Pesquisa traz novas informações acerca da comunicação dos jesuítas no Brasil Colonial | Alumni Unesp
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Publicado em:
06/04/2024
06/04/2024
Tempo de leitura: 5 min

Pesquisa traz novas informações acerca da comunicação dos jesuítas no Brasil Colonial
O estudo, feito por um egresso, avaliou como os saberes médicos eram comunicados


Em tempos de Comunicação instantânea e tecnológica é difícil imaginar como as pessoas na época do Brasil Colônia se comunicavam. Esse tema despertou a curiosidade de João Paulo de Campos Silva, egresso de História pelo câmpus de Franca e mestre em Comunicação pelo câmpus de Bauru (2024), ambas formações pela Unesp. Em sua pesquisa, o egresso estudou como os membros da Companhia de Jesus comunicavam seus saberes médicos.


João explica que uma das formas usadas pelos jesuítas para construir e comunicar os saberes médicos eram os manuscritos. Assim, o grupo possuía um acúmulo de conhecimento nessa área, que podia ser usado politicamente. 


“De maneira geral, o estudo foi desenvolvido em um sentido que fosse possível trazer à tona a Comunicação como mecanismo de manutenção da força política do grupo. A partir da circulação de um elemento específico: o saber médico-farmacêutico. A conclusão na qual chegamos foi a possibilidade de observar que tais manuscritos, organizados e postos em circulação no âmbito exclusivo da Ordem (ou seja, feitos na intenção de que apenas missionários tivessem contato), serviram como forma de negociação com a corte portuguesa. Principalmente, após a chegada do Marquês de Pombal ao cargo de Ministro de Estado em 1750”, explica o acadêmico.


Ele também informa que, neste período, o ministro desejava a expulsão dos jesuítas do Brasil, como uma forma de centralizar a administração colonial e impedir organizações que atuavam de maneira autônoma, entre outras questões. 


Na época, Portugal estava mais atrasado em relação ao saber médico do que os outros países europeus. “Com a possibilidade de uma expulsão das terras coloniais e, consequentemente, de perda de seu capital político ante os governos europeus, a ordem religiosa lançou mão de seu capital intelectual – seu domínio do saber médico – como uma tentativa de garantir sua permanência nessas terras. Os jesuítas se posicionaram como sendo os legítimos detentores do saber curar”.


Essa tentativa de negociação foi frustrada e, em 1759, os membros da Companhia de Jesus foram expulsos das terras coloniais portuguesas. “Entretanto, o saber organizado por eles continuou na Sede da Ordem, em Roma, e mantido em segredo”, ressalta o historiador.


“Esse estudo é uma tentativa interdisciplinar de analisar uma situação histórica específica, lançando mão de metodologias do campo da Comunicação e da História. Ao abrir a possibilidade de estudar as ações e disputas políticas do século XVII e XVIII pelo ponto de vista da Comunicação, conseguimos pontuar seus usos racionais em um sentido de que haviam disputas simbólicas pelo domínio do saber médico e farmacêutico. Esses eram utilizados como ferramentas de negociações políticas, em um momento de reformas e mudanças, cujas consequências para a Ordem ainda estavam incertas”.


João ressalta que o campo de estudos, cujo qual a pesquisa faz parte, é bastante amplo e existem trabalhos acadêmicos similares acerca de outras épocas e lugares. Sobre a interdisciplinaridade, ele conta que o maior desafio foi se inteirar e aprofundar das teorias da Comunicação, uma área nova para ele.“Mesmo que a área de História também se comunique com metodologias próximas, desenvolvê-las em um escopo metodológico cruzado foi bem complicado no começo”.


Apesar dos desafios implicados na pesquisa, o egresso conta que gosta da área de Educação Superior e quer dar continuidade aos estudos e fazer disso a sua carreira profissional. 


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