
Mateus Alves Bertoni se formou em Ciência da Computação na Unesp em 2017, no câmpus de Bauru, onde também se tornou mestre na mesma área. Hoje, ele é engenheiro de software da empresa Rx Redefine, cuja sede é na Califórnia (USA). O egresso, com sua bagagem acadêmica e profissional, compartilhou com a equipe do Alumni Unesp sua visão sobre o mercado de trabalho em Tecnologia e separou dicas para quem deseja ingressar em um curso voltado para essa área.
O unespiano cresceu na cidade de Bauru, por isso conta que desde cedo já sabia da existência e qualidade de ensino da Unesp, mas a escolha de seu curso universitário não foi tomada da noite para o dia: “Sinceramente, cursar Ciência da Computação na Unesp não era uma certeza que tinha na vida. Decidir, aos 17 anos, qual carreira você vai querer ter para o resto da vida é extremamente desafiador, especialmente considerando que, normalmente, nessa época ainda não conhecemos tão bem nossos gostos e aptidões. No Ensino Médio, pesquisei sobre cursos, universidades e profissões, já imaginando como seriam minhas opções de progressão de carreira dentro de 5, 10, 15 anos. O resultado disso se resumiu em alguns cursos de Engenharia e, claro, Ciência da Computação aqui na Unesp”.
Mercado de trabalho na área de Tecnologia
Em 2023, quem utiliza a internet ou as redes sociais percebeu o surgimento de novas ferramentas de Inteligência Artificial (IA). Em paralelo, neste ano, grandes empresas de Tecnologia, como a Meta, a Amazon, o Twitter, entre outras, demitiram funcionários de forma massiva. Esses fatos geraram anseios em relação ao futuro dos profissionais de Tecnologia e, também, de demais áreas de trabalho que temem ser substituídos pela IA.
Entretanto, o engenheiro afirma que ainda há muito espaço para trabalhar na área de Tecnologia, principalmente, para pessoas dispostas a aprender, com boa comunicação e focadas na resolução de problemas.
“Também não me preocupo com o avanço da Inteligência Artificial. Penso nela como uma ferramenta que está ao nosso dispor e que devemos aproveitá-la ao nosso favor. Uma das coisas que buscamos na Engenharia é a otimização de recursos: obter o melhor resultado possível com o menor gasto de recursos. Por exemplo, um engenheiro civil pode realizar seus cálculos utilizando lápis e papel, claro, mas já existindo a calculadora, por que não usá-la? Vejo a Inteligência Artificial como a calculadora, sendo uma ferramenta que está aí para nos auxiliar em nossos processos, otimizar nosso tempo com tarefas repetitivas e permitir que nós, humanos, foquemos nossa capacidade cognitiva em decisões importantes, utilizando dados fornecidos pelas ferramentas empregadas”.
Dessa forma, ele se mantém otimista com a situação atual do mercado em Computação,
mas ressalta que as mudanças continuarão acontecendo e, por isso, os profissionais da área precisam estar sempre prontos para se adaptar quando for preciso.
Quais os benefícios de cursar Graduação e Mestrado na área de Computação?
O mercado em Tecnologia não é tão tradicional, a contratação costuma ser como prestador de serviço ao invés de regime CLT. Além disso, existe um grande número de contratações de profissionais que não possuem diploma ou não concluíram a graduação.
Mateus explica que isso ocorre porque as empresas valorizam a capacidade prática de resolução de problemas. Portanto, se um profissional é capaz de solucionar o que é requerido, ele poderá trabalhar sem possuir um diploma. O egresso reforça a necessidade do profissional ser dedicado, atento aos detalhes e disposto a aprender, essas características são benéficas para que um trabalhador se destaque: “conheço programadores e engenheiros de software que não terminaram a graduação e são exímios profissionais”, afirma.
