no mercado local.



O que lhe motivou a escolher Engenharia de Alimentos na Unesp?


Eu gostava muito de Química na escola, me interessava por qualquer formação que fosse derivada dessa disciplina e eu procurei algumas opções que tivessem mais aplicabilidade, como as Engenharias. Como também tinha vontade de trabalhar com processos produtivos, acabei optando por Engenharia de Alimentos.


Como ocorreu aproximação com a área de Tecnologia na graduação, foi por acaso ou escolha?


Foi uma escolha, eu gostava mesmo. Sempre gostei muito de Tecnologia, em casa eu era a pessoa que dava suporte técnico a equipamentos de todo o tipo, gostava de eletrônica e de máquinas. 


A partir do momento que tive contato com colegas do câmpus que eram da área de Computação, consegui aprender a diferença entre as frente da dessa ciência, como: Automação; Computação Científica; Sistema de Computação e Sistemas da Informação(SI). SI é a área mais palpável tecnologicamente para pessoas que não conhecem muito tecnologia.


Depois dessa aproximação comecei a me interessar, eu tinha uns amigos que participavam de um laboratório e desenvolviam diversos sistemas para a própria Unesp e eles, também, faziam projetos de desenvolvimento em parcerias com governos do estado e da cidade.


Me candidatei a uma bolsa de projetos e fui aprovada, durante essa experiência, alimentei um banco de dados que fazia parte de um convênio com a área da Saúde Ocupacional nos municípios. Implementamos um sistema de informação e vigilância sobre acidentes de trabalho, visando a prevenção desses.


Depois, junto com os estudantes do laboratório, passei a trabalhar com testes de Softwares e comecei a gostar do mundo tecnológico por causa dessas experiências.



Deseja voltar para o Brasil?


Não quero passar o resto da minha vida no Chile, mas desejo ficar mais alguns anos por aqui. Depois quero buscar uma outra oportunidade internacional de trabalho, escolhi a empresa que estou agora também porque também temos uma equipe no Canadá, então posso no futuro emigrar para lá. Eu gosto de viver o dia a dia em outras culturas, isso me agregou muito em termos de conhecimento, hoje sou uma pessoa mais tolerante, me tornei uma pessoa melhor e aprendi a falar mais uma língua. Trabalhei com pessoas de vários países e conheci coisas que nunca poderia no Brasil, hoje quero continuar conhecendo outros lugares antes de voltar definitivamente para o Brasil.




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