Egressa pesquisa como os jogos digitais podem auxiliar na aprendizagem de alunos com Transtorno do Espectro Autista | Alumni Unesp
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Publicado em:
24/08/2023
24/08/2023
Tempo de leitura: 7 min

Egressa pesquisa como os jogos digitais podem auxiliar na aprendizagem de alunos com Transtorno do Espectro Autista
Gisele Araújo foi 3 vezes premiada devido a sua pesquisa na área educacional



Gisele Silva Araújo é formada em Geografia (2014) no câmpus da Unesp em Presidente Prudente. A geógrafa lecionava em uma escola em Mirante do Paranapanema (SP), sua cidade natal, quando uma experiência vivida em sala de aula fez com que ela mudasse o foco de seus estudos e de sua carreira. A partir de então, cursou um mestrado (2018) e um doutorado (2022) em Educação, ambos na Unesp, e pesquisou como os jogos digitais podem contribuir para o aprendizado de estudantes com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Durante a sua pesquisa, a egressa foi premiada 3 vezes em eventos científicos.


Entretanto, até definir sua carreira, a egressa passou por diversas experiências. A pesquisadora conta que viveu a adolescência em uma cidade pequena e entendia que as oportunidades de trabalho eram “praticamente escassas”. 


Ela relembra: “No último ano do Ensino Médio, não tinha dúvidas sobre a minha escolha profissional, porém fui influenciada pela falsa dicotomia de que ser professora era uma escolha fadada ao fracasso, assim optei por prestar outros cursos. Frustrada por tais escolhas, acabei me mudando para Campinas para trabalhar na indústria farmacêutica, o que foi muito bom para ampliar a minha visão, principalmente, em relação às minhas escolhas anteriores. Passado um tempo, assumi o meu desejo de ser professora”. 


O sonho de Gisele sempre foi estudar em uma universidade pública, mas, na época, a jovem acreditava que não tinha potencial para conseguir uma aprovação. Assim, em 2009, tomou a decisão de ingressar em Geografia em uma faculdade particular, mas ao realizar Iniciação Científica nessa instituição, seu sonho de ser aprovada na Unesp se tornou ainda maior. 


Logo no ano seguinte, foi aprovada em Geografia na Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) no câmpus de Presidente Prudente. Em seguida, conquistou uma bolsa de Iniciação Científica e decidiu que seu próximo passo seria prestar um mestrado.


Mudança de ares: a escolha de estudar sobre Educação e TEA


Enquanto se preparava para a prova de mestrado em Ciência Atmosférica, ela voltou para Mirante do Paranapanema e começou a lecionar Geografia em uma escola. O que ela não sabia é que o contato com os estudantes mudaria os seus interesses.


“Entre os diferentes perfis de alunos, um me chamou muita atenção, pois nos primeiros 10 minutos de aula ele já estava me rejeitando como professora, dizendo que a minha aula era muito chata. Passado o susto da primeira aula fui, aos poucos, me apaixonando pela docência. Porém, para aquele aluno as minhas aulas continuavam chatas. Ao procurar a coordenação do colégio fui informada que esse aluno tinha Síndrome de Asperger”.


Gisele foi pega de surpresa, pois não sabia nada sobre o assunto e, ao começar a pesquisar, seu interesse pelo tema aumentou. “Em 2015, o meu foco ainda era o mestrado, mas passei a me preparar para o processo seletivo do Programa de Pós-graduação em Educação da Unesp em Presidente Prudente”. 


Depois de sua aprovação, ela sentiu que ser pesquisadora era a sua escolha e não mudou mais seu foco. Assim, ela ingressou no Laboratório de Estudos em Tecnologia Assistiva, Inclusão Educacional e Adaptações (Letaia) e passou a ser orientada por pelo Prof. Dr. Manoel Osmar Seabra Junior (coordenador do laboratório e líder do ao Grupo de Estudos e Pesquisa em Inclusão Escolar, Tecnologia Assistiva e Atividade Motora Adaptada (Gepitama). 


