
Mariana Parreira se formou em Agronomia na Unesp em 2006, no câmpus de Jaboticabal. A egressa optou por cursar sua pós-graduação na área de Produção Vegetal, na mesma universidade. Durante o seu doutorado, ela realizou parte de sua pesquisa na região do Alentejo (Portugal) em 2013, quando surgiu seu interesse pelo país. Hoje, a egressa é professora auxiliar na área de Fitotecnia na Universidade dos Açores, localizada em um arquipélago.
Antes de residir na Ilha Terceira, a 1555 km de Lisboa, a egressa também morou na região amazônica no Pará. Ela conta: “Trabalhei na Universidade Federal do Pará (UFPA) por seis anos, como professora adjunta em Produção Vegetal”.
O foco das pesquisas da egressa são as plantas daninhas, o tema faz parte de seus trabalhos acadêmicos desde seu mestrado na Unesp. O conhecimento adquirido em sua formação, somado ao seu trabalho na UFPA fizeram ela obter a bagagem necessária para ser aprovada no processo seletivo da Universidade dos Açores.
O período pandêmico foi determinante para que ela escolhesse mudar de país, a docente conta: “Em 2020, com a pandemia, a situação estava muito atribulada na região norte do Brasil, pouco assistida pelo governo, com muitas mortes e sem hospitais. Foi então que eu resolvi prestar novamente concursos para garantir melhores condições de saúde para mim e minha família”.
Mariana explica que passou a direcionar sua busca de empregos para Portugal, através de uma plataforma online. “Foi então que encontrei um concurso de professor auxiliar na área de Fitotecnia na Universidade dos Açores e resolvi concorrer e passei”.
Vida na Ilha Terceira em Portugal

.Vista da Ilha Terceira, uma das ilhas do arquipélago de Açores. Foto: Acervo do site Dicas de Lisboa.
Mariana relembra o começo de sua experiência no país e de seu cargo em docência: “Estou nos Açores desde janeiro de 2021, o início é difícil, como em todo emprego novo, ainda mais para uma imigrante, e como estava na época de pandemia isso foi muito pior. Depois fui conseguindo me adaptar, tive muita ajuda dos colegas da universidade que me ajudaram a superar essas barreiras”.
A agrônoma explica que a qualidade da universidade é alta, com infraestrutura adequada para os laboratórios. Devido a alta internacionalização universitária, comunicar-se em inglês é necessário dentro de sala de aula.
Sobre a ilha em mora, ela comenta que é um ambiente rural com predomínio da pecuária leiteira de modo de produção em regime de pastoreio extensivo. “Dessa forma, é muito comum encontrar rebanhos, não só de gado, mas também cabras, ovelhas atravessando as ruas e estradas para ir de uma área de pastagem para outra. A ilha é bem calma e muito festiva. Devo enfatizar que a beleza da ilha é extraordinária, muita área verde, sem poluição, com oceano e montanhas ao redor, a natureza aqui é espetacular”.
A egressa também destaca as diferenças culturais, pois na Ilha Terceira existem muitas tradições religiosas católicas, também há touradas e festas tradicionais. Entretanto, em Portugal, assim como em outros países europeus, existe a xenofobia contra brasileiros, mas Mariana ressalta que nunca enfrentou preconceitos dentro do ambiente acadêmico.
“Realmente ser imigrante não é fácil, situações de preconceito são recorrentes, mas no trabalho nunca senti xenofobia. Fora do ambiente universitário, essas situações são mais intensas, passei sim por algumas situações desagradáveis por ser mulher e brasileira. Antes ficava muito frustrada com isso, agora já enfrento de frente não deixando me atingir”, ressalta.
Ao pensar em dicas para quem deseja uma experiência internacional, a unespiana afirma que é imprescindível conhecer as leis e regras do país e também estar disposto a aprender. Quanto mais conhecimento o imigrante tiver sobre o local, mais evitará que situações ruins aconteçam.
Além disso, ela conclui: “É preciso ter consciência dos recursos financeiros, atualmente, em 2023, a Europa está em crise e tudo está extremamente caro. Para mim a mudança valeu muito, principalmente pela qualidade de vida e por conhecer e participar de culturas diferentes”.