Conheça o paleoartista unespiano que estampou a capa da Revista Nature | Alumni Unesp
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Publicado em:
16/01/2021
16/01/2021
Tempo de leitura: 5 min

Conheça o paleoartista unespiano que estampou a capa da Revista Nature
O designer ilustrou a capa da edição de dezembro da revista internacional



O trabalho de Rodolfo Nogueira é como uma viagem no tempo, suas obras nos transportam para um passado de centenas de milhões de anos atrás, quando criaturas enormes andavam pela superfície da Terra: os dinossauros. Rodolfo é designer formado em 2009 pela Unesp, no câmpus de Bauru. No último mês, dezembro de 2020, uma de suas ilustrações (paleoarte) estampou a capa da Revista Nature, uma das maiores revistas científicas do mundo.


Rodolfo tem 34 anos e é um dos únicos paleoartistas no Brasil, ele foi convidado por pesquisadores da USP de Ribeirão Preto, para ilustrar o estudo que seria publicado pela revista. A Nature é uma publicação interdisciplinar da Inglaterra, sua primeira edição foi lançada em 1869 e é uma das revistas mais citadas por estudos acadêmicos do mundo.


A pesquisa publicada pela edição de dezembro é sobre o Ixalerpeton polesinensis, um dinossauro do grupo dos répteis lagerpetídeos, que habitavam o Brasil. Esse animal teria sido precursor dos pterossauros, por isso o nome da matéria é “Path to Flight" (O Caminho para Voar), as informações expostas pelos cientistas fornecem pistas sobre caminho evolutivo dos répteis voadores. O estudo foi realizado pelos cientistas da USP e por pesquisadores internacionais, vindos dos Estados Unidos, Argentina e Reino Unido.


O Ixalerpeton polesinensis viveu há cerca de 230 milhões de anos e foi encontrado na região central do Rio Grande do Sul, no município de São João do Polêsine. Ilustração: Rodolfo Nogueira. 


Ao saber que havia sido escolhido para ilustrar a matéria, Rodolfo conta: "senti uma vibração no peito incrível e transbordou em gargalhadas e gritos. Rsrs! A Alegria era muito intensa, mas não entendi a magnitude do feito no primeiro momento. Agora consigo ver que isso é um marco de reconhecimento não só do meu trabalho, mas também para os ilustradores científicos brasileiros, paleoartistas e ouso dizer que para toda a comunidade científica do país. É certo que praticamente todos os pesquisadores do planeta viram nosso trabalho e souberam do resultado desse estudo, que clareia significativamente o que sabemos sobre os Pterossauros. Isso é reforçar nossa ciência no mapa do mundo. Não tem honra maior que servir meu trabalho a um propósito desse!”


Uma paixão que vem da infância e se transformou em profissão na vida adulta


Rodolfo é de Uberaba (MG), região onde foram encontrados fósseis de dinossauros. “Quando tinha 6 anos, fui levado a um verdadeiro mundo mágico, onde haviam dragões e caçadores de dragões, florestas encantadas, cachoeiras cristalinas e até um templo em homenagem a esses dragões. Esse lugar existe, se chama Peirópolis, é um bairro afastado de Uberaba. Os caçadores de dragões se intitulavam paleontólogos e chamavam os dragões de dinossauros. Essa visita me encantou, cresci então visitando o tal templo dos dragões que se chama “Museu dos Dinossauros da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)” Eu tinha traços de autismo e era muito ansioso com dores de cabeça constantes, na tentativa de me ajudar, minha mãe me colocou em um curso de desenho, aos 11 anos. Obcecado pelos dinossauros e sabendo desenhar, comecei a desenhá-los por toda parte e a sonhar em encher o museu com eles”. 


As habilidades de desenho de Rodolfo só aumentaram e na hora de escolher um curso universitário, procurou cursos que fossem relacionados aos seus objetivos. Encontrou, na Unesp, o curso de Desenho Industrial, que hoje é chamado de Design Gráfico.


O artista sempre foi muito focado em seu sonho, por isso logo no primeiro ano já teve interesse em realizar uma iniciação científica (IC). Felizmente, no câmpus de Bauru há professores de Paleontologia e também, é claro, de Design. 


