Egressa, contratada como analista, se torna COO e sócia da empresa ACE aos 27 anos | Alumni Unesp
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Publicado em:
07/05/2021
07/05/2021
Tempo de leitura: 6 min

Egressa, contratada como analista, se torna COO e sócia da empresa ACE aos 27 anos
A unespiana criou um produto inovador, o que fez com que ela subisse de cargo e entrasse em sociedade a empresa



Milena Fonseca, aos 27 anos, se tornou a primeira mulher a ser sócia da ACE, uma aceleradora de startups que presta consultoria em inovação. Além da nova parceria, ela também é COO (diretora de operações) da empresa. A jovem conta que tem a “Unesp no coração” desde os 15 anos, quando estudou no Colégio Técnico Industrial (CTI) da Unesp no câmpus de Bauru. Seu relacionamento com a universidade continuou na graduação, quando escolheu cursar Relações Internacionais (RI) no câmpus de Franca.


Durante a faculdade, Milena teve experiências que contribuíram para sua carreira, ela fez parte do Movimento Empresa Júnior por 4 anos. “Logo no primeiro ano, entrei na ORBE [empresa júnior de consultoria internacional] e passei por bons perrengues, não sabíamos como captar recursos para sobrevivência da empresa e tínhamos dívidas. Essa experiência foi muito importante, porque além de aplicar na prática os conceitos que a gente aprendia na faculdade, também foi uma oportunidade para aprender como funciona uma empresa: a organização do setor financeiro, fiscal, jurídico e comercial. Nesse período, estudei muito sobre empresas, fui vice-presidente, presidente e também fui do conselho do Núcleo Unesp”.


Na verdade, a ORBE não foi a primeira experiência empreendedora da jovem, essa ocorreu quando ela estava na sétima série. Milena é nascida e criada em São Paulo, mas se mudou para Bauru no início do ensino fundamental II. Em sua escola havia um curso de empreendedorismo com desafios para os estudantes, em um deles a garota teve que modelar um negócio: vender sorvetes na frente da escola. “Eu vendi por pouco tempo e consegui o dinheiro que buscava, que era pra ir ao cinema. Foi o primeiro momento em que senti como era ter a minha independência, porque eu não precisei pedir dinheiro para os meus pais e isso, para mim, foi muito empoderador”. 


O sentimento gerado pela vendinha de sorvetes fez com que Milena continuasse correndo atrás de sua independência. Durante seus estudos no CTI, ela optou pelo ensino técnico em Informática e fez dois estágios, trabalhando com programação, códigos e softwares. 


“Depois desse tempo, percebi que eu não era da área de Exatas. O estágio é bom para perceber o que gostamos ou não. Eu sentia falta de trabalhar com pessoas e, naquela época, estava confusa sobre qual curso buscava, não sabia se ia para Exatas ou Biológicas, porque gostava um pouco de tudo. Minhas aulas favoritas no colégio eram sobre Geopolítica, o que mais parecia próximo disso foi o curso de RI na Unesp de Franca, que era minha primeira opção, já que eu estava em contato com a universidade desde os 15 anos. Durante a graduação aprendi a abstrair conceitos e o curso desenvolveu muito minha lógica. Por ser um curso de humanas, aprendi a olhar as coisas por vários ângulos e teorias diferentes. Quando conseguimos aprender essa habilidade na faculdade, ao ir para o mercado de trabalho, você consegue circular melhor por conta disso”. 


Depois da graduação e a experiência com a empresa júnior, Milena buscou um estágio em RH (Recursos Humanos). Segundo ela, dentre todas as vertentes que trabalhou na ORBE, essa era a que ela tinha menos experiência, por isso optou em estagiar nessa área e encontrou uma oportunidade na empresa DASA, uma corporação da área da Saúde.


Sobre essa experiência, ela comenta: “para mim foi muito bom, mas eu sentia que podia mais e foi aí que entrei em contato com a ACE. Dentro da ACE, comecei como analista e entrei ganhando menos do que eu ganhava na DASA, mas não importava, porque eu queria o desafio, queria aprender e lá me prometeram esse aprendizado”. 


