O documentário de longa-metragem “O armário não é o nosso lugar” foi o projeto de TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) de Alexsandro Stenico, formado em Rádio e TV pelo câmpus de Bauru (2021). O trabalho audiovisual foi selecionado pelo Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo (ProAC) e recebeu uma verba destinada a sua produção. Além disso, neste ano (2022) o radialista foi homenageado pela Câmara Municipal de Piracicaba no Dia Municipal de Luta Contra a Homofobia, 17 de maio, e recebeu um Certificado pela Luta no Combate à LGBTfobia.

O unespiano conta que a mensagem que ele gostaria de passar com seu documentário é de que a diversidade humana precisa ser valorizada. Para que todos possam construir juntos uma sociedade mais plural e inclusiva, na qual todas as formas de ser, existir e amar sejam respeitadas.

O filme é composto por entrevistas de pessoas LGBTQIA+s e performances artísticas. Alexsandro afirma: “o documentário aborda um período que marca a vida de grande parte daqueles que integram a comunidade LGBTQIA+: a ‘saída do armário’, reunindo diversas histórias de pessoas que passaram pelo momento de entender, aceitar e assumir as suas sexualidades e identidades de gênero”. 

Ele também conta que apesar dos entrevistados terem identidades e sexualidades diferentes, o projeto acabou evidenciando as semelhanças que existem na comunidade, pois passam por situações e enfrentam conflitos semelhantes. “A obra apresenta uma diversidade de ‘armários’ com suas próprias histórias que, apesar de únicas, encontram ecos em outras vivências. Sendo assim, essas narrativas favorecem a identificação e representatividade das pessoas que pertencem a comunidade LGBTQIA+ no geral”, afirma o radialista. 

O egresso, que atuou como diretor, também conta que um dos seus objetivos era trazer o tema de forma natural, sem os estereótipos criados e reforçados pela mídia. Alexsandro ressalta que a equipe de 11 pessoas responsável pela produção do documentário é formada por pessoas LGBTQIA+ , com propósito de manter a representação da comunidade de forma fidedigna.

Experiência pessoal inspirou a criação do “O armário não é o nosso lugar” 

O egresso conta que a ideia por trás de seu TCC se relaciona com sua história pessoal. “Durante a minha infância e adolescência tive dificuldade em entender, aceitar e assumir a minha sexualidade. Refletindo atualmente sobre esse fato, notei que isso ocorreu por falta

de referência de pessoas LGBTQIA+ ao meu redor. Além disso, as pessoas do meu convívio não tinham muito conhecimento a respeito de assuntos que permeiam a sexualidade, o que dificultava encontrar apoio suficiente para que eu conseguisse sair do armário. 

Ele declara: “Assim, fui me fechando cada vez mais dentro do meu armário, criei um personagem para conviver com as pessoas ao meu redor, controlava os meus trejeitos e o meu modo de falar, para evitar que viessem questionar a minha sexualidade. Eu gastava muita energia escondendo quem eu era, e mesmo assim, acabava recebendo apelidos pejorativos de algumas pessoas e, por vezes, vinham questionar a minha sexualidade”. 

A Unesp teve um papel importante na vida de Alexsandro, pois foi lá que ele conheceu pessoas LGBTQIA+s que tinham orgulho de ser quem elas eram. O unespiano também entrou em contato com informações, conhecimentos e debates sobre temas como sexualidade, diversidade e direitos humanos. “Isso foi fundamental para que eu me entendesse e me aceitasse como uma pessoa homossexual”.

Durante a faculdade, o egresso pôde “sair do armário” e ser quem verdadeiramente era. O radialista declara: “Esse foi o ponto de virada na minha vida, a partir desse momento, passei a viver integralmente como eu realmente sou e passei a ter muito orgulho disso”. 

Ele conta que quando começou a pensar em um tema para seu TCC, parou para pensar em sua trajetória e concluiu: “O fato mais importante e marcante da minha vida foi ter me assumido homossexual e a vivência que eu tive na Unesp foi fundamental para favorecer esse processo, portanto, decidi realizar uma produção audiovisual com a temática LGBTQIA+”.

Egresso recebe homenagem e certificação em sessão solene na Câmara Municipal de Piracicaba. Imagem: arquivo pessoal de Alexsandro.

O documentário acabou sendo selecionado por duas categorias: o ProAC ICMS e ProAC Editais. Como não poderia ser contemplado por ambos, o egresso optou pelo Editais, por ser menos burocrático para receber a verba destinada ao projeto.

Assim, o egresso conclui: “Os 4 anos em que fui estudante da Unesp no campus de Bauru foram os melhores anos da minha vida, foi o momento onde encontrei com pessoas que transformaram a minha vida. Ter me mudado de cidade para estudar e estar em lugar onde eu não conhecia ninguém, me trouxe muito amadurecimento, encontrei com pessoas de diferentes lugares, com personalidades e histórias de vida distintas. Fiz amigos e conheci professores que levarei para a vida toda. Fui monitor do laboratório de Rádio e TV, fiz parte do projeto de extensão FAAC WebTV e da Locomotiva Jr., a empresa júnior de Rádio e TV. Com certeza esses foram anos de muito aprendizado, amadurecimento e conquistas, agradeço muito a Unesp por tudo que ela agregou na minha vida”, completa o unespiano.

Em breve, acontecerá o lançamento do documentário na plataforma Youtube, para acompanhar as novidades, siga @oarmarionaoeonossolugar no Instagram.

Equipe de Produção do documentário

Direção

Alexsandro Stenico

Roteiro

Sillas Carlos

Produção

Ana Carolina Dall Piaggi

Rubens Júnior

Direção de fotografia, edição e sonorização

Carolina Maris

Direção de arte

Bárbara Meireles

Captação de áudio

Gustavo Monteiro

Colorização

Vitoria Rod

Animação

Thaís Bruschi

Designer

Fernanda Cavenaghi

Finalizadora

Letícia Cruz