
Eduardo Gianesella iniciou sua carreira musical cedo, aos 11 anos já frequentava o Conservatório de Tatuí (SP), onde estudou Percussão até os seus 18 anos. Provavelmente, na infância e adolescência ele não conseguiria imaginar o quão longe a música o levaria, pois o levou para conhecer o mundo. Hoje, Eduardo é bacharel em Percussão pela Unesp, mestre em Música pela Universidade de Rochester (NY - EUA) e doutor em Musicologia pela USP. Além disso, ele também integra a OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo). A história do músico está muito ligada com a evolução do curso de Percussão da Unesp, que ele acompanhou no início como aluno e, há 27 anos, como professor.
O percussionista é natural de Tatuí, “eu tive a sorte de nascer lá”, conta. Porque na cidade, que é famosa pelo seu conservatório, é comum que as crianças ingressem na música como um hobby. Assim, a princípio, o músico levava a percussão como um passatempo, que logo se tornou uma paixão. Aos 18 anos, na hora de escolher uma faculdade, “eu já estava totalmente tomado e viciado na música”, afirma. A escolha pela Unesp ocorreu porque na época já era o principal curso de Percussão do país e, por ser em São Paulo, havia também a orquestra OSESP, onde posteriormente Eduardo ganharia o concurso "Jovens Solistas".
Sobre o instrumento, Eduardo explica: “no caso da Percussão, são literalmente centenas de instrumentos que existem. A gente sempre acaba se especializando mais em algum campo, alguns vão mais para bateria, outros vão mais pra música popular, que abrange a Percussão latina ou brasileira, dentro da música brasileira ainda há outras especificidades, como o samba. Eu, apesar de tocar vários tipos de música, toco mais a percussão sinfônica que possui vários instrumentos, desde os teclados, como xilofone, vibrafone, marimba, até os tambores e os pratos. Há, também, as castanholas, pandeiros, triângulos, etc. Além da sinfônica existe a Percussão contemporânea, que sempre me fascinou, uma música mais experimental, que é outro tipo de música que toco bastante no PIAP (Grupo de Percussão do Instituto de Artes da UNESP).

Diversos tipos de instrumentos de percussão que compõem uma orquestra sinfônica. Foto: arquivo pessoal de Eduardo.
PIAP: o grupo de Percussão da Unesp que venceu concursos nacionais e participou de turnês mundiais
Eduardo é codiretor do PIAP, junto com o diretor Carlos Stasi. O grupo existe desde 1978 e foi fundado por John Boudler, um músico estadunidense que também criou o curso de bacharelado em Percussão do IA. Boudler em 1977, aos 23 anos, ganhou o mais alto prêmio para Percussão solo no Concurso Internacional de Munique, Alemanha. O artista, que é Doutor em Música Artística pelo Conservatório Americano de Música de Chicago, veio para o Brasil e se tornou docente do IA. Hoje, é professor aposentado pela Unesp e dirigiu o grupo de Percussão por 35 anos.
A história do Eduardo acompanhou a história do desenvolvimento do PIAP. Em 1986, ele participava do grupo quando eles venceram o principal concurso de música do país, o prêmio Eldorado. “A vitória naquele concurso foi um grande marco, porque foi uma transformação da forma como as pessoas enxergavam a percussão no Brasil”. Devido a premiação, eles saíram em turnê pelos EUA.
Formação do PIAP em 1984. Eduardo Gianesella sentado no chão à esquerda, à sua direita está Carlos Stasi, e em pé no centro está John Boudler, na época, diretor do grupo. Foto: arquivo pessoal de Eduardo.
“Durante a viagem, a gente tocou em um monte de lugares, um monte de universidades, participamos do concerto na PASIC - Percussive Arts Society International Convention, a principal convenção de percussão do mundo. Foram experiências super memoráveis e foi isso que possibilitou a aquisição da primeira leva de instrumentos, porque quando a gente ganhou o concurso, o reitor da Unesp ficou sabendo porque teve notícia na TV, nos jornais e em rádios. Percebendo a qualidade do trabalho, o reitor decidiu investir na primeira grande compra de instrumentos para o curso.

Formação atual do grupo. Pelo PIAP do IA já se formaram 119 percussionistas.Eduardo Gianesella em pé ao fundo e Carlos Stasi agachado junto aos alunos Foto: Rafael Costa.
A música o levou para conhecer o mundo
Eduardo conta que se sente muito agradecido em trabalhar na Unesp e na OSESP, pois geraram possibilidades de muito aprendizado e experiências internacionais. Por trabalhar em ambas instituições, ele teve a oportunidade de tocar em muitas turnês internacionais e nos principais teatros do mundo. China, Japão, Europa, EUA, Canadá e toda a América Latina, essa é a lista de lugares já visitados por meio da música.
“Ainda não tive a oportunidade de tocar na África, que é a mãe de muitos ritmos e instrumentos de percussão, espero que logo eu tenha essa oportunidade também'', conta o músico.
Ficou curioso para ver o trabalho musical de Eduardo Gianesella? Dá uma olhadinha no canal do Youtube da OSESP, lá estão diversas produções musicais que incluem a percussão sinfônica.