
Foto: Grasiela Gonzaga.
Quando criança, Gustavo Longo adorava assistir programas esportivos na televisão ou colecionar jornais e revistas sobre o tema, também amava os Jogos Olímpicos, porque era uma oportunidade de assistir a vários esportes ao mesmo tempo. Essa curiosidade se somou a um talento para escrita e, assim, ele optou pelo curso de Jornalismo da Unesp, no câmpus de Bauru. Hoje, possui o seu próprio site voltado para para cobertura dos Jogos de Inverno: o Brasil Zero Grau. Além disso, teve a oportunidade de ser o técnico temporário da equipe brasileira de Curling, conquistando duas medalhas e a classificação para o campeonato Pan-Continental.
A facilidade com a língua Portuguesa foi percebida por uma professora de sua escola quando Gustavo tinha apenas 14 anos, foi ela que o estimulou a ser jornalista. “Foi uma ideia muito boa porque juntava o meu gosto pelo esporte com meu talento em escrita”, conta o egresso.
Motivado por esse sonho, o jovem passou a se preparar para o vestibular: “Fiz a prova sem grandes pretensões porque minha base era a escola pública e sabia que seria difícil. Mesmo assim, fiquei na lista de espera da Unesp. Isso fez com que eu pagasse um ano de cursinho pré-vestibular porque sabia que, com um ano a mais de preparação, eu poderia passar na Unesp e assim foi! Entrei em março de 2007 no curso noturno de Jornalismo”.
Logo que entrou na Unesp, o estudante não perdeu tempo e já começou a fazer parte do Grupo de Estudos em Comunicação Esportiva e Futebol (GECEF), auxiliando a Profa. Dra. Sandra Turtelli, que organizava o grupo. A partir de então, passou a se aproximar cada vez mais de sua paixão por esportes.
O interesse em Esportes de Inverno e Curling
Gustavo conta que desde garoto gostava de esportes diferentes e que não tinham tanta visibilidade na mídia, essa curiosidade se manteve durante a sua vida adulta.
Quando ele começou a pensar em temas para seu TCC, percebeu que queria fazer algo original. O jornalista comenta: “Naquele ano aconteceria a Copa do Mundo na África e o centenário do Noroeste, time de futebol em Bauru, mas teriam vários projetos semelhantes. Conversando com a Profa. Sandra, ela simplesmente comentou: ‘Em 2010, também acontecerão os Jogos Olímpicos de inverno’. Ela ressaltou que teria uma transmissão histórica da Rede Record. Era tão óbvio! Se eu queria falar de esportes diferentes e que ninguém abordava, deveria fazer um projeto sobre os brasileiros nos esportes de inverno”.
O seu TCC se tornou um livro reportagem, sob orientação do Prof. Dr. Zeca Marques, e o trabalho fez com que ele desenvolvesse amizades com os atletas que praticavam esportes de inverno e Curling.
O unespiano se formou e ingressou como jornalista esportivo no Jornal Bom Dia, mas acompanhava nas redes sociais as publicações dos atletas brasileiros com os quais tinha feito contato. Ao ler essas postagens, um incômodo passou a crescer em Gustavo.
“Eu via, constantemente, eles postando que estavam embarcando para competições e não tinha uma linha sequer sobre isso em nenhum meio de comunicação esportivo. Nada! Nem mesmo em sites que se dedicavam aos Jogos Olímpicos. Os jornalistas brasileiros simplesmente ignoravam os Jogos Olímpicos de Inverno, mesmo com toda audiência que a Record obteve na transmissão em 2010”.
A partir dessa percepção, ele tomou a iniciativa de começar a fazer a cobertura dos Jogos de Inverno e, em 2012, criou o blog Brasil Zero Grau. Hoje, o jornalista mantém o site como hobby, pois não há retorno financeiro.
O que é Curling e como Gustavo se tornou um técnico temporário
Neste ano, o atleta Sergio Mitsuo Vilela, que participou do primeiro Campeonato Brasileiro de Curling disputado no país, convidou o jornalista para ser seu técnico. O atleta visava ter alguém para dialogar sobre táticas e desempenho pós-jogo e Gustavo é um dos poucos brasileiros com conhecimento sobre táticas e estratégias no Curling.
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Egresso atuando como técnico temporário da seleção brasileira de Curling, junto com o atleta Sergio Mitsuo Vilela. Foto: Grasiela Gonzaga.
