Conheça a mestranda que ensinará Libras em oficina virtual da Unesp | Alumni Unesp
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Publicado em:
30/03/2021
30/03/2021
Tempo de leitura: 6 min

Conheça a mestranda que ensinará Libras em oficina virtual da Unesp
Débora Lopes utilizará conhecimentos em Educação Inclusiva para ministrar workshop




Débora Lopes é recém-formada em Ciências Biológicas pela Unesp, câmpus do Litoral Paulista, em São Vicente. Neste ano (2021), a jovem tomou uma decisão que tornou sua trajetória mais interdisciplinar, ingressou no mestrado em Mídia e Tecnologia da Unesp, câmpus de Bauru. Isso ocorreu porque a bióloga se envolveu com a parte de licenciatura de sua graduação e percebeu que na formação de professores, em geral, faltava um olhar atento à educação inclusiva para pessoas com deficiência (PCD). Por isso, a mestranda escolheu atuar e pesquisar sobre a inclusão na educação. Agora, em abril, começam as inscrições para participar de seu workshop online, em que ensinará Libras na “Semana da Educação da Baixada Santista” (SEDUCA).


A SEDUCA começou em 2016, criada por membros do Programa de Educação Tutorial (PET-Litoral) da Unesp. As inscrições começaram nesta semana e estarão abertas até o dia 16/04. Por meio deste link pode-se realizar cadastro, o evento cobra uma taxa de 10 reais e o ouvinte pode participar de todos os 6 dias do encontro, onde acontecerão palestras, workshops e até um sarau. Segundo os organizadores, os temas abordam assuntos que não são discutidos nas grades curriculares de cursos da licenciatura, mas são importantes para a formação cidadã de professores. 


Na Unesp, o contato com informações pedagógicas despertou em Débora um sonho: tornar o ensino mais inclusivo. Ainda durante a graduação, ela se uniu a sua colega Pérola Villalobo e juntas idealizaram o "Bio.tátil'', um projeto que tem como objetivo criar recursos pedagógicos inclusivos para PCDs. Essa aprendizagem pode utilizar músicas, maquetes, jogos, dinâmicas e demais experiências práticas. 


“Havia adolescentes se formando no Ensino Médio que não sabiam como eram as formas geométricas e não tinham noção de volume. Alunos com deficiência visual que só sabiam como era um cachorro, porque nunca tiveram contato com gatos, por exemplo”, alerta Débora. Essas lacunas de aprendizagem demonstraram para a estudante que era preciso fazer algo para tornar o conhecimento mais acessível e contribuir para o desenvolvimento dos estudantes. 


“Foi assim que surgiu a “Feira da Bio Inclusão”, esse evento uniu pessoas de todas as faixas etárias, com ou sem deficiências, de todas as etnias, de todas as classes e trouxe uma maior visibilidade da divulgação científica. Quem passava os conhecimentos eram alunos da graduação que foram treinados para entender mais sobre recursos pedagógicos inclusivos. Então, era um espaço de aquisição de conhecimento de todos os lados, os que estavam recebendo informações e, também, os que estavam transmitindo as informações sobre Ciências”.


A Feira da Bio Inclusão já teve 3 edições, em 2020 e 2021 o evento não ocorreu devido a pandemia causada pelo Coronavírus. Foto: Feira Bio Inclusão.


Durante as edições da Feira, em 2017, 2018 e 2019, foram atendidas cerca de 1300/1400 pessoas. Foto: Feira Bio Inclusão.


A utilização de material tátil é um dos recursos da Educação Inclusiva. Foto: Feira Bio Inclusão.



“O sistema não reconhece e não respeita a diversidade humana”


Como pesquisadora, Débora explica sobre o contexto histórico, os motivos que fazem com que as pessoas com deficiência sejam tão excluídas da sociedade atual. “A segregação vivida por pessoas com deficiência é resultado de um processo histórico de exclusão. A visão capitalista instituiu critérios de produtividade que culminaram em uma lógica de corpos produtivos e não-produtivos”. 