Entretanto, ele também ressalta os benefícios de se completar uma graduação em Tecnologia ou Computação: “Na minha experiência pessoal, acredito que ter feito Bacharelado e Mestrado na área foi essencial para aprimorar minhas capacidades lógicas de compreensão de problemas complexos e abstratos, de resolução de problemas e de generalização de padrões (sendo todos esses pontos são necessários em nosso cotidiano como engenheiro de software). Sinto que ter tido essa formação acadêmica, literalmente, formou em mim um pilar de raciocínio extremamente lógico, baseado em observação, fatos e experimentos que considero importantíssimos, tanto no âmbito profissional quanto no pessoal”.
Além disso, ter realizado um mestrado acadêmico também o auxiliou a conseguir oportunidades. Pois quando saiu da graduação se deparou com vagas que ofereciam um salário menor em relação ao trabalho requisitado ou com empresas que exigiam pós-graduação, mas ofereciam remunerações maiores.
“Quando me formei, havia acabado de escrever meu TCC na área de Segurança da Informação e tinha a forte sensação de que queria seguir trabalhando nessa área. Porém, não haviam tantas empresas em Bauru, em 2017, com departamentos focados na área, uma vez que é uma carreira bem específica. Na época, o trabalho remoto ainda era algo muito distante e incomum”.
Esse cenário acabou motivando a escolha do egresso pelo mestrado. Em sua pesquisa, Mateus estudou a tendência de muitas instituições basearem seus processos e armazenarem seus dados de maneira digital, o que acaba criando uma dependência das organizações perante a Computação. Na internet, a informação confidencial a respeito de instituições ou empresas pode ser ameaçada, os sistemas podem ser invadidos e pode haver vazamento de informações. Assim, a área de Segurança da Informação passou a ser cada vez mais essencial.
Dicas para quem deseja atuar na área e cursar Unesp
Antes de tudo, o engenheiro desmistifica a necessidade do estudante ter que ser ótimo em Matemática para ingressar na área: “Ao contrário do que muitos podem pensar, eu não levava jeito com as matérias de Exatas. Acho importantíssimo desbancar a falsa percepção que algumas pessoas podem ter de que é necessário ser um ‘gênio’ da Matemática para fazer um curso de Exatas, assim como também não é necessário saber programar antes de entrar no curso”.
Outro ponto que ele ressalta, é que muitos entram no curso por gostar de videogame e isso pode acabar gerando frustrações. “Digo porque vi muitos entrarem no curso por causa disso e se desiludiram rapidamente, abandonando logo no primeiro ano”.
Ele também explica que, nesse tipo de curso, o estudante precisa ser independente para buscar aprender o que está em alta no mercado de trabalho, pois a academia não apresenta as tecnologias mais atuais: “cabe ao aluno ser dedicado e correr atrás dos seus objetivos. Mas isso não diminui em nada o valor do curso. Porque a graduação vai te ensinar a base matemática e lógica necessária para você conseguir aprender qualquer tecnologia no futuro”.
O unespiano também deixa uma última dica que não é menos importante que as demais: “Por fim, independente de vir para a Unesp ou qualquer outra universidade, acho extremamente importante salientar que o período como estudante universitário na vida é curtíssimo e deve-se sim estudar muito e se dedicar, tirar notas boas, fazer projetos que se orgulhe e etc., mas jamais deixe de aproveitar os aprendizados que só se encontram fora da sala de aula. Faça amizades, pratique esportes, monte uma banda, participe da Atlética, Torcida Organizada, qualquer coisa. Vão existir momentos de dificuldade durante sua graduação e esses elos externos são de extrema ajuda nesses casos”.
Ele conclui: “Eu sou muito próximo de vários colegas de sala, veteranos e calouros que a Unesp me deu, inclusive todos meus empregos até hoje vieram por indicação deles. Então posso afirmar que equilíbrio é tudo: estude, tire notas boas, mas aproveite todas experiências que esse curto período pode te oferecer! Gosto muito de ter feito Unesp e não me arrependo em absolutamente nada”.
O egresso também se coloca à disposição para tirar dúvidas ou conversar sobre a Unesp, para entrar em contato com Mateus, basta acessar o seu perfil no Linkedin.