Como pais e filhos: as gerações que estudaram na Unesp | Alumni Unesp
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Publicado em:
27/08/2021
27/08/2021
Tempo de leitura: 7 min

Como pais e filhos: as gerações que estudaram na Unesp
Conheça a história das famílias que compartilharam a mesma universidade


Ser unespiano é um sentimento que pode ser passado de geração em geração. A Unesp com seus multicâmpus promove diversas vivências para quem passa por ela, cada um encontra seus próprios grupos, interesses e motivações. Quando se tem um filho, as histórias sobre o passado universitário e a valorização da universidade pública podem acabar influenciando o começo de uma nova trajetória. Foi o que aconteceu na casa de de Carmo Antonio F. de Jesus, com sua filha Thaís Bohn e, também, na casa dos pais Silvia Matilha Cherubini e Nicola Cherubini, com seu filho Angelo Matilha Cherubini.  


Carmo é formado em Ciências Sociais na Unesp, câmpus de Araraquara, ele atuou como bancário e professor de Sociologia, hoje, está aposentado. O cientista social é da turma de 79 e cursou a graduação durante a ditadura militar. 


“Aos 20 anos voltei para a terra em que nasci, Araraquara, de onde havia saído 16 anos antes, para crescer na capital de São Paulo. Foi a Unesp que me acolheu com um mundo cultural semelhante ao que vivia em SP, Araraquara ainda era muito provinciana em 1979 e o câmpus das Ciências Sociais era a vanguarda. Eram tempos de ditadura e a resistência, em Araraquara, estava dentro da Unesp”.


Quando conta sobre suas principais saudades da época de graduação, Carmo afirma que a resistência política, a cultura e a qualidade do ensino marcaram muito a sua passagem pela Unesp. 


“Desde 1977, o movimento estudantil havia renascido na luta contra a ditadura e São Paulo era um dos focos mais fortes. O ambiente cultural estava florescendo de novo com os shows de resistência. No câmpus da Ciências Sociais, Educação e Letras não era diferente. A pauta política era muito movimentada e o apoio à arte e à cultura eram estimulantes para quem chegava. Juntava-se a isso ao volume de conhecimento das Ciências Humanas e a qualidade dos professores que a Unesp nos proporcionava, mostrava um mundo novo para nós, alunos. Essa força de resistência levei para a vida, mesmo na volta a São Paulo e já em tempos democráticos, quando a Thaís nasceu no meio da década de 90”.


Thaís, filha de Carmo, é recém formada em Psicologia, no câmpus de Bauru. O fato de seu pai ter feito Unesp sempre foi um motivador para que ela própria buscasse cursar uma universidade pública. A psicóloga conta que a influência paterna foi importante e estimuladora para tomar essa decisão, pois desde o ensino fundamental I, pai e filha conversavam sobre esse tema e foi ele quem lhe apresentou o curso de Psicologia.


Thaís Bohn com seu pai Carmo Antonio. Foto: arquivo pessoal de Thaís.


“Meu pai me contava sobre sua época de faculdade, sobre como amava passar o dia inteiro no câmpus de Araraquara estudando na biblioteca e almoçando no bandejão, me falava sobre as conversas profundas que tinha com seus amigos no bar em que os universitários frequentavam, do grupo de teatro que fazia parte... Porém nada conseguia ser mais claro do que os brilhos que ficavam nos olhos dele ao contar, com tom nostálgico, sobre sua vida universitária, explicitando como aquele período foi fundamental na vida dele”. 


Dessa forma, ela conclui que a trajetória de Carmo foi um modelo, principalmente, durante o período de escolher uma faculdade. Thaís também ressalta que a experiência na universidade vai além da construção de um currículo profissional. 


Para a psicóloga, a Unesp é um ambiente contestador, diverso e político, que inspira liberdade, esse ambiente permite autodescobertas para quem passa por lá. “Para mim, ter feito Unesp foi uma experiência riquíssima de vida, me constituiu não só como psicóloga, mas como um ser humano mais complexo, pois me trouxe vivências e experiências que me moldaram como indivíduo”. 


Seu pai conta orgulhoso sobre a trajetória da filha: “foi uma feliz surpresa para mim ela ter ingressado no curso de Psicologia na Unesp de Bauru. Comemorei duplamente com ela por ter conseguido seu objetivo - a universidade pública - e por vir a ser unespiana como eu fui. Acredito que ao longo do curso ela foi compreendendo o porquê do meu orgulho em ser Unespiano e hoje dividimos essa nossa alegria. Salve a Unesp e sua qualidade de ensino!”


Os egressos Silvia, Nicola e Angelo. Foto: arquivo pessoal de Angelo.


Já Silvia e Nicola se conheceram no câmpus da Unesp em Assis e estão juntos até hoje. Com o passar dos anos, viram seu filho ser aprovado e se formar na Unesp. Angelo é formado em Jornalismo e, assim como Thaís, conta que sua experiência universitária foi além da formação de um currículo. 


“Acho que o mais significativo foi ter me levado para outra cidade. Estando em Bauru, tive experiências muito importantes dentro e fora da Unesp. Foi lá que percebi a relevância de se avaliar criticamente aspectos da vida social, inclusive no que diz respeito à própria universidade pública. Fiz grandes amizades, tive alguns ótimos professores e também passei por fases pessoais difíceis, de bastante confusão, mas que serviram de aprendizado. Hoje, sinto saudade das pessoas, principalmente”. 


Ele afirma que a escolha de seus pais o influenciou a buscar o ensino em uma universidade pública. Na época prestou vários vestibulares e foi aprovado na Unesp. 


Sua mãe, Silvia, se formou em História, atuou como bancária e, hoje, está aposentada. Ela relembra: “lá em Assis, entre os alunos, tive a felicidade de fazer amigos de tantas origens diferentes, de várias cidades, de outros estados, com sotaques, ideologias, ideais e vidas muito diferentes da realidade que eu entendia como única. Alguns desses amigos estão próximos até hoje, há mais de trinta anos, e viraram "manos". Como um deles, com quem tive meus dois filhos e ainda seguimos casados”.


A historiadora também ressalta que além da formação acadêmica, a vivência na Unesp foi determinante em sua evolução pessoal. Morar longe da família, conhecer realidades diversas, trocar experiências e romper paradigmas pré-definidos foram, para ela, tão importantes quanto o diploma no final do curso. Silvia ressalta que tem boas memórias “da juventude, da energia e dos amigos”, conta.


A vida rotineira da juventude também é motivo de saudades para Nicola, que destacou as festas, o “futebol de sexta-feira à tarde” e a vida social como algumas de suas saudades. Ele também é formado em História e conta que, além de conhecer a sua futura esposa, a Unesp “foi uma oportunidade de curso superior acessível e de vida comunitária fora da família”. 


Todas as famílias entrevistadas ressaltaram o papel da formação política-cidadã, a convivência com um ambiente diverso e a contribuição da Unesp na formação pessoal e, não só, profissional de todos eles. Assim como a importância do ensino acessível, público e qualidade oferecido pela instituição. Espera-se que com a vacinação em massa da população, em breve, a Unesp possa continuar proporcionando esse ambiente de formação e mudando a vida de quem passa por ela.









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