“Esse pensamento leva a cultura da “normalidade”, onde quem não se encaixa em um arquétipo de “homem universal”, não vai ser visto como digno de direitos básicos, vai ser estigmatizado como “não-normal”. Essa ambiência leva a uma série de consequências desastrosas para vida e para o desenvolvimento de PCDs, como a invisibilidade em diversos espaços, políticas públicas que não contemplam todas as demandas existentes, e despreparo de profissionais da Educação e da Saúde. Além de tudo isso, ainda há o preconceito. Diferente do que muitos acreditam, a origem dessas desvantagens sociais, econômicas, psicológicas, não são algo inerente aos PCDs, mas sim de um sistema que não reconhece e não respeita a diversidade humana”, ressalta a mestranda. 


Outra questão alarmante sobre o tema é que, em geral, as pessoas entendem que a inclusão das pessoas com deficiência é um assunto exclusivo das famílias delas. Isso causa uma ideia de que não é preciso debater esse assunto. A pesquisadora ressalta sobre a importância de todas as pessoas se informarem e se engajarem mais com construção de políticas públicas que, de fato, contemplem essas demandas sociais presentes. “A deficiência é uma das milhares de expressões da diversidade humana e precisa ser respeitada”, afirma Débora. 


Infelizmente, a escola, de forma geral, só reproduz a exclusão presente na sociedade, reafirmando essa necessidade de trazer metodologias e abordagens mais inclusivas. Para que os educadores possam auxiliar a quebrar essas barreiras que existem na vida dos PCDs.


Passado, presente e futuro de Débora


A pesquisadora é nascida “com muito orgulho” na Vila Missionária, extremo sul da capital de São Paulo. A passagem por São Vicente ocorreu devido a escolha de seu curso de graduação. “A gente costuma falar que a Biologia te escolhe e não você que escolhe a Biologia. Desde criança eu sempre amei coisas relacionadas à natureza, ao meio ambiente, aos seres humanos e cheguei na faculdade com a certeza de que ia trabalhar nessa área, mas não demorou muito para eu começar a ter contato com toda a carga pedagógica que o curso de licenciatura proporciona”. Assim, essa parte dos conteúdos ativou um antigo sonho de infância: ser professora. A estudante, na época, percebeu que a Educação é um mecanismo transformador da realidade.


Sua experiência na Unesp, a conscientizou e proporcionou uma série de conhecimentos sobre si mesma e sobre a realidade. “Eu gostaria de frisar o mérito das pessoas que conheci na universidade, porque através desses contatos me descobri uma mulher negra, entendi como sou vista socialmente e, também, entendi meus potenciais. Isso mudou minha vida para sempre”.


Débora também ressalta que a Universidade Pública tem um potencial muito grande dentro da sociedade e espera que a Unesp se desenvolva cada vez mais para incluir a todos. Sobre seu mestrado, ela deseja utilizar sua pesquisa para auxiliar a quebrar algumas dessas barreiras enfrentadas pelos PCDs. Além disso, deseja "divulgar a importância de se respeitar a diversidade e de compreender todas essas mudanças. Para que de fato as pessoas possam viver de uma forma plena”. 


As redes sociais podem nos auxiliar a saber mais sobre as dificuldades enfrentadas por PCDs. No instagram, Cacai Bauer utiliza a plataforma, para relatar seu dia-a-dia, desafios, alegrias e preconceitos enfrentados por quem tem síndrome de down. Esses conteúdos criados por pessoas com deficiência colaboram para informar a sociedade sobre as reais barreiras que as pessoas com deficiência enfrentam. Uma vez que, como ressalta Débora, as exclusões experimentadas por PCDs são um problema de toda a sociedade e não de suas respectivas famílias, assim devemos todos buscar nos conscientizar sobre o tema.










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