Rodolfo contatou o prof. dr. Renato Ghilardi, que é chefe do LAPALMA (Laboratório de Paleontologia de Macroinvertebrados), também conversou com o prof. dr. Milton Nakata, que ministra disciplinas de Ilustração. Ambos concordaram em orientar uma IC voltada para a paleoarte, que é uma modalidade da ilustração científica para representar animais extintos, da forma mais acurada e realista possível, aplicando Design à Paleontologia.


O designer explica que a paleoarte era uma área muito recente e que os pesquisadores, em maioria, não tinham consciência da importância da divulgação científica e nem de como a paleoarte ajudaria em relação a essa questão. 


Ele conta que no começo de sua carreira, seus pais estavam preocupados, tinham medo de que sua paixão não conseguisse gerar renda. “Mas comecei a ganhar prêmios no exterior e o volume de trabalho foi aumentando devagar. Abri então uma microempresa e hoje, 10 anos depois de formado, meus trabalhos estão em museus, livros e revistas dos EUA, Alemanha, Portugal, Espanha, Argentina, Georgia e Japão”.


“Nesses quase 15 anos me dedicando à paleoarte, tive honras surreais como receber 12 prêmios internacionais, incluindo 2 prêmios da National Geographic. Ainda recebi um Prêmio Jabuti, que é o “Oscar” da Literatura Brasileira na categoria “melhor Livro Infantil e

Juvenil de 2018” devido ao livro “O Brasil dos Dinossauros”, da Editora Marte em coautoria com Luiz Anelli. Além disso, dei aulas na pós-graduação da Universidade de Aveiro em Portugal. Fiz ilustrações para selos postais, cartões telefônicos, brinquedos, livros didáticos”.


Livro que ganhou o prêmio Jabuti desenvolvido por Rodolfo Nogueira e Luiz Anelli.


O papel da Unesp em sua carreira


Para ele, “a Unesp foi o útero onde minha profissão foi gerada. As disciplinas do curso de Design não me en”formaram”, pelo contrário, elas aumentam meus horizontes de possibilidades criativas. Toda a estrutura física e acolhimento que tive por parte dos professores não só me permitiu, mas incentivou, que eu estudasse uma área tão

nova e rara”


As aventuras do estudante na Unesp incluem um episódio em que quase foi atacado por um jacaré. Rodolfo foi até um viveiro de jacarés na Unesp de Rio Claro para registrar referências de anatomia, ao abaixar a câmera, o animal ficou incomodado com a invasão e quase abocanhou seu braço. 


Além dessa história inusitada, Rodolfo nos contou sobre suas lembranças da Unesp: “saudade mesmo sinto dos meus amigos da 22ª turma de DI PV diurno (Desenho Industrial – Programação Visual Diurno “DI Domina!” dizíamos), dos queridos professores, madrugadas “Nakateando” (como a gente chamava os trabalhos de ilustração do prof. Milton Nakata), os trabalhos surreais do prof. Dorival, a atenção do prof. Sergio Busato, as lições da profa. Bigal... O laboratório de informática apelidado de “Mundo Perdido”, onde aprendi a modelar em 3D. As aulas incríveis que puxei como aluno especial da Biologia, dissecando animais com o prof. Reginaldo Donatelli. Tantos amigos irmãos de “Padokas” e repúblicas. Que saudade!”


Além disso, ele deixa um conselho para os estudantes, futuros profissionais: “penso que precisamos de 3 pilares para realizar qualquer sonho de qualquer tamanho. O primeiro pilar é um tema que você goste de verdade, outro pilar é um propósito de servir ao próximo, causar algo e, por último, precisamos de uma habilidade a ser desenvolvida. Além disso, na minha história pessoal, o apoio de uma instituição, como a Unesp, foi fundamental para eu poder fazer tudo relacionado ao que amo de verdade e ainda me fornecendo o knowhow técnico, científico e conceitual necessário para desenvolver minhas habilidades. Isso foi a chave para eu realizar tantos sonhos tão cedo”.








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