
Durante uma conversa com sua professora do Ensino Médio, também egressa da Unesp, Lucas Henrique Tavano decidiu que a próxima etapa de sua vida seria o curso de Física no câmpus de Bauru. Após a sua aprovação no vestibular, o estudante logo ingressou na pesquisa por meio de uma Iniciação Científica (IC). Essa escolha acabou resultando em um mestrado e doutorado em andamento na área de Educação para a Ciência.
O egresso conta que sempre estudou em escolas públicas em São Manuel (SP), sua cidade natal. Seu Ensino Médio foi cursado em ensino integral e a escola possuía disciplinas cujo foco era incentivar os estudantes a buscarem um curso superior, tais como “Projeto de Vida” e “Preparação Acadêmica”.
Também foi nessa época que sua professora destacou para ele os pontos positivos de se estudar Física e ressaltou que a Unesp era uma universidade pública reconhecida e presente em todo o Estado de São Paulo.
Experiência na universidade: os caminhos para se tornar um pesquisador
O interesse pela área acadêmica acabou sendo despertado durante sua graduação. Além disso, Lucas foi incentivado por um amigo de sua sala que pretendia começar uma IC e o estimulou a fazer o mesmo. A partir de então, a experiência na iniciação científica foi um divisor de águas na vida profissional do egresso.
“Participei de uma IC, com bolsa, na área de Ensino de Ciências, sendo orientado pela professora que, posteriormente, se tornou minha orientadora de TCC e, também, de mestrado. Muito da motivação para ingressar no mestrado decorreu dessa iniciação científica e do incentivo e ajuda de minha orientadora, somado ao fato de certa realização pessoal por ingressar na vida acadêmica”, relembra o físico.
Apesar das dificuldades de cursar um mestrado durante a pandemia de Covid-19, o egresso afirma que foi uma experiência enriquecedora. “Um aprendizado que acredito ser muito relevante para mim é a questão de como ocorre a pesquisa na área de Ensino e Educação. Geralmente, se tem uma concepção simplista de que a pesquisa serve apenas para testar hipóteses por meio de experimentos e que tem seu fim na descoberta de uma verdade oculta. Hoje, entendo que a pesquisa está muito mais relacionada a conjecturas internas ao corpo de conhecimento, a descrições, pressupostos, referenciais teóricos, modelos, do que a descoberta baseada em observações neutras e desinteressadas. O que, para mim, a torna ainda mais importante de ser estudada, como parte da cultura humana”.
Lucas ressalta que a Ciência também é uma forma de comunicação, portanto tão importante quanto o conteúdo do trabalho é a forma como este está sendo apresentado. Além disso, ele comenta: “Ao cursar algumas disciplinas, pude compreender a amplitude da área de pesquisa em Ensino de Ciências, bem como pude ter, mesmo que um pouco, conhecimento das diferentes vertentes. Os processos de ensino e de aprendizagem são muito complexos e podem ser estudados de inúmeras formas, desde de maneira interna, cognitivas, até considerando abordagens contextuais, de críticas ao modelo de sociedade em que vivemos”.
Dicas para quem deseja ingressar na pós-graduação
O doutorando comenta que as pessoas são diversas, assim é um desafio pensar em dicas que auxiliem a todos, mas, de forma geral, o pesquisador separou algumas orientações que ele gostaria que lhe fossem dadas no início do mestrado:
“Em primeiro lugar, escolha um tema e elabore um pré-projeto bem estruturado, caso o programa de pós-graduação que você pretende cursar necessite de um para o processo seletivo (como é o caso do Educação para a Ciência). Para isso, considere ler publicações na área, faça buscas em revistas e, se possível, solicite o auxílio de colegas e professores com os quais você tem contato. É um passo muito importante aprender a ‘conversar’ com a área”.
Outra dica do pesquisador, é que logo após a aprovação na pós-graduação, o discente deve buscar os documentos do regulamento interno e compreendê-los. Nesses documentos estão todos os prazos e atividades que devem ser cumpridas durante o curso.
“A terceira dica é nunca se distanciar de seu orientador por longos períodos. Lembre-se, o orientador só poderá ajudar de forma satisfatória se estiver inteirado do andamento dos estudos. Além disso, enquanto pesquisador mais experiente, o orientador pode antecipar as consequências de várias decisões tomadas no decorrer da pesquisa. Vale destacar também que o docente tem suas próprias atividades, de ensino, pesquisa, extensão e gestão e está em constante avaliação”, afirma Lucas.
Outro ponto destacado por ele é que um curso de dois anos, como o mestrado, pode gerar a falsa ilusão de que há muito tempo para conseguir concluir todos os requisitos. Entretanto, é preciso saber que ele passará rápido. Assim, recomenda-se colocar prazos realistas e recortes de tempo mais enxutos.
Lucas vê a Unesp como uma etapa fundamental para sua formação: “considero que já faz parte de mim como um ideal de universidade pública, para ser melhorada e defendida”. Ele destaca que a universidade, além de ampliar conhecimentos teóricos e práticos, possibilita um ambiente de formação e socialização, em que as pessoas aprendem coletivamente. A Unesp contribuiu para que eu pensasse nela com mais seriedade e que a mantivesse sempre no horizonte”.
No horizonte profissional de Lucas, está a sua vontade em concluir o doutorado e se manter na carreira acadêmica, atuando no Ensino Superior e em pesquisas científicas: “Sei que será um desafio, mas estou confiante em alcançar essas metas”, conclui o egresso.