Imagem: Acervo ACI.

Flávia de Almeida Lucas é graduada em Medicina Veterinária, mestra e doutora em Cirurgia Veterinária pela Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV) do câmpus de Jaboticabal. Hoje, ela é supervisora do Hospital Veterinário (HV) em Araçatuba e docente da universidade. O HV é um centro de referência em cirurgias e procedimentos especializados, o hospital atende desde pets, como cães e gatos, até répteis, aves, mamíferos de vida selvagem e, também, animais que sofrem acidentes em rodovias. Além disso, a egressa e os residentes do HV separaram algumas dicas de prevenção de doenças que são essenciais para o bem-estar dos animais domésticos.

O HV foi fundado em 1992 e é uma unidade auxiliar da Faculdade de Medicina Veterinária da Unesp de Araçatuba (FMVA). O hospital atende animais, desde que acompanhados por um responsável, por preços reduzidos em comparação com os das clínicas particulares. A Profa. Dra. Flávia explica que os serviços são cobrados por meio da FUNVET (Fundação de Apoio aos Hospitais Veterinários da Unesp), que é responsável pela gestão dos HV de Araçatuba e Botucatu.

Os serviços especializados oferecidos pelo HV são nas áreas de Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Fisiopatologia da Reprodução e Obstetrícia, Anestesiologia, Radiologia, Patologia, Laboratório Clínico e Medicina Veterinária Preventiva. Destaca-se também as cirurgias oftalmológicas, uma vez o hospital conta com um dos poucos especialistas e em Oftamologia Veterinária do Brasil: o Prof. Dr. Alexandre Lima de Andrade.

Outra função do HV é contribuir com a formação dos graduandos de Medicina Veterinária, para que esses possam ter experiências práticas antes de se formarem. Assim, os alunos dos 3º e 4º anos participam dos atendimentos, com supervisão de veterinários experientes.

Saiba como o seu pet pode ser atendido pelo HV

A Profa. Dra. Flávia explica que o atendimento é feito para qualquer animal, desde que exista um responsável por ele, e não é preciso residir em Araçatuba para ser atendido. É uma prática comum receber tutores com pets oriundos de outras cidades, devido aos serviços especializados e procedimentos que, muitas vezes, não existem em demais clínicas da região.

Quem deseja ser atendido, deve ir ao HV entre os dias de segunda-feira a sexta-feira, nos horários de 8h às 11h ou de 13h30 às 16h30, quando são realizadas as triagens (procedimento que antecede o atendimento e analisa o estado do paciente). 

A triagem é realizada nesses horários para dar tempo de realizar o atendimento e exames, se forem necessários, esses encerram às 18h. Nos finais de semana, são atendidos apenas casos de emergência das 7h até as 19h.

A egressa explica as etapas do atendimento: “Após o cadastro do animal na recepção, o mesmo entra em consulta e é feita a investigação clínica do caso do animal. Durante a consulta, é feito o exame físico e são solicitados demais exames complementares, caso o médico veterinário responsável ache pertinente, como radiografia, exame de sangue, etc. Se necessário, procedimentos cirúrgicos também são realizados no hospital”. 

Ela também ressalta sobre a importância da prevenção de doenças: “É reforçado para os tutores a necessidade da consulta de orientação, essas devem ocorrer mesmo que não seja identificada nenhuma alteração clínica pelo tutor do animal. É de suma importância o atendimento de orientação e preventivo contra doenças futuras, visto que grande parte das queixas são causadas por falta de conhecimento”. 

Atendimento à animais feridos em rodovias da região

Os animais silvestres de Araçatuba e região são ameaçados pelo desmatamento e por queimadas, o que acaba aumentando o número de animais feridos em rodovias. 

Ao ver um animal ferido no trecho oeste da rodovia Marechal Rondon (SP-300), pode-se contatar a Concessionária Via Rondon, que é a responsável por essa estrada. Em parceria com o HV, a empresa encaminha para tratamento os animais feridos resgatados na rodovia, se responsabilizando, também, pela parte financeira da recuperação do animal. 