“Confesso que quando ele comentou comigo sobre essa ideia, achei que era brincadeira. Mas depois de alguns dias, ele insistiu e eu vi que era sério. Eu pensei bem e era uma oportunidade única e acabei aceitando. Ele me colocou como técnico tanto da dupla mista que ele estava, quanto da equipe masculina”. No campeonato brasileiro a dupla conquistou a medalha de bronze e a equipe ficou com o ouro.
Dessa forma, a equipe foi selecionada para representar o Brasil no Pan-Continental de Curling. Entretanto, por motivos burocráticos, Gustavo não pôde acompanhar a equipe no campeonato, pois não possui a certificação internacional de treinador.
A pista de gelo de Curling não é lisa como a da patinação, existe atrito. O esporte, que pode ser praticado em duplas ou equipes, consiste em lançar uma pedra de granito de 20 kg no alvo. Uma pessoa faz o lançamento enquanto outras “varrem” o chão para alisar o gelo, isso afeta a velocidade e direciona a pedra para o alvo. Foto: Grasiela Gonzaga.
Cobertura jornalística em Jogos Olímpicos de Inverno
Em 2014, o jornalista foi convidado para comentar os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi (Rússia) para a Record News, o que auxiliou a impulsionar o seu trabalho. Já, nas Olimpíadas de Inverno de PyeongChang em 2018 (Coreia do Sul), o jornalista contou com o auxílio de amigos e empresas para custear a viagem. Sozinho, como freelancer, realizou todos os processos de credenciamento nos jogos. Depois, ele também foi convidado pela Folha de S. Paulo para escrever algumas matérias.
“Toda a experiência lá, de se locomover entre as arenas, conversar com jornalistas de fora, atletas, etc. Foi muito legal! Em 2018, ainda, eu cobri com mais afinco a história do time feminino da Coreia do Sul, que competiu de forma unificada com a equipe da Coreia do Norte, foi bem bacana”.
Já em 2022, para cobrir a Olimpíada de Inverno de Pequim (China), o egresso fez uma parceria com o site Olimpíada Todo Dia, que o auxiliou com a estadia e com a credencial de imprensa.
Devido a Covid, a experiência nesses jogos foi diferente das anteriores: “Não tínhamos contato com torcedores, ficávamos mesmo numa bolha, mas a convivência com jornalistas de fora foi bem legal e poder conversar com os atletas brasileiros também foi bacana”.

Gustavo nas Olímpiadas de Inverno em Pequim (China). Foto: arquivo pessoal do egresso.
O unespiano declara: “Toda essa caminhada começou com meu TCC. Ainda que tenha sido um livro-reportagem, permitiu que eu entrasse em um nicho que ainda é pequeno, mas que aumenta de interesse e que me fez estar na vanguarda entre jornalistas, atletas e torcedores. Se hoje eu sou reconhecido pelo trabalho com esportes de inverno, devo tudo ao trabalho de conclusão de curso na Unesp”.
Futuro e passado do egresso
Gustavo conta que a sua profissão é o Jornalismo e é nessa área que ele se enxerga em um futuro próximo e, também, que se dedica diariamente. O desejo de se aprofundar em cursos como técnico de Curling existe, mas também há o empecilho do “tempo e dinheiro” para concretização desse sonho.
Sobre seu passado, o jornalista comenta que toda a experiência vivida na Unesp foi fundamental:“A Unesp foi, sem dúvida, a parte mais importante da minha vida. Chega a ser clichê falar que a universidade te amadurece, mas é verdade mesmo. Eu entrei na Unesp com 19 anos e, em quatro anos, me transformei completamente. Com tudo o que vivenciei ao lado dos colegas e professores, eu entrei como um garoto e saí como um homem”.
Ele conclui: “Foi na Unesp que desenvolvi várias ideias e visões que hoje norteiam minha vida, não apenas profissional, mas também pessoal. Graças à Unesp eu construí uma carreira sólida, mesmo com todas as dificuldades da carreira em Jornalismo, consegui aprofundar meu conhecimento, que me permitiu fazer um mestrado na USP. Também construí minha família com minha esposa Cristina e pude cobrir edições dos Jogos Olímpicos de Inverno, já me preparando para a terceira, em 2026. Foram quatro anos que jamais esquecerei”.