
Pedro Maziero é natural de Tupã, no interior de São Paulo. Em sua fase pré-vestibular, ele ainda estava confuso em relação ao curso que prestaria. Na época, ele tinha um canal no Youtube para falar sobre livros. Assim, ao se deparar com o currículo da disciplina de Jornalismo na Unesp, ele se identificou com matérias como “redação, fotografia e audiovisual”. Hoje, ele atua como assistente de Comunicação no Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).
“A minha decisão pela Comunicação pegou todos os meus amigos e familiares de surpresa, já que eu nunca tinha falado sobre o curso e era mais tímido, o que foge do perfil clássico do estudante de Comunicação, mas acho que foi uma decisão acertada! É realmente um curso com matérias muito legais e que permite que pessoas com interesses múltiplos possam transitar por áreas diferentes ao longo da formação acadêmica e na atuação profissional”, relembra o unespiano.
Atualmente, em seu trabalho na ONU, Pedro tem uma atuação dinâmica que envolve textos, fotos, vídeos e redes sociais. “Uma das coisas que mais gosto na vaga, é poder ter um perfil mais generalista. Faço um pouco de tudo relacionado à Comunicação. Tenho a impressão de que esse caráter mais generalista é comum em vagas de Comunicação em organismos internacionais. Então, quem tem esse perfil, pode se adaptar muito bem a essas vagas”.
A bagagem para conseguir atuar em diversas atividades foi criada na faculdade e durante um período de dificuldades profissionais, após a formatura de Pedro. “As oportunidades não apareciam”, comenta o egresso. Assim, após a graduação, ele se dedicou a fazer projetos como freelancer, fazendo trabalhos em Design e edição de vídeos.
“Por mais que não fosse uma renda expressiva, era uma renda, e acabou contribuindo para que eu vivesse um período de indefinição depois de concluir o curso. Então, eu fui tocando os trabalhos freelancer até, eventualmente, surgir uma oportunidade de estágio que me interessou, no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A vaga era em Brasília, uma cidade que eu jamais havia visitado e jamais havia pensado em morar, mas me candidatei, passei e fui, já de mudança, sem conhecer ninguém na cidade”, relembra.
A atuação profissional em uma Organização Internacional
Pedro conta que depois que começou a atuar como estagiário no PNUD, ele se deu conta da existência de um mercado de trabalho abrangente. “Na vivência do estágio, pude conhecer pessoas de várias formações que estavam construindo carreiras muito interessantes nessa área. Depois de uma experiência frustrada na iniciativa privada, decidi que queria voltar minha atenção para algo mais próximo ao setor público, ao terceiro setor e aos organismos internacionais”.
O egresso comenta que por mais que nunca tivesse cogitado trabalhar em uma Organização Internacional, percebeu que essa atuação dialoga com seus interesses. Além de uma atuação dinâmica dentro da Comunicação, ele também se interessa por assuntos como política internacional, gestão pública, direitos humanos e questões sociais.
Em seu trabalho na UNODC, Pedro está ligado a um projeto na área de crimes ambientais, que desenvolve diversas atividades para contribuir com a cooperação regional na bacia Amazônica, a fim de fortalecer a resposta desses países a crimes como o tráfico de animais e o desmatamento ilegal.
Dicas para quem deseja atuar em Organizações Internacionais
Pedro conta que, às vezes, as pessoas não se inscrevem em programas das Nações Unidas, pois as vagas são para voluntários. Entretanto, nesses programas os voluntários recebem ajudas de custo.
“Sou Voluntário das Nações Unidas (UNV), mas apesar de ser voluntário, recebo uma ajuda de custo que me permite arcar com todas as despesas necessárias para me sustentar, sendo bastante próxima aos salários praticados no mercado. Gosto de destacar isso porque, ao buscar por uma vaga em organismo internacional, muitas pessoas não consideram o UNV. Entretanto, a ajuda de custo permite, sim, que o voluntário desempenhe suas funções em tempo integral e sobreviva com conforto e segurança. Ainda por cima, há muitas oportunidades incríveis disponíveis por meio desse programa de voluntariado”, explica o egresso.
Para quem deseja atuar na área, o jornalista afirma que é um mercado de trabalho viável. Ele ressalta que a área da Comunicação também é demandada pelo setor público, pelo terceiro setor e por organizações internacionais, não apenas pelo setor particular.
Entretanto, o egresso destaca que as contratações são exigentes e pedem currículos com uma vasta formação acadêmica. Além disso, algumas experiências iniciais não são remuneradas, requerendo um suporte financeiro no começo. Possuir nível avançado em inglês e outras línguas, como espanhol ou francês, também pode ser um fator decisivo em um processo seletivo. Sobre formas de ingresso, Pedro afirma que já existem algumas ações afirmativas e criação de mais estágios remunerados, para facilitar o acesso às vagas.
O unespiano também apresenta algumas dicas práticas sobre onde encontrar vagas. Ele destaca o perfil no Instagram da @onubrasil, que faz publicações das vagas abertas nos diferentes fundos, agências e programas da ONU. O site UNjobs, que divulga oportunidades de voluntariados. Além disso, há o perfil @riworksunesp, criado por um grupo de pesquisa da Unesp na área de Relações Internacionais, onde também são divulgadas possibilidades de emprego diversas.
Ele explica que existem dois tipos de voluntariados: os presenciais, que possuem bolsa, e os virtuais, que não possuem. A diferença é que os voluntariados online têm períodos mais curtos de tempo, com tarefas específicas.
“Os voluntariados virtuais são uma excelente oportunidade de adquirir experiência no Sistema ONU e fazer contatos, sem necessariamente precisar cumprir um horário específico. Há diversas vagas desse tipo para Design, edição de vídeo, tradução e revisão”.
O egresso ressalta que existem peculiaridades nos processos seletivos de Organizações Internacionais. "É preciso se atentar com o formato dos documentos que serão enviados. As entrevistas também seguem um formato próprio, conhecido como ‘entrevista baseada em competências’. Não estar familiarizado reduz muito suas chances de ter um bom desempenho, mas não é nenhum bicho de sete cabeças e tem muita informação disponível na internet, basta se preparar”, explica.
Sobre sua formação na Unesp, Pedro destaca o aprendizado prático dos projetos de extensão que participou durante a graduação: “Participei de dois projetos em que desempenhava funções muito próximas às que desempenho hoje. Foi no cotidiano desses projetos, na experiência prática do dia-a-dia que se deu muito do aprendizado que carrego até hoje”.
Além disso, ele ressalta que teve acesso a uma formação cidadã, sendo a primeira oportunidade de aprender sobre assuntos que ainda não tinha contato. Essa experiência o auxiliou a ter uma compreensão das questões políticas e socioeconômicas brasileiras, que são assuntos que se relacionam com a sua profissão atual.