A unespiana também participou de projetos de extensão do Letaia, quando conheceu uma instituição de Educação Especial (Lumen Et Fides) e se voluntariou para pesquisar e atender alunos com TEA e paralisia cerebral. Os projetos extensionistas do laboratório envolvem o atendimento de alunos, que são público alvo da Educação Especial, nas escolas públicas de Presidente Prudente e região. Além de atendimentos remotos, caso o estudante não possa comparecer. 


“Os resultados das pesquisas e dos projetos de extensão realizadas pelo Letaia e Gepitama impactam na aprendizagem no contraturno das atividades escolares, nas atividades motoras adaptadas, no desenvolvimento e treino de Funções Executivas de alunos com TEA e Paralisia Cerebral”, explica Gisele. 


Essas experiências contribuíram para seu mestrado em que estudou o uso de jogos digitais no desenvolvimento de competências e habilidades de estudantes com TEA. Gisele criou protocolos para adaptação e criação de jogos voltados para as especificidades desses alunos. Já no doutorado, ela estudou a relação dos jogos digitais com as Funções Executivas de estudantes com TEA, orientada pela Profa. Dra. Claudia Maria de Lima.


“Ao fim dessas duas pesquisas, entendemos que os jogos digitais planejados na perspectiva do codesign são capazes de desenvolver as funções executivas de crianças e jovens com autismo”. 


Os desafios da Educação Inclusiva


A pesquisadora afirma que a inclusão escolar de pessoas com deficiência (PCD) física ou com neurodiversidade não é algo simples. “Incluir não se resume apenas ao acesso desses estudantes no Ensino Regular, é necessário planejar e garantir possibilidades diversas de permanência e de aprendizagem dos estudantes com deficiência e neurodiversos. É necessário o fomento de políticas públicas, formação de professores na perspectiva inclusiva, além da formação técnica para o suporte e elaboração de recursos de Tecnologia Assistiva, tanto em recursos físicos, quanto digitais”. 


Além disso, a egressa reitera que a inclusão não deve ser pensada somente na Educação Básica. Afinal, esses estudantes vão se formar na escola, ir para faculdade e, depois, precisam ser incluídos no mercado de trabalho. Por isso, é preciso planejar todas essas etapas.


Passado, presente e futuro na Unesp 


A egressa conta que se emociona ao falar da universidade, pois foram 12 anos de dedicação dentro da Unesp e, também, foi na instituição que ela se descobriu como autista aos 29 anos de idade.


“Se tornar professora e pesquisadora é um projeto em constante desenvolvimento. Os títulos indicam conclusões de fases, mas ser professora e pesquisadora vai muito além. Ao fim do meu Doutorado, iniciei uma nova etapa dessa constante formação, assumi a função de Assistente Administrativo na Seção Técnica Acadêmica da Unesp de Presidente Prudente. O próximo passo é me preparar para, futuramente, exercer a docência aqui na Unesp. Nesse sentido, tenho plena certeza de que toda a experiência da área acadêmica fortalecerá a minha carreira no âmbito administrativo e um dia no âmbito docente pesquisador”. 


Confira abaixo os prêmios e certificados de agradecimentos conquistados pela egressa durante a sua pesquisa e atividades de extensão no Letaia:


  • 2019 Concurso de Teses e Dissertações, 1° Lugar (Master and Doctoral Thesis SBGames Award), Sociedade Brasileira de Computação (SBC).


  • 2018 Prêmio IV SAACA/ I SIAACA, UFF (1° Lugar, Pôster), Universidade Federal Fluminense, UFF (Campus Aterrado, Volta Redonda, Rio de Janeiro, Brasil).


  • 2018 7° Prêmio Científico Unoeste (1° Lugar, Pós-graduação, Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas), Universidade do Oeste Paulista, Unoeste (Presidente Prudente, São Paulo).


  • 2018 Certificado de Agradecimento e Reconhecimento aos relevantes serviços prestados à sociedade, principalmente em pesquisas relacionadas à Tecnologia Assistiva, Rotary Club (Leste) de Presidente Prudente, São Paulo.


  • 2018 Certificado de Agradecimento ao trabalho realizado na comunidade em prol da educação, Rotary Club (Nascente) de Presidente Prudente, São Paulo.


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