O desafio dentro da ACE foi criar um novo produto para a empresa. Antes a corporação trabalhava mais como aceleradora de startups e havia a “ACE Córtex", que é a parte de consultoria de inovação, ela criou um novo tipo de negócios dentro desse braço de consultoria na empresa. 


“Meu produto acabou virando o carro chefe da empresa durante 2018 e 2019, até vir a pandemia. Logo depois de 3 meses trabalhando lá, virei a líder do produto que criei, esse gerou cerca de 70% do faturamento da empresa, em média. Depois, em 2020, virei a Head [líder] de vários produtos em conjunto. Agora, em 2021, estou assumindo como sócia e COO da ACE. Foi uma jornada rápida e acelerada, por ter tido a oportunidade de entrar em uma empresa que estava começando e, também, ajudar a construir o futuro dela.  Hoje, atendemos empresas de grande porte, são 81 corporações em nosso portfólio e estamos em 15 países tocando projetos”. 


Ela explica que em seu trabalho é responsável pelos serviços de Inovação Digital. Além disso, junto com CEO desenha estratégias e, como COO, garante a implementação dessas na prática. Milena também lidera pessoas direta e indiretamente e faz várias reuniões com os funcionários da ACE, se preocupando com o desenvolvimento das pessoas da equipe. Outra responsabilidade de seu cargo é cuidar da “experiência do cliente”, ela explica que a consultoria é sempre feita em prol do cliente. Além de pensar no desenvolvimento das corporações, é preciso pensar sobre quais mudanças positivas os consumidores terão com essas mudanças.


O estigma da falta de capacidade da mulher jovem


“Reconheço os privilégios que tive, também, que me ajudaram a gerar uma carreira muito ascendente. Mas sim, eu passo por esse preconceito da ‘falta de capacidade’, principalmente por ser jovem e por ser mulher. Comecei a liderar o meu produto com 24 anos. Então pensa, me sentar junto com um CEO, com essa idade, e dizer ‘esta é a estratégia que você deveria seguir em sua empresa’, isso gera uma desconfiança. Muitas vezes, tive que pedir para colegas irem em reuniões comigo , mais para me endossar do que de fato ter um outro papel ali. Se eu fosse homem a desconfiança seria menor, sim, mas a questão da idade também causa impactos”. 


Milena conta que se esforça para amenizar essa “desconfiança” em reuniões mostrando que conhece detalhes sobre os empreendimentos dos clientes. “É uma confiança com o cliente que você constrói, é diferente da confiança de um empreendedor homem experiente, que só de sentar na cadeira já é validado naturalmente”.


Relação com a Unesp e conselhos para os estudantes  


A jovem explica que a Unesp foi fundamental para sua formação. Mesmo não seguindo completamente o caminho do curso de Relações Internacionais, ela afirma ser apaixonada pelos temas da área.


Ela dá um conselho aos estudantes e, também, para as estudantes mulheres: “acho que há esse estigma de que a formação em RI gera caminhos limitados. Aquela lógica do ‘se eu não for diplomata, o que eu vou fazer?’, mas as competências que a gente adquire ao longo do curso, de leitura de cenários, de conseguir enxergar um problema por vários ângulos, faz com que você desenvolva uma lógica que te diferencia no mercado de trabalho. Tanto que a maioria dos meus amigos estão bem, digo isso também para acalmar os estudantes da Unesp. Então, aproveitem o curso e aproveitem para estudar”.


“Já as dicas que eu daria para as estudantes mulheres é que confiem em si, não se diminuam, a gente tem uma tendência a ter medo do próprio sucesso. O mundo está aí, o machismo existe, como feminista digo que vamos lutar pela igualdade, mas começando a confiar em você mesma antes. A partir do momento que comecei a confiar em mim, minha postura mudou, minha atitude mudou e a forma como lido com essas situações de machismo no ambiente corporativo e acadêmico mudou. Então vamos ter que continuar na luta, mudar a mentalidade não vai resolver esses problemas, mas banquem seu ‘rolê’, não tenham medo de ir atrás do que vocês querem”.


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