A Mata Ciliar é uma ONG (Organização Não Governamental) que também pode ser contatada para auxiliar os animais silvestres. A organização atua em parceria com a Unesp em Araçatuba, seu funcionamento ocorre dentro da FMVA e há um vínculo com o HV. 

Imagens de atendimentos no câmpus de Araçatuba. Imagem: ONG Mata Ciliar.

Assim, em conjunto, a organização e o hospital cuidam, recuperam e reintroduzem animais na natureza. A ONG também recebe animais resgatados pela Polícia Ambiental e pelo Corpo de Bombeiros.

A prevenção de doenças pode salvar vidas e melhorar o bem-estar dos animais

A supervisora afirma que ser tutor de um animal de estimação não é algo simples: “Ter um animal envolve diversas responsabilidades como consultas, exames de rotina, castração, vacinação, vermifugação, controle repelente para o mosquito palha (vetor da Leishmaniose) e controle de ectoparasitas (pulgas e carrapatos). Além de prover uma alimentação de qualidade e abrigo”.

Segundo a veterinária, os exames de rotina são necessários para diagnosticar e realizar o tratamento precoce de diversas doenças, assim como ocorre com os humanos. A vacinação também é essencial para proteger o seu pet e evitar as doenças contagiosas.

“O protocolo vacinal deve ser iniciado em filhotes, de acordo com as recomendações do médico veterinário que irá avaliar o animal e as condições ambientais. Além disso, é necessário revacinar anualmente, para manter a proteção do animal”, recomenda a Dra. Flávia. 

Já a castração evita doenças como o câncer mamário, infecções uterinas e a gravidez nas fêmeas. Enquanto nos machos, evita o câncer de próstata e o comportamento territorialista. 

A egressa também alerta os tutores que vivem em regiões endêmicas da doença “Leishmaniose”: “O controle do mosquito-palha pode ser feito por meio da coleira repelente e spray repelente nos animais. Além do controle ambiental, como a instalação de telas nas janelas e portas, retirada de dejetos e lixo orgânico e limpeza periódica de quintais e terrenos”. 

Essa doença afeta cães e humanos e precisa ser tratada com urgência, assim que os sintomas são detectados. Em humanos, os principais sintomas da doença são: febre de longa duração; aumento do fígado e baço; perda de peso; fraqueza; redução da força muscular e anemia. Enquanto os sintomas caninos são: perda de apetite; emagrecimento; pelo opaco; queda de pelos e aparecimento de feridas na pele. Em estágio avançado ocorre o crescimento exagerado das unhas e perda dos movimentos das patas traseiras

A Profa. Dra. Flávia também ressalta sobre o controle de pulgas e carrapatos, que deve ser feito para evitar a "Doença do Carrapato" nos cães e a “Micoplasmose Felina” causada pela ingestão da pulga dos gatos. Ela explica que as medicações mais utilizadas são em forma de comprimido mastigável ou um remédio em forma de solução líquida aplicável no dorso do animal, esses podem ser recomendados por veterinários.

“De forma geral, a indicação é sempre manter a atenção aos animais, observando alterações no apetite, aspecto de fezes e urina, alterações no comportamento como apatia, principalmente. Se possível, tire fotos das alterações para facilitar o entendimento do médico veterinário. Tenha sempre contato com um médico veterinário de sua confiança e mantenha a saúde do seu animal em dia.”. 

Assim, além do tratamento em casos que o animal apresenta algum sintoma, a prevenção de doenças e o cuidado diário com a saúde do pet são essenciais para que esse tenha uma vida longa e saudável. 

A Profa. Dra. Flávia também ressalta a colaboração dos médicos veterinários residentes do Hospital Veterinário que a auxiliaram com a coleta das informações.

Para dúvidas ou mais informações entre em contato com o Hospital Veterinário (HV) da Unesp em Araçatuba pelo telefone (18) 3636-1452.