
Leonardo Schultz é formado em Biologia Marinha e Gerenciamento Costeiro pelo Instituto de Biociências (IB) Unesp, em São Vicente. No mesmo câmpus, em 2014, o estudante foi aprovado no doutorado direto em Biodiversidade, onde pesquisou sobre enzimas que podem ser usadas para tratar um tipo específico de câncer. Na época, o doutorando conseguiu, por meio da FAPESP, estagiar na King's College em Londres (Inglaterra). Em 2020, Leonardo ingressou no pós-doutorado pela Unesp, durante esse período, foi um dos 7 brasileiros selecionados pela Dimensions Sciences para pesquisar sobre a Covid-19, ele colaborou com pesquisas para criação de testes de detecção do Coronavírus.
A Dimensions Sciences é uma organização não governamental (ONG) norte-americana, que tem parceria com laboratórios nos Estados Unidos, Brasil e Canadá. O objetivo da ONG é auxiliar cientistas em início de carreira, contribuir para a diversidade nas ciências, com colaboração internacional e pesquisas inovadoras. Leonardo foi selecionado para a “Bolsa de estudo da Força-Tarefa Covid-19”, esse programa foi voltado para pesquisadores que estavam contribuindo para descobertas científicas inovadoras com potencial para ajudar pacientes com Covid-19, em escala global.
Leonardo conta que em 2020, seu orientador, o Prof. Dr. Marcos Antonio de Oliveira, comentou que a startup BioBreyer, uma empresa filha da Unesp, estava planejando produzir duas enzimas (DNA Polimerase e Transcriptase reversa) no laboratório para confecção de kits de testes PCR para Covid-19. O cientista, então, se voluntariou e começou a trabalhar no laboratório. A fundadora da startup, Renata Bannitz, também egressa do IB, alertou Leonardo sobre a oportunidade de bolsa da Dimensions Sciences.
A pesquisa de testes para Covid-19 desenvolvida pela BioBreyer conseguiu, também, vencer um edital do FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos). Assim, adquiriram verba para desenvolver kits de detecção do Coronavírus, tanto em amostras humanas quanto ambientais. Esses kits propostos pela startup têm como diferenciais o diagnóstico rápido, a utilização de insumos brasileiros e a alta precisão da técnica.
Sobre a participação na pesquisa, Leonardo comenta: “felizmente, consegui a bolsa e pude contribuir por mais tempo com o desenvolvimento do projeto e, ainda, tive a oportunidade de desenvolver uma rede de colaboradores com o pessoal da Dimensions Sciences e outros pesquisadores. Eu digo que essa oportunidade foi um divisor de águas, pois toda essa experiência em desenvolvimento de kits de detecção de Covid-19, me forneceram skills que se tornaram demandas em alguns lugares, foi assim que meu currículo foi selecionado pela empresa Neoprospecta, em Florianópolis. Hoje, faço parte dessa empresa há 9 meses”.
Atualmente, o cientista é pesquisador do Setor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na Neoprospecta. "Estou colaborando no desenvolvimento de tecnologias de detecção de Coronavírus e outros 45 vírus respiratórios ou alimentares”.
Leonardo relembra que toda a sua trajetória se iniciou na Unesp: “um lugar que tenho muitas histórias e muitas saudades. Foi na Unesp que eu realmente conheci a Ciência e descobri o que era pesquisa. Toda minha formação foi financiada pela FAPESP. Então, considero que tive o privilégio de ter uma orientação e uma formação de nível muito alto”.
A curiosidade pela Biologia estava presente desde a infância do pesquisador
O unespiano é natural de São Carlos e, desde de criança, sempre foi “muito apaixonado por animais, gostava muito de brincar com tatu bola de jardim, com formigas, aranhas, lagartixas, adorava cachorros e não podia ver qualquer animal na frente que já importunava meus pais querendo um”, conta.
A paixão por animais foi um dos fatores que ajudou Leonardo a optar pela área da Biologia, mas o que o fez tomar uma decisão final foi um de seus professores do Ensino Médio. “O que me fez escolher de fato que era Biologia que eu cursaria, foram as aulas do professor Ulisses, na época, professor da escola CAASO de São Carlos. Era impressionante a paixão que ele tinha ao falar de diversos assuntos da Biologia e isso me marcou muito. Foi aí que eu decidi juntar a Biologia com um lugar legal para viver: a praia. Assim entrei na Unesp de São Vicente, fiquei por lá 10 anos, durante a graduação, o doutorado direto e ainda voltei para fazer o pós-doutorado”.
Outro professor que marcou a trajetória do estudante, foi o Prof. Dr. Marcos Antonio, que lhe motivou a seguir seus estudos em Biologia Molecular. “As aulas do professor Marcos me lembraram muito a paixão do professor Ulisses por Biologia e, assim, tive a certeza de que era com ele e na área de Biologia Molecular que eu gostaria de atuar. Então, no LABIMES (Laboratório de Biologia Molecular e Estrutural) fiz duas Iniciações Científicas, trabalhando com caracterização de enzimas antioxidantes e, depois, trabalhando com a caracterização de enzimas utilizadas no tratamento de Leucemia Linfoblástica Aguda: as Asparaginases”.
“Em 2009, quando entrei na universidade, não tinha ideia da dimensão que a Ciência tinha. Hoje em dia, vivo fazendo Ciência, aprendendo muito, a cada dia mais e vendo que quanto mais aprendo, mais ainda tenho por aprender. Vejo que a Ciência é uma área apaixonante e só pude entrar nesse mundo graças à UNESP, FAPESP, Dimensions Sciences e, também, à BioBreyer, Biolinker e Neoprospecta”, conclui o cientista.