
Tatiana Aoki é graduada em Jornalismo pela Faculdade de Artes, Arquitetura e Comunicação (FAAC) da UNESP, câmpus de Bauru. Atualmente, ela é CEO da Aoki Media, uma empresa de mídias digitais com diversas parcerias internacionais, entre elas com o Japão, país do qual ela é descendente.
A jornalista fundou a empresa Aoki em 2013, antes disso já havia trabalhado com redes sociais para o grupo Abril e para a Cybozu, uma empresa de softwares do Japão. A sua conexão com o país permeia a história pessoal e profissional de Tatiana, que é neta de japoneses, ou seja, é sansei: nome dado para quem pertence a terceira geração de japoneses imigrantes, sendo Issei a primeira e Nissei a segunda geração.
“Minha conexão com o Japão sempre foi presente, porém, ficou bem mais fortalecida após minha primeira ida ao Japão, em 2005. Senti uma conexão muito marcante quando pisei lá e, automaticamente, passei a me interessar pelo país, seja pelo aprendizado do idioma e tendo amigos japoneses. Em 2008, fui morar lá e trabalhar com mídias sociais em Nagoya”, conta a unespiana.
Além dessas experiências, em 2015 ela foi selecionada pelo Ministério das Relações Exteriores do Japão para uma bolsa do programa do Gaimusho, que oferece aos descendentes japoneses a oportunidade de visitar o Japão. O objetivo é que os participantes do programa divulguem sobre cultura, atualidades e política japonesas para as pessoas do país que residem.

Tatiana Aoki no Japão com o ex primeiro-ministro Shinzo Abe, em 2015. Foto: Arquivo pessoal de Tatiana Aoki

Jovens selecionados pelo Programa Gaimusho Foto: Arquivo pessoal de Tatiana Aoki

Foto: Arquivo pessoal de Tatiana Aoki
A criação do Podcast Japão sem Escalas
Recentemente, em junho deste ano, Tatiana reforçou ainda mais seus laços com a cultura japonesa com a criação do podcast “Japão Sem Escalas”. O projeto tem o apoio do institucional do Consulado Geral do Japão em São Paulo e é uma oportunidade para brasileiros aprenderem sobre o tema e se aproximarem mais do país.
O podcast é realizado de uma forma coloquial que prende a atenção do ouvinte. Os episódios abordam temas como representatividade, cultura, política, culinária e também sobre tempo atual que estamos vivendo: a pandemia do Coronavírus.
A atriz, roteirista e diretora Danni Suzuki foi uma das entrevistadas do podcast, ela tratou de temas como a representação nikkei (imigrantes japoneses) na mídia e nas artes brasileiras e falou sobre sua carreira e experiências que viveu como atriz. Entre os entrevistados famosos, também está Maurício de Souza que, junto com André Kondo, conversou sobre a influência das narrativas e estilo japonês nos quadrinhos. Em outro episódio o Cônsul Geral do Japão em São Paulo, Yasushi Noguchi foi entrevistado para conversar sobre as lições que podemos aprender com o povo japonês para superar períodos de exceção, como a pandemia do novo coronavírus.

Episódio de "Japão sem Escalas" com Danni Suzuki. Foto: criação Aoki Media
Tatiana Aoki conversou com a equipe do Alumni sobre sua trajetória profissional, sua descendência japonesa e sua relação com a Unesp. Confira:
Alumni: O que te levou a criar a Aoki e quais eram seus medos e desafios na época?
Tatiana: Foi em 2013. Eu estava fazendo mestrado na USP e trabalhando na Editora Abril com mídias sociais. Quando comentava meu emprego, notei que muitas pessoas me pediam para fazer o serviço de mídias sociais para a empresa deles. identifiquei essa oportunidade e percebi que poderia me dedicar a isso por conta. Pedi demissão da Abril e, em seguida, a própria Abril virou minha cliente. Na época fiquei com medo, mas na verdade o que aconteceu é que, em poucos meses, tive que contratar minha primeira assistente, para dar conta dos serviços que começaram a surgir. O principal desafio foi delegar, pois eu fazia tudo sozinha. Fui entendendo como funciona o processo de delegar para focar no que mais importa, que é a inovação da empresa.
Alumni: O que você pensa sobre sobre os estereótipos dos japoneses no Brasil?
Tatiana: Olha, pra ser sincera, os estereótipos dos japoneses no Brasil são em geral positivos, tive poucos casos em que me senti desfavorecida por ser descendente de japoneses. Acredito que as gerações anteriores sofreram mais preconceito por serem descendentes e sei que ainda, infelizmente, algumas pessoas passam por isso, mas creio que seja bem menos que no passado. Fico feliz em poder contribuir com essa visão positiva, mas sempre pensando que também é uma responsabilidade manter a boa imagem dos japoneses no Brasil, e eu sou parte disso.
Alumni: O que você pensa sobre a representatividade japonesa na mídia brasileira?
Tatiana:Temos um problema grande de representatividade de diversos grupos na nossa mídia. Os nikkeis são cerca de 2% da população brasileira e há também uma sub-representação quando olhamos para esse grupo. Sem dúvida, eu gostaria de ver mais rostos nipônicos na TV.
Alumni: Como a Unesp influenciou na sua formação pessoal e profissional?
Tatiana: Eu tenho muito, mas muito orgulho mesmo de ser unespiana. Amo os meus amigos da sala, nos falamos quase que diariamente até hoje. Meus melhores amigos são da Unesp, é uma experiência que recomendo a qualquer jovem que está decidindo a onde estudar. Quanto ao profissional, também me influenciou, pois vários professores foram primordiais na minha formação, como o Marcelo Negrão - que atuava com comunicação em rede, assunto do qual é o meu dia a dia - e o Célio Losnak, que foi meu orientador de pesquisa acadêmica.